sábado, 19 de dezembro de 2020

Texto para o pessoal dos vinte e poucos anos

Eu tô fazendo três décadas de vida, e aí me veio a ânsia de escrever as coisas que passam pela minha cabeça nessa enxurrada de emoções que me tomam, principalmente pelo que vivi nestes últimos dez anos de "vida adulta". Mais especificamente ainda após eu ter me formado, aos meus vinte e poucos. São oito, para falar corretamente, os anos em que vivi fora da casa dos meus pais, pagando minhas contas, trabalhando na minha área, fazendo as coisas de gente grande.

São oito anos vividos em que posso destacar uma das coisas que me orgulham: nenhum boleto atrasado ou que deixei de pagar. Mas eu quero falar mais do que isso, quero falar com o pessoal dos vinte e poucos sobre como cheguei vivo até aqui, vivendo bem sem realizar os sonhos que achei que teria realizado a essa altura, sem me tornar milionário aos trinta como tá na moda, né? Quero falar com a pessoa que fui e está dentro de alguns por aí afora.

Eu sei, tenho consciência de que as coisas são muito mais complexas do que fala um homem branco, cisgênero e com várias oportunidades, no caso eu. Mas eu sei que não farei mal a ninguém com este texto, e se fizer bem a um indivíduo ou indivídua, já ficarei feliz. 

Preciso começar dizendo algo importante: não se afobe! Veja bem, eu nunca na minha vida passei a noite em claro, nunca exigi mais do que meu corpo podia aguentar, em troca de notas boas na faculdade. Eu RESPEITEI o meu limite, fiz as coisas que estavam ao meu alcance, e conquistei meu diploma da forma que eu consegui conquistá-lo, sem histórico lotada de 10.

Meses depois (e nos anos seguintes) de me formar, um surpresa: ninguém do mundo corporativo ou privado pediu meu diploma, apenas as dezenas de processos seletivos aos quais me prestei, mas sempre tinha alguém mais experiente na frente. O que algumas empresas queriam, de início, era alguém que aceitasse receber pouco e com vontade de aprender.

Por mais meses seguintes precisei ser forte, sobrevivendo com o que eu tinha guardado da época da faculdade - porque eu trabalhava e estudava - e com o salário pequeno que me ofereciam. Eu fiz meu nome nesses lugares, provando minha capacidade, e após provar isso é que eu pedia meu aumento. A empresa que não aceitava, me desculpe, mas eu me demitia sim sem ter nada em vista. Isso por dois motivos:

1 - Eu sabia da minha competência;

2 - Eu sabia que conseguiria algo melhor.

E foi o que aconteceu, encontrei empresas que me valorizavam, fui grato a elas da forma que é a vida real: dando resultado a eles. Fora isso, o mérito é todo meu, não tive parentes me qualificando, não tive ajuda financeira dos meus pais, não usei ninguém, foi exclusivamente a força do meu trabalho.

Outra coisa no mundo da vida adulta é o tanto de gente que você vai encontrar que diz que fulano e cicrano vai tentar passar a perna em você, passar você pra trás, te usar, blábláblá. Mas sabe a verdade? Eu nunca vi ninguém fazendo isso comigo, sabe por quê? Por que eu estava focado em superar o meu verdadeiro obstáculo, eu mesmo com minhas limitações.

Amigue, aprende algo: ninguém te dá mais trabalho do que você mesme. Esquece colega de trabalho com cara de bunda, que te queima, que quer mostrar mais resultado, ou não seja paranoico a ponto de achar que estão todos contra você. Ninguém é vilão ou mocinho, todo mundo só quer crescer na vida, se usam meios não éticos, problema é deles, a gente faz o nosso da forma correta. Eu fiz.

Vale lembrar também que educação financeira é o básico. Graças a Deusa eu não cultivei nenhum vício que me tirasse dinheiro. Se você tá no mundo do cigarro, álcool, drogas ilícitas, ostentação, sinto muito, mas não gastar grana com essas coisas é uma salvação.

Apesar de tudo eu não tenho um carro, não tenho um imóvel, não tenho nada de material que valha muito, mas a maioria das pessoas que conquistou isso com o fruto do próprio trabalho, de verdade, e são raras, vivem reclamando das consequências que coisas materiais caras trazem. Eu quero ainda, lógico, mas não vou me enfiar em dívidas pra algo que não me faz falta.

Tem algo engraçado também, muita gente não sabe mas depois dos 30 vem 31, e não 40. E algo que muitos esquecem: os trintões ainda são jovens e tem força para muita coisa. Digo isso, pois eu já tive muito preconceito, achando que chegar aos 30 era o fim da juventude. Eu me sinto tão novo ainda - vigor eu nunca tive, pra falar a verdade - mas me sinto pleno.

Então, pessoa dos vinte e poucos, não perca as esperanças. Eu sei que tem os concurseiros, os da vida acadêmica, os que tem sérios problemas físicos e mentais, problemas na família, problemas com a sociedade, cada um é um. Mas pra mim nada foi fácil sabe? Eu tive oportunidades incríveis, mas só a oportunidade não enche barriga e mais, só oportunidade boa não traz paz, realização ou conforto. Afinal, hoje em dia, na maioria dos empregos, você passa mais tempo no trabalho do que em casa.

Em um lugar que você passa mais tempo do que em casa, esse lugar não pode ser menos que agradável. E eu nunca abri mão disso. Bom, eu dava chance às empresas e tentava. Hoje, nestes oito depois, já pego cargos de chefia, acredito que algo eu tenha feito certo, mesmo me demitindo quando eu via que não estava bom pra mim.

Basicamente é isso. Existem muitos outros detalhes, mas resumidamente o que eu quis dizer esta aí. Deite sua cabeça no travesseiro a noite e ordene que que tudo fique bem, se recuse a ficar remoendo coisas. Durma corretamente, beba muita água e saiba que você merece o melhor da vida, que é tão curta.

Não seja escravo dos outros, nem de si mesmo. Se permite arriscar, mas lute, trabalhe muito, por você!










quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Despedida e motivos para comemorar

Eu não caibo em mim de tanta euforia por estar mudando novamente após tantos anos. Digo, uma mudança de grandes proporções. De longe não saiu como o planejado, mas acredito que isso tenha sido mais um empurrão promissor do que uma rasteira de desânimo. E, novamente, mesmo que eu não tenha nada de físico e bens materiais em minhas mãos, voltando a estaca zero, eu tenho a esperança de um futuro melhor, que tomou a proporção de todos os espaços que eu preciso.

Eu não consegui um emprego dos sonhos, não casei, não comprei a casa ou o carro próprio, e nem tão cedo vou. Eu não vou viajar pelo mundo, nem ganhei na loteria, muito menos tenho dinheiro sobrando. Mas eu consegui me organizar e me preparar para que nada me faltasse, por mais incerto que o futuro seja. Eu estou saindo de Goiânia.

Por sete anos estive aqui, capital de Goiás, cidade com cara de interior, ao lado da capital do Brasil, e também a capital estadual mais próxima das minhas raízes do origem, que sempre foi a região do Araguaia no Mato Grosso. Foram sete anos de trabalhos intensos, tanto profissionais quanto pessoais, que eu acredito me fizeram uma pessoa um pouquinho melhor.

