segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Os melhores filtros da vida real

Tava aqui pensando nos momentos em que me vi em um ambiente em que parecia estar dentro de um filme com uma bela fotografia. Fotografia em um filme, para quem não sabe, vai além do retrato, mexe com cores, tons, nuances e, principalmente, LUZ, naquela obra cinematográfica.

Pois bem, nos últimos anos tenho vivido algumas que me fazem ter vontade de viver mais e mais. Vou listas algumas que lembro hoje.

2002 - Peruíbe/SP - Sem dúvida umas das cenas em que mais mexem comigo foi a primeira vez em que vi o mar. Com 11 anos, meu pai com um motohome nos levou a Peruíbe e, assim que estacionou na avenida que beirava o mar na cidade, saímos correndo quase como na música de Marina Sena: "Meu sonho feliz era chegar e já cair no mar". Chegamos, caímos, nunca esqueço, não havia tanto sol, era nublado, mas um ambiente aconchegante, familiar, mas novo, surpreendente.

2007 - Barra do Garças/MT - Minha irmã mais velha me levou para uma cachoeira, uma trilha que leva até lá, que eu amo até hoje, mas que na primeira vez foi inesquecível. Aquela explosão de luz se abrindo conforme a trilha ia acabando e dando lugar para aquele local mágico, com o sol exatamente sob as pedras e a água que caia, deixando tudo muito iluminado. Impossível esquecer.

2022 - Porto/Portugal - definitivamente o pôr do sol mais lindo que eu já vi na minha vida. O dia em si foi incrível, passeando com amigos que fiz outrora. Mas ao chegar o fim do dia, o que aconteceu quando o sol encontrou o mar não estava escrito. Quão belo um por do sol poderia ser? Eu jamais imaginei que sentiria tanto amor daquela forma apenas olhando um horizonte. Ficará marcado para sempre em meu coração.


2323 - João Pessoa/PB - Aquele fim de tarde com ele certamente foi um dos mais lindos. E o filtro natural ajudou. Aquelas cores eram deslumbrantes. O pôr do sol foi um misto de azul, branco e violeta em tonalidades tão belas e únicas, das quais eu nunca tinha visto. Rendeu belas fotos, mas nada vai superar a singularidade de estarmos lá juntos, naquele momento, vivido de forma igualmente única. Sinto falta daquela companhia.

2023 - Florianópolis/SC - Meu último dia na cidade, na minha última viagem por lá. Fui ver o pôr do sol na praia e, mesmo que o sol não se ponha no mar, é igualmente bonito. Mas naquele dia, em específico, acompanhado de um amigo, a visibilidade estava um pouco afetada pela nuvem de pó, de areia, que pairava pelo ar. Deixou tudo em um tom melancólico, tal qual meu coração, pelos últimos acontecimentos de minha vida e, claro, por que eu teria que deixar aquele lugar no dia seguinte.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Um ciclo recomeça

Hoje faz um ano que eu voltei para o Brasil. A primeira pessoa que eu vi, e que eu quis ver, foi ele. Apesar disso, parece que foram décadas atrás.

O tempo é mesmo louco. Faz um ano que vim voltei para vê-lo, parece fazer décadas, como eu disse e, em semanas, ele se tornou meu porto seguro. Por outro lado, faz alguns dias que estou com dor como se fosse a eternidade.

Nenhum dia é fácil, mas alguns parecem insuportáveis. Que loucura. O que eu fiz? O que eu faço? Por que é tão difícil?

Ele tem uma singularidade que eu jamais vou esquecer. 

Tenho vivido montanhas-russas de emoções, complexidades de sentimentos. Apesar disso, eu me agarro no fato de que as coisas são como são e eu preciso lidar com isso.

