sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Crise intermitente

Somos acostumados a, religiosamente, acreditar que não recebemos fardos maiores do que podemos suportar. Mas isso parece errado, e olha que sou otimista. Essa é uma visão otimista: que sempre daremos conta do que vem. Mas não. Não. As vezes não conseguimos, ou nem precisamos fazer esse esforço todo só por que algo difícil chegou até nós.

Nós não somos obrigados.

Nas últimas semanas isso me pareceu uma grande charada. Nessa crise intermitente que tenho vivido, onde descobri tanta coisa óbvia como o fato de que as coisas não são tão fáceis quanto parecem e pior: não tenho conseguido me decifrar se o que tenho feito tem valido a pena, tenho tido vontade de desistir de muito.

É isso, não há problemas em não conseguir suportar o fardo. Por favor, né? Onde já se viu? Ter que carregar todo peso que aparece. É por isso que crio caso sempre. Devo ser insuportável, mas é parte do que sou, reclamo e peço pelo que acho que seja mais justo possível e o que me convém, dentro da minha realidade.

Sobre suportar o fardo, tenho suportado, mas às custas de coisas que jamais pensei. Tentei desistir, "não deixaram", por conta dos casos que criei que melhoraram um pouco a situação. Mas digo tudo isso também nem por mim, mas por pessoas que penso que fazem isso diariamente. Como conseguem? Minha admiração, pois me refiro a fardos de esforços físicos.

Coisas como receber pouco dinheiro, para trabalhar muito, incontáveis horas e, no meio disso tudo, conceber família, ter filhos, sustentar vícios. Enfim.

Será burrice ou força? Ou ambas? Me assusta tudo isso!

No fim, não acho justo que essas pessoas ou eu temos que suportar tudo. Não é justo, merecíamos mais.

Sei que não cabe a mim, mas sempre tentei seguir a linha de não aceitar tudo, por que esse "tudo", nunca foi o suficiente para o que sei que mereço.

Será burrice ou força? Ou ambas? Talvez seja eu o burro, ou incompleto, ou sei lá. É esse crise intermitente.

Talvez o mundo fosse melhor se todos agissem como eu, ou talvez seria o caos. Vai saber!

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Apesar dos pesares, tem muita coisa boa acontecendo

São quase três meses longe de onde sempre estive. Mas é longe para um caralho. E a cada dia descubro novas coisas. Depois desses quase três meses, aliás, finalmente começou a chover de verdade e então parece que este lugar mostrou sua verdadeira face. Na verdade eu só queria escrever isso pra ficar intenso.

Mas sobre as novas coisas que eu disse, são basicamente sensações estranhamente diferentes do que antes eu costumava sentir. Ansiedade é sempre porém. É uma mistura, mas sempre com toques de ansiedade e eu penso que sei por que.

É que esta vida é curta demais pra mim. Se não fosse isso, certeza que eu não teria tanta ansiedade. Percebo que todas experiências, das mais gratificantes as mais frustrantes são necessárias e delas posso tirar proveito, mas com um imenso porém: elas demandam tempo.

Quando lembro que a idade média que um ser humano tem, aí é que fico louco sobre o quão limitados são meus comprometimentos. Você vê: eu não tenho grana pra ficar viajando por aí pelo mundo como é um dos meus sonhos, não tenho aspiração para viver a vida toda num emprego que poderia me fornecer uma estabilidade maior, não tenho astúcia de passar necessidades básicas, então o que resta? Fazer o que está ao meu alcance.

No momento foi mudar de país, para um onde o dinheiro vale um pouco mais, e trabalhar nele para tentar ir fazendo o que de fato me move a viver: viajar e ter novas experiências (preferia que só as boas fossem necessárias, mas né...). Com isso, neste cenário, são poucas as chances que tenho de errar.

E, sim! Recomeçar é uma coisa incrível, meu Deus. Essa mistura de dor e prazer, e revolta e satisfação, mas demandam tanto tempo. Sinto, por isso, a cada dia, a cada passo que seja, que preciso me mover pensando estrategicamente e exigindo tanto de mim para espremer cada gota possível do desfrute de viver.

E lembrar, e organizar, e me controlar para que nada dê errado além do que já costuma dar. Assim eu vou vivendo o presente. Pelo menos nele, eu tenho certeza que estou. Eu tenho absoluta indubitabilidade que não estou no passado, muito menos no futuro. Eu estou aqui onde preciso estar, apesar de todos os pesares.

Além disso, por pior que algumas coisas sejam, ainda tem muita coisa boa acontecendo.