Lembro de quando cheguei aqui como morador, a sensação era totalmente diferente de quando eu vinha passar férias. Parecia que a metrópole ia me engolir e eu ia me transformar em mais uma das milhões de pessoas quaisquer que só vivem para pagar contas e alimentar o sistema, mas mesmo com esse medo fui enfrentando ônibus lotados, oportunidades de trabalhos desrespeitosas entre outros problemas referentes aos lugares onde eu morei.

Mas isso apenas no breve começo, após menos de um ano eu já começava a criar minha bolha profissional, pessoal e das demais relações e comecei a esquecer o fato de ser uma simples peça do sistema, focando mais nas emoções da vida adulta, já que agora eu podia fazer o que eu quisesse, contanto que pagasse todas as minhas próprias contas. Eu consegui, mesmo não tendo ajuda financeira de mais ninguém.

Nestes anos morando por aqui, conheci pessoas incríveis que estarão sempre comigo no meu coração e, claro, em futuros encontros que não deixaram de existir. Acredito que muitas das relações e os laços que criei durante este tempo, das que começaram do zero enquanto eu morava aqui, ou seja, das pessoas que conheci morando aqui, foram de fundamental importância para que a parte melhor de mim se sobressaísse em qualquer desafio que apareceu e que ainda aparecerá na minha vida.

Agora, especificamente falando da vida profissional, dentro das expectativas que eu sempre crio, sei que não cresci tanto e que não consegui tudo que eu queria nestes sete anos, mas comparado à realidade em que vivemos, qualquer inclinação positiva na vida é bem vinda. Portanto, eu não tenho do que reclamar. Eu subi e o mérito é todo meu, principalmente por enfrentar as consequências de difíceis escolhas que precisei tomar nestes anos.

Ainda sobre os trabalhos, foram sete anos de experiências incríveis. Trabalhei, sempre na minha área, para empresa privada, para o legislativo, para o executivo, para o judiciário, para jornal impresso, online, em campanha política, fiz meu próprio site; fui assistente, assessor, analista, diretor, editor, repórter, coordenador, meu próprio chefe. E consegui a proeza, graças a minha organização e disciplina, uma forma de trabalhar para mim, com o meu horário, da forma como eu acho melhor.

Vale lembrar que foram sete anos aqui em Goiânia, mas que já completo minha primeira década no mercado de trabalho, e trabalhando em tantos lugares com tantas funções, mesmo conseguindo sempre algo melhor emprego após emprego, cliente após cliente, eu sei que isso pode mudar. Pode chegar o momento em que eu tenha que regredir para poder avançar e eu tenho plena consciência disso.

Mas também não posso deixar de me vangloriar por dez anos de vida profissional subindo degrau por degrau sem ter descido nenhum até agora. Isso é muito bom. E é isso que faz parte do complexo de motivações em mim para me lançar otimista rumo a mudança que vem pela frente. Sei que os próximos meses não serão fáceis, mas eu estou pronto para o que vier.

Ainda tenho vivido um dia de cada vez, sem deixar que a ansiedade tome conta de mim. Acho que também posso agradecer por condições como ansiedade extrema, depressão ou outros problemas graves físicos ou emocionais não terem grande impacto na minha vida, o que me faz sentir mais obrigação de ir adiante. Como não tenho nada que me impeça, eu preciso fazer esse tipo de coisas que pessoas que não conseguem, por ter algum tipo de limitação, gostariam de fazer ou fazem mesmo com tantos obstáculos.

Mas é isso. Isso soa como uma despedida, e é. Mas é também um motivo para comemorar!

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Ou eu vou ter que me bastar

Por anos tenho ido a lugares e, em quase todos para bem dizer a verdade (quando estou solteiro), meus olhos procuravam/procuram pelo homem perfeito, o Amor da minha vida. Em bares, baladas mercado, parques, viagens, independente da minha companhia eu procurava por homens, homens e mais homens. Rolando as redes sociais, mesma coisa. E bem provável que continuará a ser assim.

Mesmo em relacionamentos, minha ideia é/era construir o ideal. Não posso dar certeza disso, mas que eu me lembre, sempre procurei pelo homem para amar que fosse destemido, culto, sem preconceitos, sem preguiça, que soubesse falar sobre tudo, mas que tampouco apreciasse o silêncio, dentre tantas outras qualidades. 

Também procurava/procuro o homem que não tinha vícios extremos e que goste de trabalhar, não mais do que viver, e que cuidasse da própria saúde. Neste homem, buscava/busco a pessoa que trate bem a própria família, que não reclame de tudo demasiadamente e que me surpreendesse frequentemente. Parece até que é pedir demais.

Mas claro que, por encontrar esse ser, eu quero ser para ele tanto quanto ele é para mim dentro desses termos de exigência. E por anos eu acredito que fui me tornando nessa pessoa. A questão é que é uma luta diária e não é algo que se conquiste uma vez e pronto, é algo a ser conquistado sempre, por que não são coisas fáceis de introduzir nos hábitos.

O fato do texto de hoje é que, agora em que provavelmente eu volte a ser solteiro, posso continuar, sem problemas, procurando por este homem, porém tendo consciência de que ele não existe ou de que eu não tenha sorte, eu vou ter que me bastar, e isso não é ruim. Eu preciso me bastar, até o ponto em que as pessoas que eu ame e queira junto de mim dia após dia, sejam elas mesmas da forma como quiserem (com exceção de que me façam sofrer) e que isso esteja ok pra mim.

Eu acredito que eu tenho tanto a aprender. Mais especificamente sobre relações. Por exemplo, eu não quero morrer só, mas não quero estar com alguém só para não morrer sozinho, mas sim por que amo aquela pessoa e realmente quero comigo. E essa premissa serve para várias outras coisas. Eu quero muito aprender a amar de verdade, o Amor do jeito que acredito e tenho fé.

Mas para tudo, eu terei que me bastar!

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

A Dose de Nostalgia

Todo ano, no mês de outubro, depois das primeiras chuvas que caem após meses de seca, eu começo a sentir, junto a umidade e o frescor temporário do tempo, nostalgia de épocas que já ocorreram há mais de uma década. Primeiros amores, trabalhos, faculdade, fixação de relacionamentos amistosos que duram até hoje, poder beber álcool legalmente, a transformação de um adolescente em um jovem adulto.

Esta parte da minha vida me marcou tanto, pareceu tão intensa, tão única. Não sei, ao certo, se sou privilegiado, ou apenas sensível demais, por que foi um turbilhão de emoções. Dos 14 aos 22, mais especificamente os 17, me fazem lembrar de tantas coisas, boas e ruins, mas mais boas, que me fizeram ser o que sou hoje.

Mas, antes mesmo disso tudo, também sinto saudades da infância que lembro antes dos 13, fase que se distancia mais e mais a cada dia. Lembro de coisas que eu fazia e que eram incríveis e outras que eram ridículas. Coisas consideradas incríveis como, por exemplo, pequenos filmes em Stop Motion que eu fazia com a câmera da minha mãe e com meu bonecos power rangers; livros escritos e ilustrados por mim, feitos a mão; e até estudar enciclopédias por conta própria sem ninguém - nem professores - ter pedido.

Mas coisas ridículas também, como brigar com amigos por motivos irrelevantes e mesquinhos, mentir para parecer alguém que eu não era ou até tomar uma dose de pinga apenas porquê era proibido. Esse fato da dose de pinga, inclusive, foi o que lembrei e me motivou a escrever esse texto, acredite se quiser.

