quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Despedida e motivos para comemorar

Eu não caibo em mim de tanta euforia por estar mudando novamente após tantos anos. Digo, uma mudança de grandes proporções. De longe não saiu como o planejado, mas acredito que isso tenha sido mais um empurrão promissor do que uma rasteira de desânimo. E, novamente, mesmo que eu não tenha nada de físico e bens materiais em minhas mãos, voltando a estaca zero, eu tenho a esperança de um futuro melhor, que tomou a proporção de todos os espaços que eu preciso.

Eu não consegui um emprego dos sonhos, não casei, não comprei a casa ou o carro próprio, e nem tão cedo vou. Eu não vou viajar pelo mundo, nem ganhei na loteria, muito menos tenho dinheiro sobrando. Mas eu consegui me organizar e me preparar para que nada me faltasse, por mais incerto que o futuro seja. Eu estou saindo de Goiânia.

Por sete anos estive aqui, capital de Goiás, cidade com cara de interior, ao lado da capital do Brasil, e também a capital estadual mais próxima das minhas raízes do origem, que sempre foi a região do Araguaia no Mato Grosso. Foram sete anos de trabalhos intensos, tanto profissionais quanto pessoais, que eu acredito me fizeram uma pessoa um pouquinho melhor.

Lembro de quando cheguei aqui como morador, a sensação era totalmente diferente de quando eu vinha passar férias. Parecia que a metrópole ia me engolir e eu ia me transformar em mais uma das milhões de pessoas quaisquer que só vivem para pagar contas e alimentar o sistema, mas mesmo com esse medo fui enfrentando ônibus lotados, oportunidades de trabalhos desrespeitosas entre outros problemas referentes aos lugares onde eu morei.

Mas isso apenas no breve começo, após menos de um ano eu já começava a criar minha bolha profissional, pessoal e das demais relações e comecei a esquecer o fato de ser uma simples peça do sistema, focando mais nas emoções da vida adulta, já que agora eu podia fazer o que eu quisesse, contanto que pagasse todas as minhas próprias contas. Eu consegui, mesmo não tendo ajuda financeira de mais ninguém.

Nestes anos morando por aqui, conheci pessoas incríveis que estarão sempre comigo no meu coração e, claro, em futuros encontros que não deixaram de existir. Acredito que muitas das relações e os laços que criei durante este tempo, das que começaram do zero enquanto eu morava aqui, ou seja, das pessoas que conheci morando aqui, foram de fundamental importância para que a parte melhor de mim se sobressaísse em qualquer desafio que apareceu e que ainda aparecerá na minha vida.

Agora, especificamente falando da vida profissional, dentro das expectativas que eu sempre crio, sei que não cresci tanto e que não consegui tudo que eu queria nestes sete anos, mas comparado à realidade em que vivemos, qualquer inclinação positiva na vida é bem vinda. Portanto, eu não tenho do que reclamar. Eu subi e o mérito é todo meu, principalmente por enfrentar as consequências de difíceis escolhas que precisei tomar nestes anos.

Ainda sobre os trabalhos, foram sete anos de experiências incríveis. Trabalhei, sempre na minha área, para empresa privada, para o legislativo, para o executivo, para o judiciário, para jornal impresso, online, em campanha política, fiz meu próprio site; fui assistente, assessor, analista, diretor, editor, repórter, coordenador, meu próprio chefe. E consegui a proeza, graças a minha organização e disciplina, uma forma de trabalhar para mim, com o meu horário, da forma como eu acho melhor.

Vale lembrar que foram sete anos aqui em Goiânia, mas que já completo minha primeira década no mercado de trabalho, e trabalhando em tantos lugares com tantas funções, mesmo conseguindo sempre algo melhor emprego após emprego, cliente após cliente, eu sei que isso pode mudar. Pode chegar o momento em que eu tenha que regredir para poder avançar e eu tenho plena consciência disso.

Mas também não posso deixar de me vangloriar por dez anos de vida profissional subindo degrau por degrau sem ter descido nenhum até agora. Isso é muito bom. E é isso que faz parte do complexo de motivações em mim para me lançar otimista rumo a mudança que vem pela frente. Sei que os próximos meses não serão fáceis, mas eu estou pronto para o que vier.

Ainda tenho vivido um dia de cada vez, sem deixar que a ansiedade tome conta de mim. Acho que também posso agradecer por condições como ansiedade extrema, depressão ou outros problemas graves físicos ou emocionais não terem grande impacto na minha vida, o que me faz sentir mais obrigação de ir adiante. Como não tenho nada que me impeça, eu preciso fazer esse tipo de coisas que pessoas que não conseguem, por ter algum tipo de limitação, gostariam de fazer ou fazem mesmo com tantos obstáculos.

Mas é isso. Isso soa como uma despedida, e é. Mas é também um motivo para comemorar!

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Ou eu vou ter que me bastar

Por anos tenho ido a lugares e, em quase todos para bem dizer a verdade (quando estou solteiro), meus olhos procuravam/procuram pelo homem perfeito, o Amor da minha vida. Em bares, baladas mercado, parques, viagens, independente da minha companhia eu procurava por homens, homens e mais homens. Rolando as redes sociais, mesma coisa. E bem provável que continuará a ser assim.

Mesmo em relacionamentos, minha ideia é/era construir o ideal. Não posso dar certeza disso, mas que eu me lembre, sempre procurei pelo homem para amar que fosse destemido, culto, sem preconceitos, sem preguiça, que soubesse falar sobre tudo, mas que tampouco apreciasse o silêncio, dentre tantas outras qualidades. 

Também procurava/procuro o homem que não tinha vícios extremos e que goste de trabalhar, não mais do que viver, e que cuidasse da própria saúde. Neste homem, buscava/busco a pessoa que trate bem a própria família, que não reclame de tudo demasiadamente e que me surpreendesse frequentemente. Parece até que é pedir demais.

Mas claro que, por encontrar esse ser, eu quero ser para ele tanto quanto ele é para mim dentro desses termos de exigência. E por anos eu acredito que fui me tornando nessa pessoa. A questão é que é uma luta diária e não é algo que se conquiste uma vez e pronto, é algo a ser conquistado sempre, por que não são coisas fáceis de introduzir nos hábitos.

O fato do texto de hoje é que, agora em que provavelmente eu volte a ser solteiro, posso continuar, sem problemas, procurando por este homem, porém tendo consciência de que ele não existe ou de que eu não tenha sorte, eu vou ter que me bastar, e isso não é ruim. Eu preciso me bastar, até o ponto em que as pessoas que eu ame e queira junto de mim dia após dia, sejam elas mesmas da forma como quiserem (com exceção de que me façam sofrer) e que isso esteja ok pra mim.

Eu acredito que eu tenho tanto a aprender. Mais especificamente sobre relações. Por exemplo, eu não quero morrer só, mas não quero estar com alguém só para não morrer sozinho, mas sim por que amo aquela pessoa e realmente quero comigo. E essa premissa serve para várias outras coisas. Eu quero muito aprender a amar de verdade, o Amor do jeito que acredito e tenho fé.

Mas para tudo, eu terei que me bastar!