domingo, 25 de agosto de 2019

Paixão, desejos e memória fraca

Acordar em um domingo pela manhã, o primeiro a levantar, adiantar os trabalhos da segunda-feira, fazer um café bem forte, lavar uma pilha de louças, sair para pedalar, tentar se conectar o máximo possível com a natureza - da forma como a cidade grande permite. Nada disso foi suficiente pra amenizar a ressaca moral de quem está se afundando em si mesmo por não saber lidar com coisas que parecem tão simples.

Eu estou apaixonado, novamente, e apesar de parecer o contrário, isso acontece de forma eventualmente rara. Na verdade, posso contar nos dedos de uma mão quantas vezes isso rolou nos últimos seis anos. Só que tem o seguinte: paralelo a isso, questões como a minha memória fraca e os desejos constantes se tornam um problema difícil de enfrentar.

Eu, assim como muitos outros seres humanos, não pareço aprender muito com os erros, e esqueço o que fiz e poderia melhorar (pelo menos até escrever aqui, o que já ajuda um bocado) e também não costumo abdicar dos meus desejos - os sexuais principalmente - o que me faz me sentir uma pessoa hipócrita, dissimulada e confusa, quando quero me relacionar com outro homem de forma monogâmica.

De uma coisa eu tenho certeza, eu gosto da pessoa pela qual me apaixonei, simplesmente por que me parece recíproco e verdadeiro. Eu também sei que gosto por razões pessoais que me fizeram cativar e ser cativado de uma forma orgânica e espontânea, o que não aconteceu comigo em anos. Quando eu olho para os últimos dias que me fizeram alimentar esse sentimento, meu coração se enche de esperança e positividade.

Mas, novamente, ao falar dos problemas, me pego num beco sem saída. Parece difícil manter próxima a pessoa pela qual você se apaixonou, quando se está assolado por tanto erro, e que esses erros podem machucá-la muito. Já me dói o coração, o que está tudo bem enquanto meu amante não se fere.

Falar em dor e feridas, aliás, me faz ir ao ápice da minha preocupação: tendo em vista que não aprendi muito, nestes últimos anos, e atribuo isto romanticamente à minha memória fraca, e tendo em vista que tenho dificuldades enormes em abdicar dos meus impulsos quando eu sinto que eu e somente eu deveria não fazer algo e faço, esses fatores fazem com que a paixão se torne um pouco tóxica.

Eu não costumo confiar muito em mim, mas acho que escrevendo aqui, é como se eu pontuasse e reforçasse no que preciso melhorar, de novo e de novo. Talvez assim, eu possa manter essa paixão de forma pacífica e agradável, resultando em uma experiência feliz, dure ela ou não.

Eu não quero nem pensar que eu talvez possa ter desistido de ser alguém melhor. Eu tenho esperanças, eu estou aqui ainda, e acredito no Amor.