quarta-feira, 29 de julho de 2020

Procurando e conseguindo emprego

Era uma tarde ensolarada - não lembro data e nem dia da semana, apenas o mês e o ano: abril de 2013. Cheguei em Goiânia com minha mãe, mas para morar sozinho e, antes mesmo de saber onde eu iria residir, comecei a botar em prática o plano de procurar por empregos, como havia ensaiado e pesquisado antes de chegar na cidade.

Os passos que tomei, paralelamente, foram simples: Procurar por sites que ofereciam vagas de emprego, participar de grupos no Facebook que ofereciam oportunidades de trabalho, falar com conhecidos que moravam e trabalhavam na cidade e, claro, imprimir currículo e entregar a torto e à direito. Acredito que foram esses os métodos que utilizei há sete anos atrás.

Dia após dia foram surgindo as possíveis oportunidades para as quais eu enviava meu currículo, um papel com dados pessoais e pobre em experiências na minha área, já que precisei trabalhar em outras áreas que pagavam meu sustento. Mas apareciam e eu metia e-mail, até mesmo para vagas foram da minha formação de comunicação social habilitação em jornalismo.

Lembro que foram dezenas, ou até centenas, de currículos entregues ou enviados online e, com o passar das semanas, poucos retornos. Um dos primeiros, que eu me lembre, era para trabalhar como projetista de ambientes planejados, já que dentre minhas experiências era essa a mais relevante. Foram quase dois anos em uma loja projetando ambiente enquanto eu estudava jornalismo.

Enfim, me chamara para está loja de móveis planejados, e eu que nunca fui muito comum, já percebi de cara que era treta. Os dois sócios não tinham um show room ainda (loja montada com ambientes fictícios para apresentar os produtos) mas já tinham o espaço alugado o que me causou estranheza.

Dos sócios, um nunca aparecia e o outro só ficava no telefone ou falando abobrinha, chegando inclusive, a cortar as próprias unhas na mesa em que trabalhávamos. Após menos de uma semana bato a real e disse que aquilo não era pra mim, simplesmente não dava e o salário não era nenhuma maravilha também.

Dei uma pausa, voltei à minha cidade no interior do Mato Grosso para a festa de formatura e concluí tudo o que tinha pra concluir lá. Retornei a Goiânia e continuei procurando empregos com mais intensidade. Deixei currículos em livrarias, mercados, loja de automóveis, enviei para todas as vagas da minha área que apareciam até que brilhou no horizonte uma esperança. Me chamaram para uma entrevista para uma vaga na minha área.

Não recordo se tive outras entrevistas do tipo, mas recordo que nenhuma me atraiu como esta. Era em uma empresa de cosméticos/alimentos (na época não me causou estranheza como causa hoje), mas fui. Fui entrevistado pela farmacêutica responsável... RH? também não me espantou a falta na ocasião.

Fiz o texto que a mulher pediu sobre marketing multinível. SIM. Naquela época eu não fazia ideia é isso significava uma coisa: esquema de piramide, só que "legalizada". De toda forma eu fui contratado, e pelo menos não era pra trabalhar como integrante da "rede" como eles diziam, pois a palavra pirâmide era proibida (risos).

Eu trabalhei, de certa forma na minha área, mas o foco eram redes sociais e os sites da empresa. Foram meses gostosos de trabalhar, apesar da distância da sede. Eu cheguei a pegar dois ônibus para ir e dois para voltar, saindo de casa antes do sol nascer e chegando em casa depois de ele se pôr. Mas eu tive forças para isso, o almoço lá era bom, e eu lembro de ser bem tratado por todos.

Era um equipe querida, até mesmo os patrões (uma família) muito peculiar e bem esquisita, cheia de manias estadunidenses e religiosas, uma "bagunça danada". Apesar disso, não durou nem oito meses, já que me especializei num curso e pedi ao patrão um aumento que se equiparava ao piso mínimo da minha profissão. recebi um NÃO, e decidi deixar o trabalho. De lá, ao menos, retenho momentos únicos.