Acredito que eu tinha lá meus 11 anos, havia acabado de fazer a refeição em um daqueles almoços de domingo de família reunida com visitas e, por algum motivo, tinha uma garrafa de pinga e eu quis tomar. Minha mãe disse que não, obviamente, e meu pai disse "deixa ele". Eu tomei uma dose inteira, naqueles copinhos próprios pra isso, e foi então que aconteceu:

Meu esôfago e, logo depois, o estomago, começaram a rejeitar aquele líquido etílico de forma que senti uma queimação absurda. Mas eu não falei nada, fingi que estava tudo bem, eu era o bonzão, só que poucos minutos depois, disfarçadamente, eu me afastei de todo mundo, procurei um lugar não visível no fundo da casa e coloquei tudo pra fora.

Metáfora como essa não é muito difícil de interpretar, né? Fazer coisas consideradas proibidas e, mais do que isso, tomar pra si coisas que além de não serem necessárias, coisas que também você nem suporta. Definitivamente, aquele não era o momento de eu beber álcool. Na verdade, hoje, eu acho que o ser humano nem deveria beber, mas considerando que a sociedade incorporou as bebidas alcoólicas no dia a dia como uma atividade de lazer, é válido.

Continuando a metáfora da dose, há também a dose de nostalgia que cada ano parece ser maior. Acho que no fundo eu só queria fazer essas ligações mesmo. Não tome algo que você sabe que não vai aguentar, ouça sua mãe, vá devagar nas coisas, sei lá... E também que eu sinto muita nostalgia quando começam as primeiras chuvas do segundo semestre.

Na muito consistente. Carpe Diem!

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

365 dias de Normand

A terra deu uma volta completa em volta do sol e, em algumas horas, estará passando pelo mesmo lugar em que passou quando um beijo de amor verdadeiro foi dado. É clichê, mas é verdade. Naquela noite você me salvou sabia? Fez eu reforçar minha crença, que estava um pouco abalada, sobre quase tudo que há de bom no mundo quando se trata de dividir com outra pessoa.

A partir daquele dia, e daí então semana após semana, mês após mês, você fez eu acreditar que alguém tinha motivos pra me amar, pra ficar comigo, pra não desistir de mim, mesmo com meus defeitos e meus erros neste percurso. Da mesma forma fui eu, fazendo o mesmo por você, da melhor forma que eu podia e conseguia.

Se chegamos até aqui, é provável que estejamos fazendo o nosso certo dar certo. E eu quero continuar, antes de mais nada. Por que ficar do seu lado, te amar, te fazer carinho, te beijar, pensar em você, fazer as coisas com você, torna minha vida melhor, mais real e agradável. Além disso, também quero poder ser pra você a pessoa com quem você pode contar pra tudo, ok? Sempre.

Eu amo você, obrigado pelos 12 meses.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Tentativas de assassinato

Muito se fala da vida e sua importância. Para todos os cantos aos quais nos voltamos é fácil achar alguma mensagem sobre como a vida é única e deve ser vivida de verdade. É claro que eu não duvido, mas é que por trás das cortinas do palco da sociedade a hipocrisia é tão grande... e o pior, a cortina está aberta escancarada.

São alimentos feitos de produtos químicos que não temos ideia do que sejam, mas que sabemos que fazem mal. São governos que fazem o oposto do que deveriam fazer. São pessoas lotadas de ódio, prontas para atacar a quem não concordam. Trabalhos estressantes e repetitivos que no adoecem. Me sinto como se estivessem tentando nos matar a todo momento em todo lugar.

É difícil viver assim. Claro que não vivo na miséria, mas em casos como o meu, em que você tem acesso a informação sobre como tudo poderia ser melhor e tem consciência de que quem tem grana para isso pode sim viver melhor, é frustrante. Quem dera eu vivesse na ignorância dos que vivem bem com o pouco que tem sem saber ou se importar com o que não podem custear.

Escrevendo isso, até me vem uma pontinha de pensar que eu poderia ser assim, sim, mesmo vivendo a vida que tenho. Oras, não é por que alguém vive na miséria e é feliz que essa pessoa é ignorante. Não é bem isso, mas é quase.

O ponto chave aqui, de toda forma, é que é difícil viver quando todos querem nos matar. O pior é que quase todos são vítimas e assassinos. Muito que odeiam o presidente, por exemplo, querem o matar e ele, indiretamente, tem matado pessoas. Afinal, não somos todos iguais? A premissa de que o presidente poderia estar matando pessoas, não nos dá o direito de querer matá-lo, por mais que isso evitasse novas mortes.

A mudança teria que vir de nós, mas o nós dificilmente vai existir. Eu sigo tentando não querer a morte de ninguém, mas isso jamais vai impedir que a minha morte seja evitada. Até por que, mesmo querendo que ninguém morra, posso eu estar diariamente me matando aos poucos. Não é paranoia, apenas uma visão metafórica.

O que não deixa de ser tão triste.

Mesmo assim, me apego as esperanças das gotas de vida de verdade que pingam sobre mim vez ou outra. Estar com quem amo e fazer coisas que eu realmente gosto, por exemplo. Eu sei que se meus dias fossem apenas disso, talvez eu não apreciasse tanto estes momentos, mas os momentos que tem me feito sofrer, realmente precisam existir? Eu estou fazendo de tudo para eliminá-los, aí eu descubro.

Depois eu conto, isso se não me matarem antes.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Procurando e conseguindo emprego

Era uma tarde ensolarada - não lembro data e nem dia da semana, apenas o mês e o ano: abril de 2013. Cheguei em Goiânia com minha mãe, mas para morar sozinho e, antes mesmo de saber onde eu iria residir, comecei a botar em prática o plano de procurar por empregos, como havia ensaiado e pesquisado antes de chegar na cidade.

Os passos que tomei, paralelamente, foram simples: Procurar por sites que ofereciam vagas de emprego, participar de grupos no Facebook que ofereciam oportunidades de trabalho, falar com conhecidos que moravam e trabalhavam na cidade e, claro, imprimir currículo e entregar a torto e à direito. Acredito que foram esses os métodos que utilizei há sete anos atrás.

Dia após dia foram surgindo as possíveis oportunidades para as quais eu enviava meu currículo, um papel com dados pessoais e pobre em experiências na minha área, já que precisei trabalhar em outras áreas que pagavam meu sustento. Mas apareciam e eu metia e-mail, até mesmo para vagas foram da minha formação de comunicação social habilitação em jornalismo.

Lembro que foram dezenas, ou até centenas, de currículos entregues ou enviados online e, com o passar das semanas, poucos retornos. Um dos primeiros, que eu me lembre, era para trabalhar como projetista de ambientes planejados, já que dentre minhas experiências era essa a mais relevante. Foram quase dois anos em uma loja projetando ambiente enquanto eu estudava jornalismo.

Enfim, me chamara para está loja de móveis planejados, e eu que nunca fui muito comum, já percebi de cara que era treta. Os dois sócios não tinham um show room ainda (loja montada com ambientes fictícios para apresentar os produtos) mas já tinham o espaço alugado o que me causou estranheza.

