terça-feira, 28 de julho de 2015

Você sabe o que está fazendo?

Ninguém sabe, realmente, o que está fazendo. Você sabe? Quando penso nos outros, acho que eles sabem, mas não sabem, não. Eles pensam demais, e aí quando tentam concluir, percebem que é impossível. Traçar uma meta, planejar, sonhar, é tudo diferente de produzir e executar. Tudo. Mas, em certo momento, quando feito aquilo que 'você não sabe realmente o que é', se está se sentindo bem, acho que valeu. É uma das únicas recompensas, um dos alívios: Sentir-se bem. Mas se não sente, você já sabe que tem algo errado.

Se seu coração sente, seu corpo e sua saúde também sentem, quando cada parte de você sente-se bem ou mal. Quando é mal, há remorsos, arrependimentos, erros, fracassos, dificuldades, faltas, tudo se acumula. Tudo é revivido, parece um filme mal produzido e sem roteiro. Os seus momentos mais sombrios surgem e parece que não há saída. Quando bem, é leve, tranquilo, sentimento de conquista e preenchimento interno, nada se acumula e é maravilhoso. Parece o 'felizes para sempre premiado por um óscar' em uma versão de segundos. Há saídas por todos os lados. Experiência minha.

Sentindo-me bem ou mal, Deus sabe como faço o possível para parecer forte. Deus sabe como faço o possível para ser alguém.  Deus sabe como eu quero me sentir. Eu sei o que eu quero pra mim. Mas será que eu sei o que estou fazendo?

Carpe Diem

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Sou um tolo sentindo amor

Sou tolo por amor.

Queria saber fazer dar certo,
Por que estou sentindo amor
Acima de tudo e todos os outros,
Eu sei que ele está desvanecido,
Mas não tenho nenhum outro além deste.
Quem vier, que fique, e não feche as mãos.
Sou como um tolo sem rumo,
Queria fazer dar certo,
Por que eu estou sentindo amor
E esperando por um beijo,
Não importa o quanto demore.
Eu sei que estou desvanecido
Mas fico aqui esperando bem, sozinho.
Quando vier quero saber fazer dar certo,

Sou um tolo por Amor.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Dois meses e comemorações

Dois meses

20/07 - Sobre dois meses sem receber afagos, carícias, beijos e outras coisas do tipo com ninguém: ainda acho pouco. Afinal, essa experiência tem me feito muito bem, considerando que ficar só tem inúmeras qualidades, como todo piegas já sabe. Inicialmente a sensação, pelo menos a minha, era de que o mundo estava acontecendo sem você, que todos deram um jeito de compartilhar a felicidade com seus companheiros e que a amizade não existia mais como antes. E, também, porque junto com a abstinência de "paixão" vieram alguns problemas de saúde que me deram mais abstinências como reduzir alimentação, não beber álcool e, consequentemente, não fazer várias outras coisas que isso envolve.

Bom, mas quando você se vê completo (completo mesmo) sozinho, é aí que consegue sentir que pode acontecer junto com o mundo. Sim, eu estou acontecendo, talvez como em um casulo, mas é foda ficar nas metáforas. De qualquer modo, nos dias bons e ruins, que nunca deixam de existir, como todas as coisas no mundo, também boas e ruins, eu vou continuar. Preferivelmente só. Já fiz uma novena, já me perdoei, pedi mais perdão, já agradeci e fiz meus pedidos, quase sempre atendidos de prontidão.

Comemorações

Inclusive o modo como comemorei dois meses de abstinências (só eu pra comemorar uma coisa dessas), foi um dos pedidos realizados de prontidão. Acampar no rio Araguaia não poderia ter sido um presente melhor. Na prainha, na primeira noite, o céu estrelado roubava qualquer outro momento feliz q havia ocorrido durante o dia. É incrível como quase me faz chorar, refletir e sonhar. A quantidade de luzes naquela noite, as manchas e constelações  que são impossíveis de ver da capital, me faziam ser o melhor espectador.

