domingo, 6 de novembro de 2016

Sítio além do pingo d'água

Uma vez meu pai comprou um paraíso
Ficava no fim do fim do pingo d'agua
Quem cuidou de lá foi a Neide e o Zico
Pra uma criança, parecia a terra encantada

Nos dias em que acampei ou fiquei por lá
Histórias e lendas incríveis a Neide Contava
Do resto, onde sumia a vista o Zico cuidava

Era muito verde, muita água, pra beber e nadar
Dava também, de vez em quando, até pra pescar
Era bom pra criar porcos, cães e galinhas
Talvez, com muita vontade, até uma vaquinha

E lembro que lá era também o ponto final
Da estrada, casas e do ônibus escolar rural
Um dia voltei neste ônibus com as crianças
Eles acordavam às cinco cheios de esperança

Desculpem a rima pobre, mas é a verdade
Nunca vi crianças tão simples e felizes
Acordando tão cedo e rindo com vontade

O veículo atravessava valas enormes de lama,
E em rotatividade alguns garotos abriam porteiras
Eram mais de trinta quilômetros até a área urbana

Chegamos na cidade, eu desci e fui pra casa
Os outros, sujos e alguns com fome, à escola
Lembro disso, sempre que minha memória cria asa

Já passei e vi tanta coisa, e ainda quero mais
Só que que pra rumo final de minha vida
Um sítio de paraíso daquele "tá bom por demais"




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