quinta-feira, 30 de junho de 2016

Inversão de papéis

Joy Mangano, Emma Morley e Louisa Clark. Dizer o que essas mulheres tem em comum é muito fácil: São personagens sem um tostão no bolso e interpretadas por atrizes de sucesso. Elas protagonizam suas tramas e mostram ter uma personalidade forte diante de uma vida dura, cheia de problemas. Mas não é delas, apenas, que eu quero falar, é do conjunto da obra e, como diz o título, da inversão de papéis que a vida traz em contraste com o cinema em casos como esses.

Engraçado que, quanto mais eu assisto histórias como as dessas garotas, menos tento acreditar em uma vida cinematográfica. Mas está errado, eu não posso parar de acreditar e de me inspirar em histórias reais ou não, que se transformaram em filmes, apenas porque, em menos de duas horas, temos um final feliz. Está claro em cada cena, cada tomada, cada fala, uma história foi resumida pra te fazer crer que um final feliz é possível, e pra arrecadar capital também, claro.

É preciso acreditar que depois de luta, esforço e sacrifício venham recompensas. Não há mal nenhum nisso. Imagina, deixar de sonhar, deixar de pensar que finais felizes existem apenas por que coisas como o cinema são subestimadas. Foi por isso que escolhi essas personagens, por que o final feliz delas não é tão óbvio, nem clichê. Mesmo que fosse.

É o que eu disse, quando falei da inversão de papéis, é ver como as histórias giram em torno de uma realidade cruel, uma realidade trituradora de carne e alma. Uma história real ou baseada no que pessoas vivem constantemente, mas interpretadas por pessoas que não vivem mais este tipo de vida. Acho irônico, mas gosto muito das atrizes. E me sinto honrado por elas interpretarem histórias que vivemos diariamente ou, que talvez, elas mesmas já tenham vivido em algum momento da sua vida.

Nossa história não é um filme, eu sei. Mas os filmes são a nossa história. Então, são apenas uma versão micro, pra mostrar que até no fim, sim, aquele fim, poderemos ser felizes e realizarmos coisas pelas quais teremos orgulho de ter vivido.


segunda-feira, 27 de junho de 2016

É pura enganação/Pássaros Feridos

O que me prende a ele, é o que o prende a mim
São três palavras que, do fundo, eu quero fim
Ego, vaidade e carência, por dizer assim
Pois, se foi amor um dia, esse dia jaz enfim...

O fato é que dizer não parece impossível,
É negar a felicidade passageira e indiscutível,
É contraditório, é impulsivo. É terrível
É punitivo, é sofrido. É incrível

Quando está, o que peço é que dure
Quando acaba, não recorro à ação
Não trago mais promessas pra que jure
Por que sei que tudo, é por pura enganação

Nathan Sampaio

--'--'--

Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida, com mais suavidade que qualquer outra criatura sobre a terra. A partir do momento em que deixa o ninho, começa a procurar um espinheiro-alvar e só descança quando o encontra. Depois, cantando entre os galhos selvagens, empala-se no acúleo mais agudo e mais comprido. E morrendo, sublima a própria agonia e despende um canto mais belo que o da cotovia ou do rouxinol. Um canto superlativo, cujo preço é a existência. Mais o mundo inteiro para para ouvi-lo, e Deus sorri no céu. Pois o melhor só se adquire a custa de um grande sofrimento... Pelo menos é o que diz a lenda.

