sexta-feira, 3 de junho de 2022

Pra nunca esquecer

O que eu acabei de ver agora foi simplesmente a coisa que mais me fez chorar em meses. 

As últimas vezes inclusive, foram em novembro de 2020, em Recife, quando passei da conta na bebida com meu ex-namorado e, chegando ao apartamento que havíamos alugado, caí aos prantos por estar vivendo um momento tão bom, mas o sentimento de que que viveria pouco. Dias depois, aliás, recebi um exame que esperava há meses confirmando que eu tinha uma doença genética rara.

O outro episódio de choro foi em março último assistindo Titanic pela, sei lá, quinta vez. Isso me fez refletir que não chorei em 2021. Estranho como vamos ficando adultos e mais tristes, mas menos chorões - eu pelo menos, pois eu chorava demais da conta.

Parece que temos um gatilho aqui, nada surpreendente por sinal: vida e morte.

Sim, eu sempre me preocupei com a vida, sempre tive medo da morte. Em minha defesa, porém, na maioria das vezes, eu usei o medo a meu favor para, pasme, viver, é claro. Não que eu tenha tido uma vida incrível - pois capitalismo e não sou rico, já falei disso outras vezes aqui - mas o que estava ao meu alcance EU FIZ.

Mas vamos falar do meu choro de hoje. Mais um pra conta em 2022. Assistindo ao último episódio de Grace and Frankie. Antes de falar deste último episódio, já que a indústria midiática adora me fazer chorar, eu gostaria de dizer que lembro do primeiro episódio: O Fim. 

Exatos 7 anos atrás, maio de 2015, eu recém havia sido demitido de uma agência de comunicação e, antes de ser contratado pelo primeiro jornal que eu trabalharia, precisei vender algumas coisas de valor para quitar dívidas - coisa de brasileiro.

Pois bem, fiquei com meu notebook, minha conta na Netflix, e então vi a estreia dessa série com a premissa de duas idosas, uma delas Jane Fonda que eu sempre gostei, que haviam sido arrebatadas com a notícia de que os maridos tinham um caso, drama e comédia na medida certa, a série me conquistou.

Passado esse tempo, acompanhei sempre que pude, até que chegou ao fim neste ano e, só agora, terminei os episódios, com muita dor. O último episódio: O Começo. O meu gatilho: a morte.

Na verdade, para ser bem sincero, a vida e morte me dão gatilho, mas o meu maior medo está no meio termo. Ficar inválido ou, pior, esquecer das coisas, esquecer do que vivi, das pessoas, de quem sou, é um dos meus maiores pesadelos, eu não quero isso.

Não é fácil, por que é algo que não temos controle, e eu gosto de ter o controle das coisas.

Mas eu assisti o episódio, chorei e escrevo aqui pra nunca esquecer, enquanto tenho saúde.

Pra nunca esquecer que o amor é uma mistura de magia e compromisso diário

Pra nunca esquecer de ter coragem de enfrentar as coisas e não fugir.

Pra nunca esquecer de que a vida é curta de qualquer forma.

Pra nunca esquecer de aproveitar o dia.

Pra nunca esquecer... Espero eu.