Dos sócios, um nunca aparecia e o outro só ficava no telefone ou falando abobrinha, chegando inclusive, a cortar as próprias unhas na mesa em que trabalhávamos. Após menos de uma semana bato a real e disse que aquilo não era pra mim, simplesmente não dava e o salário não era nenhuma maravilha também.

Dei uma pausa, voltei à minha cidade no interior do Mato Grosso para a festa de formatura e concluí tudo o que tinha pra concluir lá. Retornei a Goiânia e continuei procurando empregos com mais intensidade. Deixei currículos em livrarias, mercados, loja de automóveis, enviei para todas as vagas da minha área que apareciam até que brilhou no horizonte uma esperança. Me chamaram para uma entrevista para uma vaga na minha área.

Não recordo se tive outras entrevistas do tipo, mas recordo que nenhuma me atraiu como esta. Era em uma empresa de cosméticos/alimentos (na época não me causou estranheza como causa hoje), mas fui. Fui entrevistado pela farmacêutica responsável... RH? também não me espantou a falta na ocasião.

Fiz o texto que a mulher pediu sobre marketing multinível. SIM. Naquela época eu não fazia ideia é isso significava uma coisa: esquema de piramide, só que "legalizada". De toda forma eu fui contratado, e pelo menos não era pra trabalhar como integrante da "rede" como eles diziam, pois a palavra pirâmide era proibida (risos).

Eu trabalhei, de certa forma na minha área, mas o foco eram redes sociais e os sites da empresa. Foram meses gostosos de trabalhar, apesar da distância da sede. Eu cheguei a pegar dois ônibus para ir e dois para voltar, saindo de casa antes do sol nascer e chegando em casa depois de ele se pôr. Mas eu tive forças para isso, o almoço lá era bom, e eu lembro de ser bem tratado por todos.

Era um equipe querida, até mesmo os patrões (uma família) muito peculiar e bem esquisita, cheia de manias estadunidenses e religiosas, uma "bagunça danada". Apesar disso, não durou nem oito meses, já que me especializei num curso e pedi ao patrão um aumento que se equiparava ao piso mínimo da minha profissão. recebi um NÃO, e decidi deixar o trabalho. De lá, ao menos, retenho momentos únicos.

Nesta altura, já era início de 2014, eu consegui, pela primeira e única vez, até agora, receber seguro desemprego. Para esse ano, era um bom dinheiro, e eu pude ter calma para continuar procurando emprego por uns bons quatro meses, até encontrar o lugar quase perfeito pra trabalhar. Vale lembrar que dentro desses meses fiz um teste que não durou dois meses em uma empresa de marketing e publicidade que atendia bastante clientes.

Meu trabalho era mais voltado para programação, coisas das quais eu tinha noção, mas odiava. Apesar disso, fiz contatos e, alguns deles, mantenho até hoje. Vida seguindo, fui contratado por essa empresa, minha terceira oportunidade real em um ano de procuras e tentativas. Até hoje não sei como tive a "sorte" de ser contratado, já que cheguei super atrasado na entrevista, coisa que eu nunca faço e por eu não ter tanta experiência quanto eu achei que tinha para trabalhar lá.

Eram clientes grandes, apesar de uma agência de comunicação pequena. Eram trabalhos bem relevantes, mesmo que a maioria focados em assessoria de imprensa. Minha relação com essa empresa salvou metade do meu tempo útil profissional nesses últimos sete anos, já que estive ligado a ela por quase seis anos, sendo desligado, oficialmente, em 2020 por conta da pandemia.

Durante esses quase seis anos, muitas coisas aconteceram, especificamente falando do meu trabalho nesta terceira empresa. Fui demitido dela após um ano de trabalho, consegui um emprego como repórter em um jornal impresso, meu primeiro trabalho em redação e quarta oportunidade em Goiânia. A experiência neste jornal foi única, mas curta, pois quiseram me demitir no terceiro mês, o que achei injusto.

Por sorte, ou não, a empresa que havia me demitido, quis me recontratar de imediato. Me chamaram com um salário maior e voltei feliz. Era época de vacas gordas, ao que parecia e continuei tirando muito proveito de tudo que aprendi e continuava aprendendo lá e foi assim por quase mais dois anos, até que, dessa vez, eu é quem quis sair, eu ansiava por novos desafios. Pedi as contas.

Novamente, por sorte ou não, eles não quiseram se desligar de mim. Ofereceram um contrato, sem carteira assinada, onde eu emitisse nota fiscal e continuasse trabalhando para eles, mas via home office, isso em 2016. E foi assim que eu mantive, ano após anos, minha relação com essa empresa, até o fim, talvez não definitiva, neste ano de 2020.

Só que, estando em casa, eu não trabalhei apenas para essa empresa. Isso me possibilitou fazer dela uma cliente, e assim procurei por mais clientes. Eu via em coisas como eventos em outdoors ou em redes sociais, oportunidades de oferecer assessoria de imprensa, que foi, das coisas que aprendi a fazer, o que eu mais gostava na época.

Consegui clientes, mas mais do que isso, consegui minha segunda oportunidade em uma redação de jornal. Graças a um contato que fiz durante essa jornada e que me alertou da vaga. Desta vez era um jornal focado no site, um dos mais acessados do Estado de Goiás. Essa foi outra oportunidade foi de ouro, e teria sido mais se, novamente, o chefe maior não fosse tão deslocado da realidade e sem senso de recursos humanos.

Apesar disso, não reclamo, foi um trabalho excelente e me proporcionou conhecer tanta gente, aprender tanta coisa. Eu não queria deixar, mas segui meu coração, que busca ser tratado bem em um lugar onde eu fico tanto quando na minha própria casa.

Já que o texto está ficando grande demais e eu to cansando já, vou tentar finalizar. Após os clientes que tive durante os últimos cinco anos, a oportunidade que tive na redação do último jornal que trabalhei e durou cerca de 11 meses e a dispensa da agência com quem trabalhei por tanto tempo, decidi largar tudo e me dedicar a uma das melhores oportunidades que me apareceram nos últimos anos: trabalhar para o governo.

Como comissionado, fui contratado com um salário quase justo, o melhor que já tive, e um emprego de 40 horas semanais na sede da secretaria para qual eu ia prestar serviço. Era voltar as raízes, só que agora, ganhando melhor. Vale lembrar também que esse emprego surgiu, por que um contato que eu fiz enquanto trabalhava em um dos jornais me chamou por que lembrou de mim e do meu trabalho.

Acontece que, nem cinco meses se passaram e eu vi que essa oportunidade não era pra mim, por isso, cá estou finalizando o texto dizendo que, ao ser exonerado, eu estarei sem emprego, e começarei "quase" tudo de novo. Continuo animado, mas ansioso e com medo, claro. Eu confio em mim e esses anos todos provam isso.

Não há o que temer. Sempre haverá oportunidades, é preciso acreditar e correr atrás. Sei que poderá ser difícil, ainda mais nessa época, mas também preciso saber lidar com as consequências de não permanecer em trabalhos que pagam, mas que não dão qualidade de vida merecida.

Eu sou humano e devo ser tratado como tal. Depois eu conto o que aconteceu.

terça-feira, 28 de julho de 2020

Top 7 países europeus para conhecer/morar

Uma das melhores decisões que tomei durante a "quarentena" de 2020, como vou chamar aqui, foi comprar um curso EAD sobre a Geografia Turística da Europa. Apesar de simples e curto, o material foi totalmente esclarecedor no que diz respeito ao continente onde quero viver um dia. Trazendo informações prioritariamente turísticas, mas também outras das quais eu não fazia ideia, me fizeram ficar ainda mais encantado por esta parte do mundo. Sem contar que eu amo geografia de coração.