"Pássaros Feridos"

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Give me a shot

I am sorry for everything
Everything I've done

Am I out of touch?
Am I out of my place?
When I keep saying
That I'm looking for an empty space

Oh I'm wishing you were here
But I'm wishing you were gone
I can't have you
And I'm only gonna do you wrong
Oh I'm gonna mess this up
Oh this is just my luck
Over and over and over again

I'm sorry for everything
Oh everything I've done
From the second that I was born
It seems I had a loaded gun
And then I shot shot shot a hole through
Everything I loved
I shot a hole through
Every single thing that I loved

Oh I'm wishing I had what I'd taken for granted
I can't help you when I'm only gonna do you wrong

Oh I'm gonna mess this up
Oh this is just my luck
Over and over and over again

In the mean time
We let it go
At the road side that we used to know
We can let this drift away
Oh we let this drift away
At the bayside where you used to show
In the moonlight where we let it go
We can let this drift away
Oh we let this drift away

And there's always time to change your mind
Oh there's always time to change your mind
Oh love
Can you hear me?
Oh let it drift away

I'm sorry for everything
Oh everything I've done

Imagine Dragons

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Sociedade vs saciedade

Tenho um sonho. Um sonho de ser pai. Porém, vamos fundo nessa aspiração. Minha vontade de ser pai faz parte da minha vontade de possuir um ser humano, mas calma, deixem me explicar. Tenho vontade sim de ter um ser humano, coloca-lo no mundo para educar e dar amor da melhor forma possível, acreditando que ele fará um bom trabalho durante e depois de eu partir e, quem sabe, continuar repassando isso para seus filhos.

Em um momento como esse, de refletir sobre tais coisas, eu sempre penso em tudo, ou tento, e foi aí que eu me toquei que eu poderia fazer isso sem necessariamente gerar um filho, ou adotar, obviamente. Digo, ser algo como um professor, mas é mais forte do que isso. Eu peço desculpa por não saber usar em palavras exatas, alongando assim, o meu discurso. O que eu quero dizer é que eu sei que eu tenho algo bom pra deixar aqui na terra e eu não queria perder a oportunidade de dizer isso, nem mais um dia.

Eu quero deixar meus defeitos e intemperança de lado, pedir que façam o mesmo, e dizer, para todos que leem este texto agora, que é preciso ir mais fundo do que se tem ido. Eu quero dizer para deixarem o ódio de lado, e eu não estou falando apenas com os preconceituosos, fascistas e conservadores. Eu estou falando com você, que é minoria, que sofre, que é injustiçado e devolve isso para o planeta em forma de ódio.

Para que entendam melhor: Ter ódio do opressor, faz com que o ciclo nunca termine. Compartilhar mensagens de repúdio utilizando palavras violentas e desonrosas como muito de nós fazemos contra quem nos atinge, faz com que isso nunca termine. Eu sei que vocês estão cansados. Desafortunados, negros, homossexuais, mulheres e os demais onde eu também me encaixo. Mas a mensagem, a meu ver, nunca fica clara quando você manda o opressor se foder.

Por favor, a minha mensagem é a mais simples que um ser humano pode dar: Pare de ter ódio, agora! Pare de discutir com argumentos que ofendam (apenas por que seu interlocutor é opressor), agora! Devolva em amor, caridade e bondade todo tapa que lhe atinge. Eu sei que não é fácil, mas eu espero ajudar com estas palavras. 

Eu tento, todo dia, começando pelas pessoas que me acompanham e depois, pela internet, ser uma pessoa melhor, apenas não ofendendo ninguém, mesmo que a pessoa pareça merecer, por ser opressor e, as vezes, nem saber disso. Novamente, não tenha esse ódio pelo seu opressor embutido dentro de seu argumento, isso não funciona, nem torna as coisas melhores, mais fáceis e nem corretas.

Bom, era isso que eu queria dizer quando disse que queria educar e dar amor para um serumaninho e, também, quando eu intitulei esse texto de Sociedade (o que somos juntos) vs Saciedade (o que me move e satisfaz em vida). Espero que eu tenha chance, durante muitos anos ainda, de ensinar tudo isso que eu disse, para outras pessoas também, como eu tive escrevendo este texto. Mesmo com a infinitas imperfeições que eu possuo, acho que é possível. 