Nesta altura, já era início de 2014, eu consegui, pela primeira e única vez, até agora, receber seguro desemprego. Para esse ano, era um bom dinheiro, e eu pude ter calma para continuar procurando emprego por uns bons quatro meses, até encontrar o lugar quase perfeito pra trabalhar. Vale lembrar que dentro desses meses fiz um teste que não durou dois meses em uma empresa de marketing e publicidade que atendia bastante clientes.

Meu trabalho era mais voltado para programação, coisas das quais eu tinha noção, mas odiava. Apesar disso, fiz contatos e, alguns deles, mantenho até hoje. Vida seguindo, fui contratado por essa empresa, minha terceira oportunidade real em um ano de procuras e tentativas. Até hoje não sei como tive a "sorte" de ser contratado, já que cheguei super atrasado na entrevista, coisa que eu nunca faço e por eu não ter tanta experiência quanto eu achei que tinha para trabalhar lá.

Eram clientes grandes, apesar de uma agência de comunicação pequena. Eram trabalhos bem relevantes, mesmo que a maioria focados em assessoria de imprensa. Minha relação com essa empresa salvou metade do meu tempo útil profissional nesses últimos sete anos, já que estive ligado a ela por quase seis anos, sendo desligado, oficialmente, em 2020 por conta da pandemia.

Durante esses quase seis anos, muitas coisas aconteceram, especificamente falando do meu trabalho nesta terceira empresa. Fui demitido dela após um ano de trabalho, consegui um emprego como repórter em um jornal impresso, meu primeiro trabalho em redação e quarta oportunidade em Goiânia. A experiência neste jornal foi única, mas curta, pois quiseram me demitir no terceiro mês, o que achei injusto.

Por sorte, ou não, a empresa que havia me demitido, quis me recontratar de imediato. Me chamaram com um salário maior e voltei feliz. Era época de vacas gordas, ao que parecia e continuei tirando muito proveito de tudo que aprendi e continuava aprendendo lá e foi assim por quase mais dois anos, até que, dessa vez, eu é quem quis sair, eu ansiava por novos desafios. Pedi as contas.

Novamente, por sorte ou não, eles não quiseram se desligar de mim. Ofereceram um contrato, sem carteira assinada, onde eu emitisse nota fiscal e continuasse trabalhando para eles, mas via home office, isso em 2016. E foi assim que eu mantive, ano após anos, minha relação com essa empresa, até o fim, talvez não definitiva, neste ano de 2020.

Só que, estando em casa, eu não trabalhei apenas para essa empresa. Isso me possibilitou fazer dela uma cliente, e assim procurei por mais clientes. Eu via em coisas como eventos em outdoors ou em redes sociais, oportunidades de oferecer assessoria de imprensa, que foi, das coisas que aprendi a fazer, o que eu mais gostava na época.

Consegui clientes, mas mais do que isso, consegui minha segunda oportunidade em uma redação de jornal. Graças a um contato que fiz durante essa jornada e que me alertou da vaga. Desta vez era um jornal focado no site, um dos mais acessados do Estado de Goiás. Essa foi outra oportunidade foi de ouro, e teria sido mais se, novamente, o chefe maior não fosse tão deslocado da realidade e sem senso de recursos humanos.

Apesar disso, não reclamo, foi um trabalho excelente e me proporcionou conhecer tanta gente, aprender tanta coisa. Eu não queria deixar, mas segui meu coração, que busca ser tratado bem em um lugar onde eu fico tanto quando na minha própria casa.

Já que o texto está ficando grande demais e eu to cansando já, vou tentar finalizar. Após os clientes que tive durante os últimos cinco anos, a oportunidade que tive na redação do último jornal que trabalhei e durou cerca de 11 meses e a dispensa da agência com quem trabalhei por tanto tempo, decidi largar tudo e me dedicar a uma das melhores oportunidades que me apareceram nos últimos anos: trabalhar para o governo.