Ainda não consigo dar um resultado do balanço dos últimos dias, mas está indo e eu acho que vai ficar tudo bem, sim. Preciso que fique.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Minha casa é o caminho, a estrada, o mover

Quando eu compreendi, pela primeira vez, o que diz a música "Take Me Home, Country Roads", canção escrita por Bill Danoff, Taffy Nivert e John Denver e lançada abril de 1971, o arrepio pelo corpo foi imediato. A música tem uma força em sua melodia, mas letra, a letra é ainda mais poderosa.

Apesar de simples, a música fala, aparentemente, de uma pessoa pegando a estrada de volta para seu lar. Então, quando eu ouvia, e ouvi/ouço muito, era inevitável eu me imaginando em uma estrada de volta para o meu lar, até eu ver que não tenho lar.

Minha intenção não é ser pessimista ou vítima de jeito nenhum. Eu realmente não tenho lar e, apesar de ver o Mato Grosso como meu berço, não tenho apego, muito menos lugar fixo para voltar por lá. tenho amigos, familiares, mas infelizmente nenhum lugar para chamar de lar. 

Então, eu percebi que, meu lar, afinal, é a própria estrada, que também é citada na música. Quando eu me imagino no caminho, o arrepio é ainda mais intenso, seja para onde eu estiver indo. Então eu posso dizer, sim, que minha casa é o caminho, e isso abre para tantas interpretações, tantas maneiras de enxergar.

O caminho afinal, é uma metáfora para praticamente tudo em nossa vida e a própria vida é dita como um caminho, onde há escolhas a serem tomadas. Enfim, nem sempre estou bem com essa realidade de não ter um lar para onde voltar, um lar raiz. Mas, hoje, eu estou bem com isso! 



segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Uma década de algo e um novo ano de outro

E lá se foram dez anos de "independência financeira", mas, mais do que isso, são vários os tipos de liberdade conquistadas nesses últimos dez anos. Neles, revisitei quase todos os extremos de sentimentos: Alegria, tristeza, prazer, ansiedade, raiva, e tantos outros. Junto com esses sentimentos, lembranças, que vão se acumulando, mais  do que pareço poder suportar.

Mas, ao menos pelo que eu saiba, ninguém morre por sentir demais. Eu acho. Pelo menos não de formar natural.

São mais dez anos em que, querendo ou não, sou eu que decido todos os rumos da minha vida. Em maio de 2013 eu deixei oficialmente o teto da casa da minha família para ter o meu. Hoje, estou "sem teto", mas desde então todas as minhas despesas são de minha responsabilidade. Sou eu por eu.

Apesar disso, sonho com o dia em que realmente hei de ter um companheiro para que eu possa dividir tudo e ser eu mesmo.

É um sonho, é uma vontade, mas continua sendo algo que eu sei que se não acontecer, vai estar tudo bem também. Ser sozinho faz parte e, na verdade, é quase como regra e não a exceção. Apesar de que muitos sofrem e, até mesmo, morrem mais cedo por viverem na solidão, mas ela precisa ser domada.

Há família e amigos que devemos cultivar para que a solidão não seja devastadora. Vejo que ter um parceiro, por outro lado, é quase como um prêmio. 

É óbvio, incontestável, que um parceiro de vida precisa ser cultivado com o tempo, mas devemos saber tocar o dia após dia sem um amor romântico para que não pareça algo essencial. Quase nada é essencial, afinal, penso eu. Mas a questão é que família e amigos de verdade tendem a perdurar por mais tempo do que amores românticos.

É nisso que pretendo focar em 2024 no que tange a solitude x companhias. Assim como já escrevi várias vezes: nada está conquistado eternamente.

Vide eu sofrendo pela terceira ou quarta vez e lidando com mesmos sentimentos pelos quais já passei e julgava estar calejado o suficiente para não passar por isso de novo com tanta dor. Mas, a tristeza é importante e jamais pode ser menosprezada.

Dito isso, mesmo que este 11º ano de "liberdade", se assim posso chamar, trazer 'algos' iguais, vou tentar lidar como sempre, mas também quero novos 'outros algos'.

Carpe Diem