Se você leu até aqui, obrigado. Pode voltar aos seus afazeres agora. Aproveite seu dia.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Mudar a visão

Quando eu falei de morte, há um tempo atrás, e essa sensação não tem mudado, tenho andado desesperado por uma solução de como transformar isso em algo que não me prejudique. Então eu li um texto que precisa ser estudado por mim, para que eu mude a visão de como enxergo o fim.




Um trecho:

Outro dia, passando pela praia, fiquei maravilhado:

"que céu azul, que mar lindo, que dia perfeito. pena que daqui a pouco eu vou ter que morrer e não vou mais poder ir à praia, né?"

parei um pouco pra digerir a enormidade disso, e me bateu a porrada:

"e se eu fosse morrer amanhã, ou na semana que vem, o que eu gostaria de estar fazendo hoje, agora?"

aí, eu joguei pro alto a besteira que eu ia fazer, saltei do ônibus e fiquei ali mesmo.

se alguém tivesse me perguntado:

"alex, por que você desmarcou aquele compromisso e passou a tarde inteira na praia?"

minha única resposta sincera seria:

"porque eu vou morrer."

Não tem como ser mórbido.

O ponto é que, olhando de longe, mas de longe mesmo, não somos nada pra dar tanta importância à tudo. E aí é que se deve tomar cuidado, por que não podemos largar tudo a tal ponto de viver pra morrer, apenas. Principalmente se você paga suas próprias contas, o que é meu caso.

Acredito que a maneira certa de ver isso, pelo menos pra mim, é tomar as decisões que o seu coração manda, por que você só tem a você. Após isso, você precisa ter noção de que terá tendo condições ideais para sobreviver, como, por exemplo, se alimentar e viver do que acha necessário.

É isso, eu preciso seguir um caminho que me faça acreditar que vivi o que gostaria de ter vivido, o que hoje, é muito difícil.

Carpe Diem

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Vambora

Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
Pra mudar a minha vida
Vem, vambora
Que o que você demora
É o que o tempo leva

Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro

Dentro de um livro
Dentro da Noite Veloz

Dentro de um livro
Na Cinza das Horas

Adriana Calcanhoto

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Hipnotizado

Houve um tempo, quando eu era criança, entre os 11 ou 12 anos, nunca lembro direito, que eu ficava só em casa. Meu pai se ausentava por dias ou semanas fora, trabalhando em fazendas, e minha mãe trabalhava como produtora em um estúdio de fotografia. Minha irmã quase sempre a acompanhava e eu, bem, eu costumava ficar sozinho.

Não havia problemas nisso, eu sempre me distraía fazendo meus stop motions com meus brinquedos, jogando no gameboy, no computador jogando The Sims, criando arte do Power Point, estudando ou tomando banho na piscina. Mas um dia comecei, por algum motivo que eu nunca soube, a entrar em pânico por ficar só. Na verdade, se me lembro bem, eu ficava sozinho e com o passar das horas eu ia me apavorando.

As vezes sentia que tinha algo em casa, ouvia barulhos, ficava desnorteado e, como a casa era grande demais e o quintal também, eu ia para o ponto mais distante dela, as vezes, até pra fora, esperar na calçada alguém chegar.

O ápice foi quando fui até a vizinha dos fundos chorando, dizendo que estava preocupado com minha mãe, eu achava que ela ia morrer, algo assim. A vizinha, que foi a merendeira da única escola municipal da cidade por anos, me serviu um suco de abacaxi, disso nunca me esqueço. Depois fomos, de moto, procurar minha mãe pela cidade. Ela estava bem, na casa de uma amiga, do outro lado da cidade.

Com isso, acredito eu, meus pais decidiram me levar para um psicólogo, não tenho certeza. Só sei que o Dr Leonides era marido da minha professora de ciências, a Gema. Das sessões eu lembro pouco, de duas, apenas, não sei se tive mais.