Como comissionado, fui contratado com um salário quase justo, o melhor que já tive, e um emprego de 40 horas semanais na sede da secretaria para qual eu ia prestar serviço. Era voltar as raízes, só que agora, ganhando melhor. Vale lembrar também que esse emprego surgiu, por que um contato que eu fiz enquanto trabalhava em um dos jornais me chamou por que lembrou de mim e do meu trabalho.

Acontece que, nem cinco meses se passaram e eu vi que essa oportunidade não era pra mim, por isso, cá estou finalizando o texto dizendo que, ao ser exonerado, eu estarei sem emprego, e começarei "quase" tudo de novo. Continuo animado, mas ansioso e com medo, claro. Eu confio em mim e esses anos todos provam isso.

Não há o que temer. Sempre haverá oportunidades, é preciso acreditar e correr atrás. Sei que poderá ser difícil, ainda mais nessa época, mas também preciso saber lidar com as consequências de não permanecer em trabalhos que pagam, mas que não dão qualidade de vida merecida.

Eu sou humano e devo ser tratado como tal. Depois eu conto o que aconteceu.

terça-feira, 28 de julho de 2020

Top 7 países europeus para conhecer/morar

Uma das melhores decisões que tomei durante a "quarentena" de 2020, como vou chamar aqui, foi comprar um curso EAD sobre a Geografia Turística da Europa. Apesar de simples e curto, o material foi totalmente esclarecedor no que diz respeito ao continente onde quero viver um dia. Trazendo informações prioritariamente turísticas, mas também outras das quais eu não fazia ideia, me fizeram ficar ainda mais encantado por esta parte do mundo. Sem contar que eu amo geografia de coração.

Depois de concluído e aprovado, decidi escrever aqui, considerando meus critérios pessoais e os que aprendi no curso, os países europeus que mais quero conhecer. Isso me ajuda a ter esperança enquanto passamos por momentos tão difíceis. Então vamos à lista:

1. Portugal
De um ano pra cá toda minha atenção foi voltada para este país. Portugal se tornou meu foco. Se tudo der certo, irei conhecer este lugar em novembro e tirar a limpo tudo que eu ouvi falar e por tudo que eu vi pela internet. É a porta de entrada dos brasileiros, acho muito justo que seja mesmo o primeiro país a ser conhecido por nós.

Acho, ainda, que Portugal, como nação, deve muito ao Brasil, assim como vários dos países colonizadores. Mas não podemos ignorar o fato de que é uma cultura rica, como diversas outras, e merece ser conhecida. Mas este país não interessou tanto apenas pelo turismo, fiquei animado pelo fato de a qualidade de vida (segurança, saúde entre outros pontos) estar em destaque como uma das melhores do mundo.  Por isso tudo, e outras coisas mais, decidi listar Portugal como a primeira da lista.

2. Dinamarca
Para ser bem sincero não sei bem por que escolhi a Dinamarca como segundo. Mas sabe quando você sente uma sensação de que você esta ligado a algo? Assim me senti quando estudei a Dinamarca. Parece que no meu inconsciente algo me chamou atenção e me fez querer visitar este lugar a todo custo. Algo parecido com o que sinto quando se trata do Canadá.

Ler sobre a Dinamarca, sobre ser um país seguro, com pessoas queridas, analfabetismo e desemprego zero, pontos turísticos baseados na natureza. Isso tudo me dá uma motivação tão grande. Se for verdade, já estarei lá em breve.

3. Grécia 
Aqui a medalha de bronze. E bota bronze nisso, por que a Grécia é incrível demais. Eu olho as fotos desde sempre e, antes mesmo do curso, pensava na Grécia como um dos primeiros países da Europa que eu gostaria de conhecer. História milenar, prais incríveis, ilhas encantadores, arquitetura única. Não tem muito como fugir de ter que explicar o por quê escolher a Grécia como um dos primeiros lugares a conhecer neste continente.