Aquele céu! Poderia observar por horas a fio, mas o peixe assado estava pronto. Outra maravilha, e sem espinhas ainda. Junto a mim, na mesa, ouvindo sucesso dos anos 80, pés na areia e fartura, pessoas tão diferentes e que se entendiam como verdadeiros seres humanos, um casal de doutores, um casal de pescadores e a Jane, anfitriã da prainha, todos assuntando sobre os mesmos simples interesses: pesca, comida e natureza. Melhor impossível. Meu último dia de orações intensas, da novena, e o primeiro do acampamento, acabou com um sonho virando realidade, eu feliz. Eu sendo realmente feliz.

Depois disso, de dias desfrutando do que podia, na prainha ou em Barra do Garças, com aqueles amigos que, por um momento, pensei que não existiam mais, eu fui sendo mais e mais feliz. Reencontrar pessoas, receber abraços, elogios e ver como sentiam minha falta, foi energizante. Sejam ex-colegas de trabalho, amigos de faculdade ou até os da escola. Ouvir o que eles tinha a dizer sobre mim e como eu não fui apagado da vida deles, por mais que não nos falássemos com frequência, isso é amor.

A intenção, no fim, foi marcar aqui o que lembro que realmente me fez bem. A gente sabe como é terapêutico e é interessante escrever. Eu sei. Só resta, agora, agradecer mais e mais por esses presentes, essas comemorações, e esperar que os próximos dias/meses sejam desafiadores e me levem ao caminho certo. Por que comemorações como essas são raras, e por um bom motivo: para que possam ser apreciadas pelo quão realmente valiosas são!

Carpe Diem



sexta-feira, 10 de julho de 2015

Todo dia

Agora que agora é nunca

Agora posso recuar
Agora sinto minha tumba
Agora o peito a retumbar

Agora a última resposta
Agora quartos de hospitais
Agora abrem uma porta
Agora não se chora mais

Agora a chuva evapora
Agora ainda não choveu
Agora tenho mais memória
Agora tenho o que foi meu

Agora passa a paisagem
Agora não me despedi
Agora compro uma passagem
Agora ainda estou daqui

Agora sinto muita sede
Agora já é madrugada
Agora diante da parede
Agora falta uma palavra

Agora o vento no cabelo
Agora toda minha roupa
Agora volta pro novelo
Agora a língua em minha boca

Agora meu avô já vive
Agora meu filho nasceu
Agora o filho que não tive
Agora a criança sou eu

Agora sinto um gosto doce
Agora vejo a cor azul
Agora a mão de quem me trouxe
Agora é só meu corpo nu

Arnaldo Antunes / Titãs 

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Que bom que você apareceu

Eu preciso viver de amor. Eu sobrevivo assim. Vejo como um trabalho voluntário que eu faria 24/7 se não tivesse contas a pagar. Mas será que eu preciso me apaixonar agora? Mesmo com coração partido ou vivendo um sonho, eu acharia necessário se não tivesse traçado um plano. É que, estar encantado com o agora tem me ajudado nessa dolorosa trajetória sem novos personagens e sem paixonites. Eu decidi não criar laços nem meios que me levassem a um possível fascínio. Então eu estou aprendendo a viver sem coisas das quais eu achava que precisava.

É mais o seguinte: fazendo de conta que estou distraído, por que não tenho conseguido realmente ficar, eu penso em todo momento que meu amor chegará pra dizer "andei saindo com as pessoas erradas esse tempo todo, agora você está aqui, na minha frente". Mas ele não chega, e essa estratégia é friamente calculada, por que obviamente não é o momento. É como quando você economiza com o cartão de crédito. Digo, quão boa é aquela sensação de quando a fatura chega e você não tem uma surpresa, não é?

Eu realmente pensei que precisava me apaixonar a qualquer custo e a todo momento. Mas, vejam só, é uma opção, SIM. Dá pra se divertir, dá pra se alimentar, dá pra viajar, dá pra ir na padaria, SIM. Sem se apaixonar. Eu preciso lutar contra isso se eu quero tanto um amor verdadeiro. Eu preciso abdicar e brincar de abstinência. Mesmo que meus métodos sejam duvidosos.

