domingo, 24 de setembro de 2017

Tarde demais

É certo dizer que nunca é tarde para nada, para tudo, para o que for. Mas, sempre há um mas, não quer dizer que não exista uma sensação de que algumas coisas estão tarde demais para acontecer ou começar. Ultimamente tenho sentido isso, e sei que passageiro ou ato falho, mas sinto, e sinto, ainda, que nada posso fazer.

Tenho medo de que tudo que eu sinta ser tarde demais vire uma bola de neve e que, aos 40, 50, 60, realmente seja tarde demais. Eu tenho apenas 26, mas já tenho 26, e apesar de ter conseguido fugir de diversas pressões que o sistema exerce, parece que sempre existe algo que te empurra, pra baixo, pra cima, para os lados.

Acontece que eu não estou conseguindo - isso é certeza - utilizar a pressão exercida sobre mim de um modo cem por cento efetivo. Acredito que eu esteja um pouco acima da média, falando sobre salários ou posição social, apenas por ter um pouco de sorte e de circunstâncias razoáveis. Agora, parece que não conseguirei ir adiante, parece que a sensação de que não farei algo grandioso, ou suficientemente rentável para ter uma vida regada de sonhos realizados, é cada vez mais concreto.

Não desisto eu dos sonhos, mas ser realista em certos pontos é dolorido. Esperança não me falta, mas falta com certeza algo dentro de mim que, fisicamente, me fizesse, supostamente, alcançar a glória de um salário gordo, uma carreira sólida, uma companhia fiel e viagens, casa, carros, enfim, tudo o que, atualmente, parece me ser felicidade material.

Não será tarde, espero, enquanto eu estiver vivo. Mas sensações como essa me corrompem um pouco, procuro gratificação em situações que, depois, me trazem asco. Eu preciso de ajuda desesperadamente. Vida que segue, dia que finda.