4. Islândia
É frio demais, tenho certeza, mas sabe que não tem poluição, que a expectativa de vida é alta, que não existe turbulência de cidade grande, é um atrativo pra mim. Apesar de gostar de lugares que lotam, eu não gosto da lotação em si. Islândia é uma das únicas ilhas e um dos únicos lugares no extremo do planeta, que eu me atreveria a visitar.

5. Andorra
Olha, eu não conhecia esse país há três meses atrás, e quando descobri a existência dele na Europa fiquei chocado. Chocado por ser tão pequeno e tão expressivo. Também é de analfabetismo e desemprego 0, muito seguro, lugares turísticos incríveis e não tem nem sequer aeroporto. Parece um ótimo canto do mundo para se esconder, chego me arrepio de pensar em morar num lugar como esse, conhecer então, com certeza vou. Quem sabe um dia.

6. Espanha
Acredito que, quem não se encanta com a Espanha mesmo nunca tendo conhecido pessoalmente, não pode ser do tipo que gosta de viver bem. Pelo que vi em filmes, pelo que ouvi de amigos que visitaram esse país, e pelo que estudei, é óbvio que eu precisava incluir esse país na minha lista. A Espanha me parece um lugar para ser feliz, definitivamente.

7. Suíça
Se tem algo que me deixa encabulado, são montanhas. Dos morros que conheço que já não são muito altos, me dá vontade de ficar encarando, olhando, apreciando. Imagina eu em um país onde na maior parte do território existem montanhas nevadas como na Suíça. Tenho certeza que eu perderia horas reverenciando estes lugares. Eu quero estar lá também, sem dúvidas.

Vale lembrar que a Europa possui 50 países, né? Então aqui não falei nem de 15% deles, mas os que mais me chamaram atenção. Vamos ver, agora, se quando eu conhece-los, vou mudar de ideia, ou não!

Carpe Diem

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Abrir reclamação

Não é de ontem, de hoje, nem será de amanhã que vamos usar os meios mais fáceis que tivermos à nossa disposição para fazer reclamações. Reclamações são importantes e após discutir com amigos sobre a necessidade e fisiologia de objeções, percebi que não há um ponto de acordo sobre fazer bem ou não ser 'reclamão'.

Reclamar por vezes é bom, mas eu particularmente me sinto envergonhado após reclamar de problemas ou das coisas com as quais eu não concordo. Isso por quê, muita das vezes essas reclamações, mesmo que graves a mim, são tão superficiais à maioria da população, justamente por elas passarem por coisas muito piores.

De toda forma, mesmo que os problemas que eu viva são os problemas que me abalem, há coisas que poder ser substituídas pela reclamação, e a principal dela existe na própria palavra reclamação: AÇÃO. Agir, por acaso, não é tão fácil, por isso acredito que sobra reclamar.

"A o sistema é podre, corrupto e não mudará", por exemplo, acredito que é uma das reclamações mais constantes na minha cabeça. Ao menos eu, do alto dos meus 29 anos, tenho feito o possível para que, pelo menos o sistema da minha vida, não seja igual ao do planeta.

Apesar de não conseguir eliminar o consumo de carne, ou de parar de gerar tanto lixo ou mesmo cuidar melhor da natureza, de certa forma, que vejo como coisas imprescindíveis, eu ao menos me reservo ao direito de não ser alguém corrupto nas pequenas ações, me tornando, muitas vezes, antiquado e sistemático.

Tenho muito a aprender e tô anos luz de ser um exemplo, mas as pequenas ações que eu posso realizar para mudar a realidade a minha volta, eu tenho feito. Já somos quase 8 bilhões, e se todos fizessem sua parte sabemos que tudo ia ser melhor.