Depois de concluído e aprovado, decidi escrever aqui, considerando meus critérios pessoais e os que aprendi no curso, os países europeus que mais quero conhecer. Isso me ajuda a ter esperança enquanto passamos por momentos tão difíceis. Então vamos à lista:

1. Portugal
De um ano pra cá toda minha atenção foi voltada para este país. Portugal se tornou meu foco. Se tudo der certo, irei conhecer este lugar em novembro e tirar a limpo tudo que eu ouvi falar e por tudo que eu vi pela internet. É a porta de entrada dos brasileiros, acho muito justo que seja mesmo o primeiro país a ser conhecido por nós.

Acho, ainda, que Portugal, como nação, deve muito ao Brasil, assim como vários dos países colonizadores. Mas não podemos ignorar o fato de que é uma cultura rica, como diversas outras, e merece ser conhecida. Mas este país não interessou tanto apenas pelo turismo, fiquei animado pelo fato de a qualidade de vida (segurança, saúde entre outros pontos) estar em destaque como uma das melhores do mundo.  Por isso tudo, e outras coisas mais, decidi listar Portugal como a primeira da lista.

2. Dinamarca
Para ser bem sincero não sei bem por que escolhi a Dinamarca como segundo. Mas sabe quando você sente uma sensação de que você esta ligado a algo? Assim me senti quando estudei a Dinamarca. Parece que no meu inconsciente algo me chamou atenção e me fez querer visitar este lugar a todo custo. Algo parecido com o que sinto quando se trata do Canadá.

Ler sobre a Dinamarca, sobre ser um país seguro, com pessoas queridas, analfabetismo e desemprego zero, pontos turísticos baseados na natureza. Isso tudo me dá uma motivação tão grande. Se for verdade, já estarei lá em breve.

3. Grécia 
Aqui a medalha de bronze. E bota bronze nisso, por que a Grécia é incrível demais. Eu olho as fotos desde sempre e, antes mesmo do curso, pensava na Grécia como um dos primeiros países da Europa que eu gostaria de conhecer. História milenar, prais incríveis, ilhas encantadores, arquitetura única. Não tem muito como fugir de ter que explicar o por quê escolher a Grécia como um dos primeiros lugares a conhecer neste continente.

4. Islândia
É frio demais, tenho certeza, mas sabe que não tem poluição, que a expectativa de vida é alta, que não existe turbulência de cidade grande, é um atrativo pra mim. Apesar de gostar de lugares que lotam, eu não gosto da lotação em si. Islândia é uma das únicas ilhas e um dos únicos lugares no extremo do planeta, que eu me atreveria a visitar.

5. Andorra
Olha, eu não conhecia esse país há três meses atrás, e quando descobri a existência dele na Europa fiquei chocado. Chocado por ser tão pequeno e tão expressivo. Também é de analfabetismo e desemprego 0, muito seguro, lugares turísticos incríveis e não tem nem sequer aeroporto. Parece um ótimo canto do mundo para se esconder, chego me arrepio de pensar em morar num lugar como esse, conhecer então, com certeza vou. Quem sabe um dia.

6. Espanha
Acredito que, quem não se encanta com a Espanha mesmo nunca tendo conhecido pessoalmente, não pode ser do tipo que gosta de viver bem. Pelo que vi em filmes, pelo que ouvi de amigos que visitaram esse país, e pelo que estudei, é óbvio que eu precisava incluir esse país na minha lista. A Espanha me parece um lugar para ser feliz, definitivamente.

7. Suíça
Se tem algo que me deixa encabulado, são montanhas. Dos morros que conheço que já não são muito altos, me dá vontade de ficar encarando, olhando, apreciando. Imagina eu em um país onde na maior parte do território existem montanhas nevadas como na Suíça. Tenho certeza que eu perderia horas reverenciando estes lugares. Eu quero estar lá também, sem dúvidas.

Vale lembrar que a Europa possui 50 países, né? Então aqui não falei nem de 15% deles, mas os que mais me chamaram atenção. Vamos ver, agora, se quando eu conhece-los, vou mudar de ideia, ou não!

Carpe Diem

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Abrir reclamação

Não é de ontem, de hoje, nem será de amanhã que vamos usar os meios mais fáceis que tivermos à nossa disposição para fazer reclamações. Reclamações são importantes e após discutir com amigos sobre a necessidade e fisiologia de objeções, percebi que não há um ponto de acordo sobre fazer bem ou não ser 'reclamão'.

Reclamar por vezes é bom, mas eu particularmente me sinto envergonhado após reclamar de problemas ou das coisas com as quais eu não concordo. Isso por quê, muita das vezes essas reclamações, mesmo que graves a mim, são tão superficiais à maioria da população, justamente por elas passarem por coisas muito piores.

De toda forma, mesmo que os problemas que eu viva são os problemas que me abalem, há coisas que poder ser substituídas pela reclamação, e a principal dela existe na própria palavra reclamação: AÇÃO. Agir, por acaso, não é tão fácil, por isso acredito que sobra reclamar.

"A o sistema é podre, corrupto e não mudará", por exemplo, acredito que é uma das reclamações mais constantes na minha cabeça. Ao menos eu, do alto dos meus 29 anos, tenho feito o possível para que, pelo menos o sistema da minha vida, não seja igual ao do planeta.

Apesar de não conseguir eliminar o consumo de carne, ou de parar de gerar tanto lixo ou mesmo cuidar melhor da natureza, de certa forma, que vejo como coisas imprescindíveis, eu ao menos me reservo ao direito de não ser alguém corrupto nas pequenas ações, me tornando, muitas vezes, antiquado e sistemático.

Tenho muito a aprender e tô anos luz de ser um exemplo, mas as pequenas ações que eu posso realizar para mudar a realidade a minha volta, eu tenho feito. Já somos quase 8 bilhões, e se todos fizessem sua parte sabemos que tudo ia ser melhor.

Claro que não é tão simples, como por exemplo, as coisas ruins que são feitas "em nome de coisas boas": em tempos de pandemia você ficar isolado em casa, não se pondo em risco e nem pondo pessoas em risco, mas optando por comida delivery que resulta num apoio à um tipo de trabalho precário aos entregadores e a geração de muito mais lixo nem sempre reciclável.

Existem inúmeros outras ações ruins que são feitas por boas, e ao contrário também. Muitas. Além disso, chegamos a um ponto, onde a população pobre, grande maioria no mundo, não tem tempo, disposição e nem sequer acesso a informação para poder ajudar o mundo a ser um lugar melhor.

Quem conhece uma pessoa vegana? Que tem composteira em casa? Que não gera lixo, optando apenas por embalagens reutilizáveis? Que reutiliza água não potável no vaso sanitário que seja? São raros ainda, mesmo que crescentes. Mas raros, por que são privilégios de pessoas que vivem em um mundo estruturado para atender quem ganha mais dinheiro.

