domingo, 29 de abril de 2018

Quando alguém me notar

Eu acredito que tenho o pé no chão. Eu confio que tenho pensamentos sensatos: Eu penso que tudo que é excessivo, prejudica; tudo que é pouco, precisa ser melhor dosado. Equilíbrio é a palavra, é a regra.

Mas eu vejo que, dentro do convívio na sociedade, é difícil, sim, manter esse equilíbrio. As relações, como dependem dos dois lados, trazem variáveis infinitas entre amor, ódio, construção, destruição, faltas e presenças.

Dentro disso, pelo menos na minha vida, sinto que falta, faltam pessoas e momentos. Isso tudo me leva a dividir as coisas comigo mesmo. É um pouco solitário. Não me sinto sozinho, nem desesperado por companhia. Mas nem tudo são flores.

Eu queria sim, tanto, uma família unida, mais presente, mais colaborativa. Sei que depende de mim também, mas não é suficiente. Nunca é. E quero, sim, um companheiro, alguém para participar comigo das minhas vitórias, dar ombro nas derrotas. Mas precisa ser recíproco.

Amor recíproco deve ser uma das únicas coisas que, ao extremo, não prejudica. Amor, em si, o verdadeiro, em excesso, não deve fazer mal. Acontece que, em mim, transbordo amor, próprio, e para ser compartilhado.

Sei que posso direcionar isso para outros rumos, como praticar o bem visitando asilos, me unindo a projetos que ajudam sem tetos, alimentando pessoas que não tem o que comer. É sério, isso. Mas e minha vontade própria, não conta? É isso, também.

Quando alguém me notar de verdade, e for notado por mim, com reciprocidade, como eu falei, será bom. Não devo ter pressa, tenho tempo, acho eu. Enquanto isso, trabalho, estudo, cozinho, caminho, faço tudo que faria com alguém, por que comigo também vale, e muito. Mas, quando alguém me notar de verdade... Ah!!!

domingo, 1 de abril de 2018

Jogo da Vida

Quando eu tinha entre dez e doze anos, pleno século XXI, eu e minha irmã ganhamos um computador. Aquele equipamento formado por blocos cor "branco encardido" que ocupavam um belo espaço no escritório da casa, rodando o legítimo (ou não) sistema operacional windows 95. Nossa, ficamos extasiados, não esqueço até hoje: havia escurecido há pouco e meu apareceu com aquela caixa que ampliaria nosso lazer e conhecimento. Mas só o computador não era suficiente, tinha que vir com um CD com praticamente todos os jogos do Super Nintendo. Felicidade sem fim.

Essa história e esses jogos por si só poderiam render diversos outros contos nostálgicos que marcaram minha infância, mas acontece que lembrei de algo específico hoje, sem razão aparente. O Jogo da Vida. Esse game que eu nem sei mesmo se chama assim, por que o jogo era todo em japonês, se baseava em caracterizar e nomear quatro bonequinhos estilo lego e colocá-los em um tabuleiro. Visivelmente eles começavam como crianças e com o passar da brincadeira eles iam crescendo e passando por provações.

Episódios escolares, fase da pré-adolescência, amizades, inimizades, relacionamentos amorosos, faculdade, trabalho, casamento, filhos, crises, momentos de felicidade e morte. Tudo acontecia naquele jogo. O mais incrível é que, mesmo sendo em outra língua totalmente diferente, eu e minha irmã conseguimos concluir o jogo, não uma, mas diversas vezes, sempre com fins diferentes. É uma boa lembrança, que me fez pensar nesse jogo durante a minha própria vida, mas que depois de crescer, o CD de jogos estragar ou se perder, eu nunca mais achei esse jogo em lugar nenhum.

Mas aconteceu, há poucas semanas atrás eu achei esse bendito game e fui jogá-lo. Só que o fim da história não é muito interessante, apesar de curioso. Eu não consegui nem passar da fase da escola, eu simplesmente não entendia o que estava acontecendo. As crianças só choravam, e aconteciam situações nada compreensíveis, e o tédio tomava conta daquele momento que era pra ser de pura diversão.

Deixei de lado. Fui cuidar da minha vida. Mas isso ficou na minha cabeça, até o momento em que decidi escrever e refletir sobre o pro quê de aquele jogo não me atrair mais. Seria pelo fato da minha imaginação não estar mais fértil a ponto de que eu precisasse ler aquelas legendas em japonês? Ou só que eu não tenho mais paciência para jogos eletrônicos ou de tabuleiro (salvo o PS4)? É difícil saber, apesar de não ser uma dúvida que me faça entrar em crise existencial.

Além das questões, achei interessante compartilhar como, às vezes, nem a criança interior se mostra presente. Ser ignorante, inocente, generoso, sincero e tantas outras virtudes vão se embora com o passar dos anos. E, com isso, o Jogo da Vida se torna cada vez mais difícil de jogar, mas não menos incrível, apesar.