Claro que não é tão simples, como por exemplo, as coisas ruins que são feitas "em nome de coisas boas": em tempos de pandemia você ficar isolado em casa, não se pondo em risco e nem pondo pessoas em risco, mas optando por comida delivery que resulta num apoio à um tipo de trabalho precário aos entregadores e a geração de muito mais lixo nem sempre reciclável.

Existem inúmeros outras ações ruins que são feitas por boas, e ao contrário também. Muitas. Além disso, chegamos a um ponto, onde a população pobre, grande maioria no mundo, não tem tempo, disposição e nem sequer acesso a informação para poder ajudar o mundo a ser um lugar melhor.

Quem conhece uma pessoa vegana? Que tem composteira em casa? Que não gera lixo, optando apenas por embalagens reutilizáveis? Que reutiliza água não potável no vaso sanitário que seja? São raros ainda, mesmo que crescentes. Mas raros, por que são privilégios de pessoas que vivem em um mundo estruturado para atender quem ganha mais dinheiro.

É preciso muito força de vontade para quebrar o sistema, construído para os ricos, e começar a transformar o mundo em um lugar melhor. Tudo começaria pela educação, e aos poucos, passaria para economia, segurança, saúde e outras intendências que se tornaram pastas políticas nos governos que vem ditando ano por ano o que deve ser feito e que acaba, sempre, privilegiando os mais abastados.

Aí voltamos ao que? À reclamação. Na verdade, este próprio texto é uma reclamação. Inclusive, será que todo texto que eu faço é uma? Espero que não.

Só queria concluir, de modo a ter uma percepção de esperança, escrevendo que reclamações são muito importantes, mas agir é muito mais importante. Mudar a realidade a sua volta, começando por você, provavelmente será sempre difícil, seja alguém pobre ou rico (mais difícil pros pobre, sempre), mas não impossível.

Vamos agir?

Carpe Diem

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Mudança

Quando me mudei para Goiânia, capital de Goiás, há pouco mais de 7 anos, em 2013, me sentia acuado pela cidade. Mesmo vindo todo ano do interior de Mato Grosso onde eu morava, as vezes até mais de uma vez, para curtir as férias, feriados, fazer cursos ou visitar familiares, mudar para esta cidade, no começo, me fazia sentir pequeno.

Eu olhava pela janela dos ônibus que eu pegava para procurar emprego e via tanta gente, tanto prédio, tanta bagunça, era ali que eu morava agora, era conflitante. Quando eu olhava também pelas janelas dos apartamentos que fiquei - de parentes e amigos até achar um lugar pra morar - observava as luzes e sentia medo, insegurança

Era um misto de pavor com ansiedade. Eu precisava arranjar um emprego, um lugar pra morar e uma nova vida pra tocar, e os primeiros meses não foram fáceis. Não lembro se pensei em desistir, acho que não, mas eu lembro que, conforme as coisas iam dando certo, eu deitava pra dormir e simplesmente não acreditava que aquilo estava acontecendo.

Tudo foi vindo da forma que dava. Lugares pra morar, empregos pra trabalhar, contas pra pagar e os demais prazeres de uma vida adulta. E, com o passar dos anos, fui conseguindo encontrar cantos melhores pra viver e ofícios com salários mais atrativos.

Dessa forma, fui enxergando melhor a cidade. Fui entendendo como tudo e todos funcionavam, conhecendo e perdendo o medo, a insegurança dessa pequena bagunça que era Goiânia. Me acostumei e adotei-a, finalmente, como um lar.

É um resumo, porque o que eu quero dizer mesmo com isso tudo, é que hoje, depois desse tempinho, parece que algo mudou. Apesar de conseguir bons resultados em todos os âmbitos possíveis, e dizer que sim, tive sucessos, eu tenho planejado algo que, agora, me faz olhar pelas janelas e não ver mais esta cidade como um lar.

É como se do medo ao costume, do incerto à atração, tivesse, então, uma terceira fase, a do desencanto. É como se o tempo que passou fosse este mesmo necessário para findar perto de onde decidi que deva.