É preciso muito força de vontade para quebrar o sistema, construído para os ricos, e começar a transformar o mundo em um lugar melhor. Tudo começaria pela educação, e aos poucos, passaria para economia, segurança, saúde e outras intendências que se tornaram pastas políticas nos governos que vem ditando ano por ano o que deve ser feito e que acaba, sempre, privilegiando os mais abastados.

Aí voltamos ao que? À reclamação. Na verdade, este próprio texto é uma reclamação. Inclusive, será que todo texto que eu faço é uma? Espero que não.

Só queria concluir, de modo a ter uma percepção de esperança, escrevendo que reclamações são muito importantes, mas agir é muito mais importante. Mudar a realidade a sua volta, começando por você, provavelmente será sempre difícil, seja alguém pobre ou rico (mais difícil pros pobre, sempre), mas não impossível.

Vamos agir?

Carpe Diem

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Mudança

Quando me mudei para Goiânia, capital de Goiás, há pouco mais de 7 anos, em 2013, me sentia acuado pela cidade. Mesmo vindo todo ano do interior de Mato Grosso onde eu morava, as vezes até mais de uma vez, para curtir as férias, feriados, fazer cursos ou visitar familiares, mudar para esta cidade, no começo, me fazia sentir pequeno.

Eu olhava pela janela dos ônibus que eu pegava para procurar emprego e via tanta gente, tanto prédio, tanta bagunça, era ali que eu morava agora, era conflitante. Quando eu olhava também pelas janelas dos apartamentos que fiquei - de parentes e amigos até achar um lugar pra morar - observava as luzes e sentia medo, insegurança

Era um misto de pavor com ansiedade. Eu precisava arranjar um emprego, um lugar pra morar e uma nova vida pra tocar, e os primeiros meses não foram fáceis. Não lembro se pensei em desistir, acho que não, mas eu lembro que, conforme as coisas iam dando certo, eu deitava pra dormir e simplesmente não acreditava que aquilo estava acontecendo.

Tudo foi vindo da forma que dava. Lugares pra morar, empregos pra trabalhar, contas pra pagar e os demais prazeres de uma vida adulta. E, com o passar dos anos, fui conseguindo encontrar cantos melhores pra viver e ofícios com salários mais atrativos.

Dessa forma, fui enxergando melhor a cidade. Fui entendendo como tudo e todos funcionavam, conhecendo e perdendo o medo, a insegurança dessa pequena bagunça que era Goiânia. Me acostumei e adotei-a, finalmente, como um lar.

É um resumo, porque o que eu quero dizer mesmo com isso tudo, é que hoje, depois desse tempinho, parece que algo mudou. Apesar de conseguir bons resultados em todos os âmbitos possíveis, e dizer que sim, tive sucessos, eu tenho planejado algo que, agora, me faz olhar pelas janelas e não ver mais esta cidade como um lar.

É como se do medo ao costume, do incerto à atração, tivesse, então, uma terceira fase, a do desencanto. É como se o tempo que passou fosse este mesmo necessário para findar perto de onde decidi que deva.

Faltam poucas semanas para que eu deixe a capital de Goiás e parece que já chegou mesmo a hora de dar adeus. Estes tipos de despedidas sempre foram diferentes em casa uma das que ocorreram. E foram muitas. Já vivi em outros quatro lugares e, em cada um, o fim aconteceu de formas variadas.

A última, de Barra do garças, Mato Grosso, para cá, por exemplo, foi gradual. Eu vim com algumas das minhas coisas, voltei para participar da festa da minha formatura, depois retornei até arranjar um emprego e, então, voltar novamente para MT e buscar o resto das minhas coisas.

Já esta próxima mudança, totalmente radical, diga-se de passagem, será parecida com as outras que tive, mas me recordo pouco: rápidas e definitivas. Ou seja, pegar tudo e vai com Deus. A diferença é que essas, eram com a família de sangue. Desta vez, vou com a família que escolhi.

Por fim, basta aguardar o dia e a hora chegar. Pronto já estou. Pensar nisso me deixa bem esquisito, mas é bom. É, novamente, a sensação de que chegarei em um lugar e olharei pelas janelas e me sentirei acuado e inseguro. E isso quer dizer uma coisa: que eu vou lutar para vencer essas sensações e, de novo, tornar o novo lugar meu lar.

Carpe Diem

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Nada nunca foi como antes...

...E se parece ser, tem algo errado!

Desde de que eu me entendo por gente, durante as diferentes fases da minha vida e os poucos percalços que tive, por crescer com privilégios, percebia mesmo assim que nada era constante. Sempre havia algo à espreita que parecia trazer algum tipo de sofrimento, problema ou dificuldade pra mim e todos a minha volta.

Meus primeiros anos de vida, dos quais não tenho grandes recordações e sei mais por histórias e fotografias, foram em um sítio, e parece que nesta época, apesar de eu ver fotos de uma vida tranquila, meus pais sofreram um bocado, principalmente minha mãe.

Prefiro entrar em detalhes depois disso, entre os 4 e 10 anos de idade, quando morei em casas simples no interior do Estado de Mato Grosso. No começo, para se ter ideia, nem energia 24 horas havia na cidade onde morávamos. Mas este não era o problema.

O problema era que, já desde pequeno, precisava eu enfrentar os preconceitos cravados na sociedade que existem, claro, muito antes de mim. Era meu pai com seu discurso de que com homem tudo era resolvido de forma diferente do que com mulher: tinha que ser mais bruto, tinha que trabalhar mais, não podia ser sensível, dentre outras coisas.

Além de ter infância dentro de casa guiada desta forma, o que também fez com que eu me tornasse machista quando dizia respeito a alguns assuntos os quais trabalho até hoje, também sofria com pequenas desavenças na escola, com os garotos mais rústicos e, claro, possivelmente héteros.

Passei por isso, sem apanhar ou ser julgado em público por ser afeminado e diferente, mas sofria frequentemente com acontecimentos pontuais que me faziam sofrer dentro ou fora de casa. Isso sem dizer o que eu via pela TV, ou mais tarde pela internet, o que acontecia pelo mundo com pessoas como eu.

Só então depois dos meus 16, começaram a surgir pessoas a minha volta que tornavam tudo um pouco mais fácil. Eram pessoas que, por dentro, se pareciam muito comigo. Isso foi no final do colegial e início da vida acadêmica e foi muito importante que pessoas assim aparecessem.

Ter ao meu lado, durante minha transformação de um adolescente à um jovem adulto, pessoas parecidas comigo nas suas ínfimas particularidades fez toda a diferença. Se eu evoluí o mínimo que evoluí, foi por ter este tipo de gente comigo. 

Mas essa fase não foi mais fácil só por ter pessoas que me ajudaram na descoberto mais ampla do meu eu. Ainda assim precisei conciliar vida afetiva, profissional e acadêmica durante 5 ou 6 anos para provar ao mundo que eu poderia ser um bom escravo.

Havia objetivos, metas, trabalhos e exigências por todos os lados, mas grande parte dos frutos deste meu esforço eram recolhidos por outros. E não quero parecer ingrato, mas o trabalhador que conhece o seu trabalho, sabe o quanto ele vale, e durante quasse toda minha vida senti que nunca fui reconhecido ou pago o suficiente pelo que eu sabia fazer.

Foi nesta fase que comecei aquela coisa do "ficar mais no trabalho do que em casa", lembrando que eu ainda precisava estudar para me formar e satisfazer meu prazeres pessoais, que ficavam em último lugar, seja pelo cansaço ou por eu não conseguir dar mais atenção a isso.