No mais

- Quando lembro que me vejo sentado ao lado de um homem em qualquer lugar e que ele não exita em pegar minha mão para demonstrar um gesto de carinho, ou mesmo para me tirar de onde eu esteja e me levar aonde eu preciso ir. 

- Quando eu me vejo deitado ao seu lado pelo simples fato de que decidimos dormir juntos noite após noite. Quando o sinto acariciando meus cabelos, dizendo que sente algo único e imensurável. Poupando-me de elogios e agindo como um homem. 

- Quando eu imagino seus braços me entrelaçando enquanto observamos alguma das vistas incríveis deste mundo. Quando eu imagino sua voz me acompanhando o dia todo, da noite ao amanhecer. Ou imagino uma foto nossa tão linda, dessas que a gente até manda revelar.

Eu me pergunto: Será que eu sei do que eu preciso? Será que eu preciso mesmo me apaixonar agora? E aí eu acho que não! Não quero viver o futuro antes da hora. Prefiro ficar e declarar o que necessito aqui, e quando ele ver pelo que passei, dirá sim "Estive saindo com os garotos errados", e eu direi "Que bom que você apareceu".

Eu não estou fazendo nada e é isso que deve ser feito. Eu não estou negando ou me escondendo, por que se ele aparecer amanhã, por exemplo, é claro que eu vou ficar feliz. O que estou querendo dizer é que eu vou saber quando ele chegar e que eu não vou dar chance a mais nenhum mentiroso que tenha boas intenções. Muito menos serei, novamente, tal qual.

CARPE DIEM

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Faz tempo

Tanto tempo que eu não sei o que é sentir barro debaixo dos meus pés e água da cachoeira caindo sobre mim. Tanto tempo que não sei como é fazer e soltar uma pipa, sentir ventos de junho, julho, agosto em um campo, despreocupado de tudo. 

Tempos que não sei o que é ir ao cinema sozinho, ou comprar um CD com aquela trilha sonora incrível daquele filme mais incrível ainda. E mais tempo ainda que não sei o que é dirigir sem rumo, mesmo que seja de mentirinha, fingir estar fugindo. Só eu e aquela garrafa de tequila ao meu lado. São coisas diferentes, de momentos diferentes, mas que eu lembrei agora por um instante. Mas tem mais. Incontáveis coisas das quais fazem tempo e que eu já nem sei bem como é. 

Estudar para uma prova. Ficar de ressaca. Ver o nascer do sol. Fazer uma trilha. Tem tanta coisa, meu Deus, coisas que vem sem permissão e me invadem de saudade. Aquele abraço milagroso de mãe. Aquele carinho em forma de brincadeira do pai. Aparar aquele gramado gigante, tomar banho de piscina, mas só depois de limpá-la. Enfiar a cara na maria-mole ou no brigadeiro de panela. 

Sejam recentes ou distantes, as memórias de coisas que faz tempo que não faço, começam a me consumir, só por que eu estou tentando me tornar alguém novo. Eu vou enfrentá-las, sentindo a dor da saudade e a força da esperança em poder refazer coisas como essas um dia, de um jeito diferente e melhor. Reconstruir vai ser uma tarefa interessante e saudável, de certo modo.

Por mais que ser adulto seja difícil, eu não acredito que nunca mais terei essas coisas. Não terei da forma como aconteceram, mas terei. Da mesma forma como terei, de um dia em diante até o fim, aquilo que não faz tanto tempo que eu tive, mas que é o que mais desejo e pelo qual eu vivo, que me define e me transforma. Um Amor que vai do beijo mais doce a atração mais forte. Um Amor que viva ao meu lado e me aceite como o aceitarei. Um homem de verdade, sem perfeição e pronto para me amar como estou pronto para tê-lo. Com ele, eu faço questão de reconstruir memórias e torná-las mais marcantes, para poder viver minha vida intensa e em paz!