Faltam poucas semanas para que eu deixe a capital de Goiás e parece que já chegou mesmo a hora de dar adeus. Estes tipos de despedidas sempre foram diferentes em casa uma das que ocorreram. E foram muitas. Já vivi em outros quatro lugares e, em cada um, o fim aconteceu de formas variadas.

A última, de Barra do garças, Mato Grosso, para cá, por exemplo, foi gradual. Eu vim com algumas das minhas coisas, voltei para participar da festa da minha formatura, depois retornei até arranjar um emprego e, então, voltar novamente para MT e buscar o resto das minhas coisas.

Já esta próxima mudança, totalmente radical, diga-se de passagem, será parecida com as outras que tive, mas me recordo pouco: rápidas e definitivas. Ou seja, pegar tudo e vai com Deus. A diferença é que essas, eram com a família de sangue. Desta vez, vou com a família que escolhi.

Por fim, basta aguardar o dia e a hora chegar. Pronto já estou. Pensar nisso me deixa bem esquisito, mas é bom. É, novamente, a sensação de que chegarei em um lugar e olharei pelas janelas e me sentirei acuado e inseguro. E isso quer dizer uma coisa: que eu vou lutar para vencer essas sensações e, de novo, tornar o novo lugar meu lar.

Carpe Diem

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Nada nunca foi como antes...

...E se parece ser, tem algo errado!

Desde de que eu me entendo por gente, durante as diferentes fases da minha vida e os poucos percalços que tive, por crescer com privilégios, percebia mesmo assim que nada era constante. Sempre havia algo à espreita que parecia trazer algum tipo de sofrimento, problema ou dificuldade pra mim e todos a minha volta.

Meus primeiros anos de vida, dos quais não tenho grandes recordações e sei mais por histórias e fotografias, foram em um sítio, e parece que nesta época, apesar de eu ver fotos de uma vida tranquila, meus pais sofreram um bocado, principalmente minha mãe.

Prefiro entrar em detalhes depois disso, entre os 4 e 10 anos de idade, quando morei em casas simples no interior do Estado de Mato Grosso. No começo, para se ter ideia, nem energia 24 horas havia na cidade onde morávamos. Mas este não era o problema.

O problema era que, já desde pequeno, precisava eu enfrentar os preconceitos cravados na sociedade que existem, claro, muito antes de mim. Era meu pai com seu discurso de que com homem tudo era resolvido de forma diferente do que com mulher: tinha que ser mais bruto, tinha que trabalhar mais, não podia ser sensível, dentre outras coisas.

Além de ter infância dentro de casa guiada desta forma, o que também fez com que eu me tornasse machista quando dizia respeito a alguns assuntos os quais trabalho até hoje, também sofria com pequenas desavenças na escola, com os garotos mais rústicos e, claro, possivelmente héteros.

Passei por isso, sem apanhar ou ser julgado em público por ser afeminado e diferente, mas sofria frequentemente com acontecimentos pontuais que me faziam sofrer dentro ou fora de casa. Isso sem dizer o que eu via pela TV, ou mais tarde pela internet, o que acontecia pelo mundo com pessoas como eu.

Só então depois dos meus 16, começaram a surgir pessoas a minha volta que tornavam tudo um pouco mais fácil. Eram pessoas que, por dentro, se pareciam muito comigo. Isso foi no final do colegial e início da vida acadêmica e foi muito importante que pessoas assim aparecessem.

Ter ao meu lado, durante minha transformação de um adolescente à um jovem adulto, pessoas parecidas comigo nas suas ínfimas particularidades fez toda a diferença. Se eu evoluí o mínimo que evoluí, foi por ter este tipo de gente comigo. 

Mas essa fase não foi mais fácil só por ter pessoas que me ajudaram na descoberto mais ampla do meu eu. Ainda assim precisei conciliar vida afetiva, profissional e acadêmica durante 5 ou 6 anos para provar ao mundo que eu poderia ser um bom escravo.

