segunda-feira, 13 de julho de 2020

Mudança

Quando me mudei para Goiânia, capital de Goiás, há pouco mais de 7 anos, em 2013, me sentia acuado pela cidade. Mesmo vindo todo ano do interior de Mato Grosso onde eu morava, as vezes até mais de uma vez, para curtir as férias, feriados, fazer cursos ou visitar familiares, mudar para esta cidade, no começo, me fazia sentir pequeno.

Eu olhava pela janela dos ônibus que eu pegava para procurar emprego e via tanta gente, tanto prédio, tanta bagunça, era ali que eu morava agora, era conflitante. Quando eu olhava também pelas janelas dos apartamentos que fiquei - de parentes e amigos até achar um lugar pra morar - observava as luzes e sentia medo, insegurança

Era um misto de pavor com ansiedade. Eu precisava arranjar um emprego, um lugar pra morar e uma nova vida pra tocar, e os primeiros meses não foram fáceis. Não lembro se pensei em desistir, acho que não, mas eu lembro que, conforme as coisas iam dando certo, eu deitava pra dormir e simplesmente não acreditava que aquilo estava acontecendo.

Tudo foi vindo da forma que dava. Lugares pra morar, empregos pra trabalhar, contas pra pagar e os demais prazeres de uma vida adulta. E, com o passar dos anos, fui conseguindo encontrar cantos melhores pra viver e ofícios com salários mais atrativos.

Dessa forma, fui enxergando melhor a cidade. Fui entendendo como tudo e todos funcionavam, conhecendo e perdendo o medo, a insegurança dessa pequena bagunça que era Goiânia. Me acostumei e adotei-a, finalmente, como um lar.

É um resumo, porque o que eu quero dizer mesmo com isso tudo, é que hoje, depois desse tempinho, parece que algo mudou. Apesar de conseguir bons resultados em todos os âmbitos possíveis, e dizer que sim, tive sucessos, eu tenho planejado algo que, agora, me faz olhar pelas janelas e não ver mais esta cidade como um lar.

É como se do medo ao costume, do incerto à atração, tivesse, então, uma terceira fase, a do desencanto. É como se o tempo que passou fosse este mesmo necessário para findar perto de onde decidi que deva.

Faltam poucas semanas para que eu deixe a capital de Goiás e parece que já chegou mesmo a hora de dar adeus. Estes tipos de despedidas sempre foram diferentes em casa uma das que ocorreram. E foram muitas. Já vivi em outros quatro lugares e, em cada um, o fim aconteceu de formas variadas.

A última, de Barra do garças, Mato Grosso, para cá, por exemplo, foi gradual. Eu vim com algumas das minhas coisas, voltei para participar da festa da minha formatura, depois retornei até arranjar um emprego e, então, voltar novamente para MT e buscar o resto das minhas coisas.

Já esta próxima mudança, totalmente radical, diga-se de passagem, será parecida com as outras que tive, mas me recordo pouco: rápidas e definitivas. Ou seja, pegar tudo e vai com Deus. A diferença é que essas, eram com a família de sangue. Desta vez, vou com a família que escolhi.

Por fim, basta aguardar o dia e a hora chegar. Pronto já estou. Pensar nisso me deixa bem esquisito, mas é bom. É, novamente, a sensação de que chegarei em um lugar e olharei pelas janelas e me sentirei acuado e inseguro. E isso quer dizer uma coisa: que eu vou lutar para vencer essas sensações e, de novo, tornar o novo lugar meu lar.

Carpe Diem

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