Então, vencida a corrida pelo diploma e aprovação profissional (dos trabalhos feitos enquanto eu tentava conquistar o canudo), veio a maior mudança de todas, a qual dura até hoje: sair do teto da casa da mãe e enfrentar o mundo quase que 100% sozinho.

A mudança ocorreu de todas formas possíveis, mudando de casa, e cidade, de rotina, tudo mesmo. E desde então, nestes quase 8 anos vivendo dessa forma, muitos dos desafios continuaram parecidos, mas com um plus de que surgiram inúmeros outros para lidar.

Contas, saber dividir espaços físicos e mentais com pessoas que você não conhece, mas precisa, para poder dar conta das mais contas que iam surgindo, mais desafios no trabalho, desafios em transporte, saúde, alimentação... coisas de quem quer ser livre, seja lá o que isso quer dizer.

É difícil explicar, mas quem passa pelo que eu passei sabe do que estou dizendo, e também vão concordar comigo, caso tenham onde morar e sempre o que comer, que ainda tivemos sorte. Eu em especial, nunca fiquei mais de dois meses sem emprego nesta última década. E, para quem vive nessa era capitalista, isso é lindo.

Além de não ficar sem emprego, também nunca fui demitido por não fazer um trabalho de forma correta. Ao menos, as únicas duas demissões pelas quais passei (e fui chamado de volta em ambas vezes) foram por corte nos gastos - claro.

Pois bem, todos estes parágrafos podem ser resumidos aqui, mas foram importantes para que eu escrevesse passageiramente, no seguinte: NENHUM ano foi como outro em nenhum quesito. Eu dificilmente consegui completar dois anos trabalhando da mesma forma pra mesma empresa, ou amando as mesmas pessoas, ou morando com as mesmas pessoas, nos mesmos lugares.

Sempre havia algo, e nunca nada era como antes.

E pode ser que pra pessoas outras seja diferente. Algo como ter o mesmo emprego por cinco anos, o mesmo amor, os mesmos amigos, o mesmo teto, as mesmas conversas, o mesmo caminho, as mesmas viagens, roteiros, reclamações, rotina, mas... Se for assim, vê como parece ser tão errado?

Não que o meu estilo de vida seja o correto ou que eu fui dos mais felizes com ele, mas, agora que tudo no mundo inteiro parece dizer "nada será como antes"... Será que deveria ser? Será que tudo tem que ser como antes? Sejam coisas boas ou ruins, elas foram antes e, agora, precisam ser outras.

Claro, no fim, ou no meio, o que realmente importa é se você está feliz (feliz, eu acredito, é pensar que está tudo bem agora e nada pode atrapalhar isso), então se alguém segue o mesmo papel por anos a fio se sentindo assim, quem sou eu pra dizer que tem algo errado.

Mas aqui, agora, neste espaço fictício que escrevo para que qualquer pessoa no mundo - com exceção de cidadãos de países com restrição a internet - enquanto estou sentado, eu acredito que é possível que tudo fique bem se nada for como antes.

Vamos nos livrar de "tudo ser como antes", mas que isso faça as outras pessoas se sentirem bem!

Acho que é basicamente isso.

Carpe Diem

sábado, 16 de maio de 2020

A síndrome comunista dos escravos do capitalismo

A árdua tarefa dos escravos mais beneficiados pelo capitalismo é dizer como o comunismo é algo horrível e desprezível, passível de se tornar um xingamento. Durante discussões em que não respeitam a opinião contrária, principalmente quando se trata de política, já soltam um "seu comunista de merda", até mesmo para quem não concorda, também com o comunismo.

Acontece que, bastou um inimigo invisível, uma doença nova, para que as "conquistas" dos "imperadores" capitalistas, que xingam quaisquer outros sistemas de ideologia política e socioeconômica, pudessem ruir em meses. Logo, os donos do bolso mais cheio vieram correndo nos alertar que ficar em casa seria o fim dos tempos econômicos intergaláticos. Abrir mão dos lucros acima do necessário? Por enquanto não, eles não querem, obrigado.

Pense você, cidadão comum, que começou ganhando seu suado salário mínimo e teve a sorte de ganhar aumento, ser promovido, conseguir um emprego melhor... seu estilo de vida mudou também, né? Não adianta negar! O que você faz com seus 1500 a 3000 hoje, já não dá mais pra fazer com os 880 (isso em 2016) que você ganhava e servia, certo?

Agora pense aí com uns 2 a 4 dígitos a mais, possibilidade de comprar apartamentos sem precisar parcelar em 30 anos, carros caros, as melhores escolas particulares, fazendas, viagens internacionais, impostos (sobre os quais eles amam reclamar)... Seria difícil abrir mão disso, concorda comigo?

Não existe, na realidade de hoje, absolutamente nada de errado com ter essa vida se o dinheiro deles dá pra isso (salvo os - muitos - sonegadores de impostos), é o sistema. E, é assim que ele funciona.

Mas os bem afortunados, esses dos vários dígitos, virem dizer que estão preocupados com as famílias que vão morrer de fome por conta de ordens de isolamento social? Essas mesmas pessoas, vocês as viram, por exemplo, reclamar dos militares que pegaram o auxílio do governo que eram pra os que precisavam comer? Nem eu.

Pelo menos, creio que cada ser ainda é único, cada caso é um caso. Mas eu preciso generalizar aqui, que as pessoas do meu círculo que não concordam com, por exemplo, a ideia de um isolamento social e fechamento de parte do comércio, tem pensamentos muitos parecidos, a lógica de que o comunismo é algo horrível porque matou milhões de pessoas em situações onde seus regimes eram guiados por ditadores, tal qual, adivinhem: a igreja católica, as guerras, e também o próprio capitalismo, por que é ele que VEM, há CENTENAS de anos, MATANDO pessoas de fome, muito antes de uma doença.

Mas então, o que eu queria dizer com o título, afinal: quando os ricos, que possuem seus lucros nas alturas, graças aos empregados (que não podem parar, lembrem-se disso!), dizem que o sistema vai ruir, que mais pessoas vão morrer de fome do que por um vírus, elas também estão sendo comunistas. Sim! Vocês estão agindo como comunistas, achando que todos se igualam perante ao vírus.

Vocês, eles - na verdade - acham que todos são pários para morrer de fome, como se vivessem em um mundo igualitário. Mas, no fundo, vocês sabem que isso não existe e bem provavelmente nunca existirá.

Bom, óbvio que se você for daqueles raivosos, defensores do indefensável, ou não vai ler meu texto, ou vai se lixar pra ele.

Só que isso não muda o fato de que você, que reclama sem parar, dizendo que não concorda com isolamento, com fechamento do comércio, xinga uns políticos e autoridades que pensam diferente, defende com unhas e dentes quem nem, ao menos, se baseia pela ciência - você mesmo - está mais atrapalhando do que ajudando. Você está colaborando com o vírus para matar mais pessoas.