Havia objetivos, metas, trabalhos e exigências por todos os lados, mas grande parte dos frutos deste meu esforço eram recolhidos por outros. E não quero parecer ingrato, mas o trabalhador que conhece o seu trabalho, sabe o quanto ele vale, e durante quasse toda minha vida senti que nunca fui reconhecido ou pago o suficiente pelo que eu sabia fazer.

Foi nesta fase que comecei aquela coisa do "ficar mais no trabalho do que em casa", lembrando que eu ainda precisava estudar para me formar e satisfazer meu prazeres pessoais, que ficavam em último lugar, seja pelo cansaço ou por eu não conseguir dar mais atenção a isso.

Então, vencida a corrida pelo diploma e aprovação profissional (dos trabalhos feitos enquanto eu tentava conquistar o canudo), veio a maior mudança de todas, a qual dura até hoje: sair do teto da casa da mãe e enfrentar o mundo quase que 100% sozinho.

A mudança ocorreu de todas formas possíveis, mudando de casa, e cidade, de rotina, tudo mesmo. E desde então, nestes quase 8 anos vivendo dessa forma, muitos dos desafios continuaram parecidos, mas com um plus de que surgiram inúmeros outros para lidar.

Contas, saber dividir espaços físicos e mentais com pessoas que você não conhece, mas precisa, para poder dar conta das mais contas que iam surgindo, mais desafios no trabalho, desafios em transporte, saúde, alimentação... coisas de quem quer ser livre, seja lá o que isso quer dizer.

É difícil explicar, mas quem passa pelo que eu passei sabe do que estou dizendo, e também vão concordar comigo, caso tenham onde morar e sempre o que comer, que ainda tivemos sorte. Eu em especial, nunca fiquei mais de dois meses sem emprego nesta última década. E, para quem vive nessa era capitalista, isso é lindo.

Além de não ficar sem emprego, também nunca fui demitido por não fazer um trabalho de forma correta. Ao menos, as únicas duas demissões pelas quais passei (e fui chamado de volta em ambas vezes) foram por corte nos gastos - claro.

Pois bem, todos estes parágrafos podem ser resumidos aqui, mas foram importantes para que eu escrevesse passageiramente, no seguinte: NENHUM ano foi como outro em nenhum quesito. Eu dificilmente consegui completar dois anos trabalhando da mesma forma pra mesma empresa, ou amando as mesmas pessoas, ou morando com as mesmas pessoas, nos mesmos lugares.

Sempre havia algo, e nunca nada era como antes.

E pode ser que pra pessoas outras seja diferente. Algo como ter o mesmo emprego por cinco anos, o mesmo amor, os mesmos amigos, o mesmo teto, as mesmas conversas, o mesmo caminho, as mesmas viagens, roteiros, reclamações, rotina, mas... Se for assim, vê como parece ser tão errado?

Não que o meu estilo de vida seja o correto ou que eu fui dos mais felizes com ele, mas, agora que tudo no mundo inteiro parece dizer "nada será como antes"... Será que deveria ser? Será que tudo tem que ser como antes? Sejam coisas boas ou ruins, elas foram antes e, agora, precisam ser outras.

Claro, no fim, ou no meio, o que realmente importa é se você está feliz (feliz, eu acredito, é pensar que está tudo bem agora e nada pode atrapalhar isso), então se alguém segue o mesmo papel por anos a fio se sentindo assim, quem sou eu pra dizer que tem algo errado.

Mas aqui, agora, neste espaço fictício que escrevo para que qualquer pessoa no mundo - com exceção de cidadãos de países com restrição a internet - enquanto estou sentado, eu acredito que é possível que tudo fique bem se nada for como antes.

Vamos nos livrar de "tudo ser como antes", mas que isso faça as outras pessoas se sentirem bem!

Acho que é basicamente isso.

Carpe Diem