sábado, 19 de fevereiro de 2022

Já passa da hora de acordar pra realidade e viver a verdade


Esse é um dos poucos textos que escrevo que, de fato, são tanto pra mim, quanto pro eventual leitor que por aqui aparecer. A maioria sempre são, mesmo, pra mim. Mas dessa vez, não que faça diferença, o objetivo é esse: nós.

Tomar 15 dias para não trabalhar foi o tempo ideal para eu ver o quanto as coisas estão definitivamente erradas. E não, não é sobre isso e não tá tudo bem. Mas, ao mesmo tempo, foi um tempo excelente para que eu me conhecesse ainda mais, do alto dos meus novos 31 anos.

Pode ser só uma crise pós férias, mas eu compreendo a angústia que me ronda, já que eu vivi, nestes últimos dias, de uma forma como eu gostaria de viver a maioria dos meus dias. Porém esta não é minha realidade.

Eu posso dividir as minhas férias em três partes, cada uma com algo ruim e algo bom: 

A primeira foram os dias em que passei na casa da minha mãe, no interior de São Paulo, onde também mora seu esposo e minha irmã mais nova. Nesta etapa de férias eu busquei fazer nada, absolutamente, e curtir a família, e isso, pra mim, é excelente, porém há tempos já está claro que por mais que o amor seja cada vez maior, as coisas não são e nunca mais serão como antes, quando eu era criança - eu sei que é óbvio. Ao mesmo tempo em que o sentimento de proteção permanece, o carinho, o acolhimento, a sensação de não pertencimento físico àquele lugar é a parte ruim quando fico muito tempo por lá.

A segunda parte, a mais rápida, porém igualmente intensa, foi na São Paulo capital. Me dói um pouco escrever enquanto lembro do que vivi lá. Uma das maiores cidades do mundo que, com este título, leva também tudo ao extremo: é tudo muito lá, tanto para bom, quanto para ruim. Conheci pessoas no luxo e no lixo, da boa vida à miséria extrema, que viviam no mesmo raio de 2 km, ali no centro daquela metrópole, e isso me incomodou de uma forma que é difícil digerir, já que pessoas se divertiam muito em locais onde, na esquina, havia sempre alguém com fome o perdido pelas drogas. Não é culpa de ninguém ali que vivam essa situação, mas a desigualdade extrema ainda não deixa de ser dolorida. Além disso, considerando as relações sexuais, percebi que os homens gays estão completamente carentes de atenção, mas perdidos na efemeridade do que as drogas e o sexo fácil e desprotegido proporcionam.

A terceira e última parte veio como um sopro de alívio, mas também com seus pesares. Concluí minhas férias em Florianópolis, capital de Santa Catarina, e lá, um dos meus lugares favoritos no Brasil, foi onde me dei ao luxo de viver e uma forma como eu gostaria de viver, efetivamente, meus dias. Aluguei um carro e dividi momentos com uma pessoa pelo qual sou apaixonado, mas também sozinho com a pessoa que mais amo que sou eu mesmo. Com a paixão, vivi momentos incríveis que só acompanhados poderiam ser aproveitados da forma maravilhosa como foi, porém foi sozinho com o amor próprio é que eu me conheci melhor durante estes dias. Sozinho ali, eu percebi, que vai ser sempre eu por eu, ou, no caso, você por você, e aí sim é sobre isso e tá tudo bem. Acredito que as coisas que eu fiz foram formas de me conhecer melhor já que entro em uma fase muito importante e delicada da minha vida. 

O resumo que trago disso, como disse, para mim e para quem lê, é que as pessoas não se importam com você, e isso é ótimo e ruim, quem define a perspectiva é tu mesmo. Vai por mim, ver isso pelo lado bom é uma grande salvação. E também, parte destes contexto, tem muito a ver com o fato de que gastar tempo só com você sozinho NÃO É DESPERDÍCIO, é autoconhecimento. Dito isso, doendo ou causando prazeres, é aí que você sentira que vive.

espero que faça sentido para alguém que ler. Pra mim funcionou, funciona e tem funcionado. Essa forma de enxergar as coisas, de aceitar que até certo ponto é isso, e mesmo não sendo mais do que você queria, também não é pior. Sendo empático, mas lembrando que, se você fizer o mínimo da sua parte, pode ser que ajude o todo um pouquinho. Infelizmente, para nós, a grande massa, não há uma receita pronta, não há passe de mágica, não tem colher de chá, não tem pausa, café com leite ou seja o que for, haverá sempre dor e prazer, com aquele toque que só a falta de grana proporciona.

Mas por favor, não deixe de fazer o que você sente vontade, principalmente se a oportunidade surge.

Aproveite o dia, por você, e acorde pra realidade, para viver sua verdade!