segunda-feira, 2 de agosto de 2021

O que - ou como - foi que aconteceu?

Meados de janeiro de 2020, me ligam de um lugar X para oferecer uma vaga de trabalho, eu vou até lá, aceito trabalhar por um salário injusto e um cargo não específico, começo logo em seguida e me sinto totalmente perdido. Eu não sabia o que estava fazendo lá, não consegui ver necessidade na minha função, não havia liderança ou organização, algo do tipo.

Por sorte - será?! - recebo uma outra proposta na mesma semana com o salário muito melhor e um trabalho mais "relevante", digamos assim. Aceito na hora e largo o lugar X. Neste novo local de trabalho eu aprendo muito, mas a coordenação é extremamente desagradável e soberba. Me conheço a ponto de saber que não duro em lugares assim e agosto já estou fora.

O que faço? Decido planejar mudanças drásticas, sair do país, começar tudo do zero nem que seja para experimentar coisas novas, seja com o que for. Porém, sou impelido a deixar esse plano pra trás por conta da pandemia. 

Novamente recebo mais uma proposta de trabalho, desta vez para a campanha eleitoral de um candidato a prefeito na capital de onde havia acabado de me mudar. Volto, faço o trabalho e, nos últimos dias, já pensando em sair dessa cidade de novo, volto a receber uma proposta de trabalho do lugar X, aquele lá do começo.

Desta vez a proposta está mais concreta e eu ponho meu preço. A negociação é fechada e é a partir dali, dezembro de 2020, que algo começa a mudar. Não sei se é por conta de ter aceitado o trabalho sendo chefe de uma equipe dessa vez, o que antes estava em suspenso, mas eu começo a coordenar, organizar, demandar e as coisas vão fluindo.

Eu não sei o que, ou como, foi que aconteceu, que eu me tornei essa pessoa que sabia para onde estava indo e como levar mais pessoas comigo. Profissionalmente falando. Eu só sei que deu certo. Então, 8 meses depois, eu tenho celebrado, mês após mês, resultados positivos em todos os quesitos do meu trabalho.

Eu ainda não sei se foi um ponta pé do meu ser, ou a soma de todas as minhas experiências, ou ambas, mas eu sinto, pela primeira vez, que, além de estar fazendo algo que gosto e algo relevante, também estou construindo alguma coisa.

Engraçado que isso vai contra o texto anterior, onde digo me sentir um animal. Mas apesar de ser contrário, não é contraditório, por que eu sou um ser humano, e eu posso transitar tranquilamente entre o selvagem e o social. Eu posso e faço.

Este é o texto de agosto, e espero que o mês, aliás, me traga mais do que eu espero de mim e de tudo.