Se for essa pessoa que eu citei, e que está lendo até aqui, sabe o que você quer? Apenas abrir seu negócio e vender, não é nem prestar serviço, é só vender. Vai continuar pagando o mínimo que pode pro funcionário, sem benefícios adequados, sem tratar da devida segurança da pessoa, reclamando de pagar direitos trabalhistas e... divisão de lucros? Utopia pra maioria.

domingo, 26 de abril de 2020

Mentiram

Quando disseram que é mais fácil terminar um relacionamento do que tentar "consertá-lo", mentiram pra nós. Quando se trata da quebra de confiança de uma relação entre duas pessoas, por exemplo, nada dali pra frente é fácil. Não é justo medir o que dói menos, o que é mais difícil fazer.

É preciso ter coragem para acabar ou aceitar que as coisas chegam ao fim, por mais doloroso que seja. Ninguém é obrigado a conviver com dúvidas e incerto sobre o outro. Essa história de que é preciso consertar, talvez seja outro erro.

Ainda temos enraizado a história de que precisamos encontrar alguém que nos sirva para toda a vida. Mas a cada ano que se passa, eu preciso refutar isso. Não parece palpável que seja possível, pelo menos para mim, manter me fiel a uma pessoa pelo resto dos meus dias.

É tão doloroso quanto revoltante admitir isso pra mim, mas não tenho provas para combater o que digo. Pelo menos pelo que vivi dentro de mim. Cada ser humano é único, e se há quem possa se manter leal a uma pessoa, ótimo, espero que estes existam.

Eu estou novamente devastado e, dentro de mim, só tem existido um vazio doído. Não é fácil voltar a bater de frente com a realidade. Principalmente quando vários meses seguidos de amor, paixão e felicidade bruta me cercavam.

Porém, e preciso lembrar, também, que somos por nós, sempre. Estamos conosco e nunca nos deixaremos, não podemos. É preciso também, saber ser feliz sozinho, ser leal, fiel e fazer de tudo por si mesmo é fundamental.

Não há necessidade de se fazer sofrer de forma que não se viva. A dor, o sofrimento, a raiva, a tristeza, isso tudo existe e é real, mas isso não pode fazer com que surja uma nuvem a frente dos nossos dias que estão por vir.

Os sonhos continuarão como meta, vão se realizar. A felicidade vai aparecer de novo, ela não é contínua, são fases, só precisam ser frequentes. É preciso descansar e refletir.


domingo, 1 de março de 2020

Fim de domingo

A nostalgia bate, pois os fins de domingos que me vem a cabeça, na maioria das vezes, são os que colecionei com a família na infância. Seja os domingos em que chegávamos de um acampamento incrível regado a banhos de rio, música sertaneja ou MPB, muito mato e quase 0 de contato com tecnologia e coisas do tipo, seja domingos em que ficávamos em casa juntos fazendo nada além de ver TV depois de ter almoçado em um restaurante da pequena cidade que morei no interior do Mato Grosso.

É um sentimento especial esse de fim de domingo, que guardo num lugar bem fundo no peito, e que pretendo repetir da melhor forma possível quando eu tiver minha família. Até por que, acho que isso pode ter me feito alguém um pouco melhor. É engraçado. Tô com muita saudade disso tudo hoje. Até de quando as vídeo cacetadas do Domingão do Faustão tinham mesmo graça e a única coisa que eu precisava fazer dali em diante era dormir pra ir pra escola.

Carpe Domingo

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Relacionar-se

Relacionamentos existem entre todo e qualquer grupo de pessoas que por si só já trocam algumas palavras, de cumprimentos a casamento, de xingamentos a violência física. É imutável que você irá se relacionar com pessoas dessa ou de qualquer outra forma se você vive em ambientes onde elas existam.

Pois bem, dada a introdução gostaria, agora, de segmentar o texto para o termo que envolve relacionamentos afetivos/sexuais, as consideradas ficadas, namoros, casamentos de todos os tipos, fechados, abertos, semiabertos e, principalmente, os definidos por acordos também.

Queria escrever sobre isso, primeiro, por que por si só escrever já é terapêutico para mim e, em segundo, por que quero dividir meu pensamento com pessoas que pensam sobre o assunto e pessoas que até já me atacaram pelo modo como penso.

Vá lá, o que eu penso é que, cada um, ou no caso, cada casal, deve fazer o que bem entende. Por Deus, eu sou gay e já tenho que defender que eu faço o que quero, que é me relacionar com pessoas do meu sexo. PORÉM, a minha ideia de defender que cada pessoa/casal deve fazer o que bem entende para exatamente no mesmo lugar onde acaba o respeito.

É triste, muito triste, ver e ter prova da hipocrisia de alguns gays em defender o relacionamento aberto e fugir do acordo com seu parceiro... Vocês percebem que em nenhum momento eu estou criticando o relacionamento aberto? Não tem nada mais lindo do que a liberdade.

Cara, eu já me relacionei com um casal, que só ficavam com um terceiro caso os dois estavam juntos, ou seja, ménage, grupal, etc, contanto que os dois estivessem juntos, mas depois, um dos dois ia me procurar, fugindo do acordo daquele relacionamento.

Outra coisa é a falta de respeito de casais de relacionamento abertos que acham que todos os casais do mundo devem ser abertos e insistem no flerte com casais de relacionamento fechado e, pior, flertando, às vezes, com apenas um dos dois, sem ao menos perguntar se há interesse ou se existe a possibilidade.

Enfim, é impossível impedir que essas relações ocorram, pois, como eu disse, relacionamento é algo que começa ali do simples "oi". Mas eu queria suplicar, para quem lê, que não seja essa pessoa do "tá tudo liberado"... Afinal, o que pode ser comum pra você, pode ser muito doloroso para seu próximo. Parece que o óbvio precisa ser dito e tatuado: é preciso que haja respeito!

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Sou extremamente substituível

Começamos o ano assim, com um título que aparentemente parece pessimista. Mas engana-se quem acha que ser substituível é algo ruim. Primeiro de tudo, é preciso aceitar isso, queira você ou não, sabendo ou não o por quê, pois isso é um fato.

Agora, eu tenho o meu por quê construído sob essa realidade: nós, que somos, sabemos ser e estamos bem em ser substituíveis, temos vidas incríveis. Nós fazemos o que queremos, nós temos experiências inesquecíveis conquistadas com o que réguas não podem medir, com o que calculadoras não podem somar, e com o que dinheiro não pode comprar.

Sabe do que eu estou falando? De ter noção da realidade em que vivemos. Eu posso ter falado sobre "nós" os substituíveis, mas dou certeza por mim quando digo que eu sei das minha limitações atuais, mas sei que elas não me impedem de ser quem sou e quem venho construindo ser.

Digo mais, nos últimos meses, quando pude resgatar a aceitação de ser substituível, parece que consegui sonhar novamente, planejar, criar, fazer tudo melhor, inclusive tentar ser um ser mais gentil, principalmente comigo mesmo.

Porém, tem um detalhe em ser substituível. Podemos sê-lo na vida profissional, amorosa, na roda de amigos, até na família, por incrível que pareça, e tem gente que sabe do que falo. Mas jamais, em hipótese alguma, seremos substituíveis para nós mesmos, e é por isso que aceitar esse fato, externamente à fora, é tão importante.

Só se vive uma vez, independente de quantas vidas teremos, ou da eternidade da alma, somos um. Dentro de si há um de você, ele nasceu e precisa viver, por isso, deixe-se ser substituível vida a fora, pois você substituirá, também, muitos lugares de outros que precisaram partir.

Carpe Diem e feliz 2020