Uma dessas lembranças foi a noite, o Dr Leonides recebeu meus pais e eu para uma conversa, da qual não lembro nada (eu seria um péssimo escritor da minha própria história). A outra lembrança, uma consulta, foi pela manhã. Lembro de ir ao consultório dele, uma dessas casas de madeira comuns de interior.

Estando lá, ele me pediu para deitar em uma maca e, após isso, para eu me imaginar em uma paisagem que ilustrava a parede da sua sala. Estava escuro e não lembro mais nada, apenas de sair de lá e comer amoras em uma arvores próxima do consultório e voltei pra casa a pé, já que se tratava de uma cidade minúsucula.

Essas são as manchas que tenho dessa história na memória. E adivinhem só? Nunca mais tive um ataque de pânico sequer. O mais engraçado de tudo é que eu tenho sérias suspeitas de que isso me afetou pela vida toda, e afeta até hoje, me fazendo forte e corajoso em situações que, normalmente, as pessoas teriam medo ou receio.

Hoje eu não tenho medo de estar só, não tenho medo de frequentar lugares perigosos, não me traumatizei com três assaltos pelos quais passei. Enfim, diversas coisas que poderiam me amedrontar, não amedrontam, eu consigo enfrentar grande parte dos meu desafios e medos com eficácia.

Eu tenho quase certeza de que ele me hipnotizou, mas eu nunca havia para para pensar a respeito. Só recentemente estivesse pensando sobre este acontecido e decidi escrever. Eu considero um fato importante em minha vida, acho que me mudou de algum modo para sempre, e isso tem me ajudado até hoje, talvez.



Um dia agradecerei o Dr Leonides pessoalmente. Espero ter essa oportunidade.

Carpe Diem

terça-feira, 7 de junho de 2016

Normal

Outono, sem cara de outono, mas minha estação favorita. Junho, um mês em que nada acontece, mas minha vida estava acontecendo. Um domingo, dia de feira, eu amo feira. Fazia sol, mas estava suportável. Eu estava feliz, nada particular me alegrava. Eu esperava sentado, como faço minha vida toda, por que sou preguiçoso pra ficar de pé sempre.

Eu olhava as pessoas, eu sentia o momento. Estava tudo onde devia estar, como devem fazer há décadas. As barracas, as pessoas, tudo. E, eu, na sombra, esperando, já estava realizado pelo final de semana perfeito, sem saber que podia melhorar, da mesma forma que não esperamos algo piorar.

Eu estava determinado a arriscar, assim como ele. E quando chegou, "mudei o semblante", pelo menos, foi o que houvi. Apertei aquelas mãos, senti aquele abraço, onde é que ele estava todo esse tempo? Eu sei qual é a resposta, eu descobri horas depois.

Por falar em horas, melhores horas investidas em um tempo, uma vida, que parece não se desenvolver da forma que se espera. Me espreitei, não titubeei, mas disse muitas besteiras. Típico de mim. Bastou sentarmos e desatarmos a contar o que viesse a cabeça. Foi bom, foi ótimo.

Ser tocado por ele de novo, era o que eu mais queria, mas sem me despedir. Então o chá de hibisco foi o que pareceu mais sensato. Tomar um chá de hibisco. O local era perfeito, a conversa era perfeita, a música, o universo conspirando, o beijo também foi perfeito.

Casual quando se trata de mim, mas era você. Era a praça do Sol, era o chá, eram aquelas coisas e pessoas, tudo exatamente onde deveria estar. Minha mente estava em frenesi. Quando me vi, fundo, naquele ombro, enterrado naqueles cabelos curtos e naquela pele macia, me senti um pouco mais eu, de novo. Não acho que seja errado, não acho que seja precipitado.

O tempo correu, e senil, fui embora. Ele foi levado, depois daquele abraço, que quase me transportou pra dentro do seu peito. Nossas vidas, eventualmente, voltaram ao normal. Normal, pra mim, é estar incrivelmente feliz e agradecido.

Carpe Diem