quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Balanço 2025, da vida até aqui

Ainda faltam alguns dias para o fim do ano, mas eu posso dizer, eu posso admitir: eu estou satisfeito. Não acomodado, mas certamente satisfeito. Eu tenho família , amigos e um namorado que amo, a família que dá um suporte e está presente, amigos para combinar as saídas e viagens as quais sonhei por tanto tempo, e igualmente um namorado para me acompanhar e compartilhar a felicidades comigo.

Passei dias difíceis aqui dentro da cabeça, o medo do trágico era constante. Afinal, como eu não vou ter medo de perder tudo isso que eu tô tendo? Essas pessoas incríveis, essas experiências, essa, de certa forma, calmaria, paz, plenitude, é óbvio que eu não quero perder.

Mas nos últimos dias acho que consegui me aquietar e entender, que tudo bem, tudo bem tudo. Tudo bem ter medo, tudo bem o desequilíbrio, tudo bem o desespero, mas, poxa, aproveita também, né? Se tá tudo bem, de que adianta tanta preocupação que vai acabar? Vai viver o momento.

Uma das coisas que eu mais devo ter repetido pra mim mesmo durante a vida foi coisas como carpe diem, aproveite o dia, aproveite o momento etc. Como é difícil. Mas talvez eu esteja conseguindo por esses dias. Não é algo como um troféu que você consegue e está garantido, as vezes dá, as vezes não dá.

Conquista diária, luta constante.

Mas, hoje me arrisquei e vim dizer que sim, o balanço de 2025 e da vida, até aqui, foi extremamente positivo, e eu posso relaxar e dizer que eu estou satisfeito e não há motivos para reclamar quando se trata de como o universo, o meu mundo, daqui de dentro do meu ser para fora, está sendo.

Tanta coisa ainda me incomoda, tanta coisa me faz sofrer, temer, pesar. Mas o balanço é pra isso, analisar. É tudo tão rápido e curto, e nesse mero instante, seja esse minuto que escrevo, seja a vida que terei, parece que eu sou realmente privilegiado, não importa quem tem mais, quem tem menos, mas por eu não querer ter mais, e agradecer por não ter menos, eu sei que tô no caminho que aceitei ter a vida que tenho.

Pelo menos agora, tô feliz com isso.

sábado, 15 de novembro de 2025

Me recuso a ter uma vida medíocre

Embora eu tenha! Por ser isso um fator social e político na vida da grande maioria das pessoas. Mas eu me recuso a aceitar ter uma vida medíocre e, por isso, eu tento dar valor a coisas pequenas e, ainda mais, ser intenso como sou.

Talvez o fato de ser intenso não possa ser considerado exatamente uma virtude, por que isso me trouxe incontáveis embates com outros pessoas e comigo mesmo. Mas, também trouxe coisas boas, pelo menos e por enquanto, eu considero ser.

Ser intenso e ansioso me fizeram viver muita coisa em pouco tempo, ao menos pra mim, sinto que vivi muito mais nos últimos 7 anos (entre 2019 e 2025), quando finalmente consegui alcançar uma vida financeira mais adequada, do que nos sete anos antecedentes (2012 a 2029), quando estava no início da carreira e o dinheiro não dava pra muito mais do que comida e contas.

Digo que foi a intensidade e ansiedade, por que foram elas que me moveram, eu sempre penso muito - e, novamente, não acho que isso é tão saudável - sobre se eu morrer cedo, ou se eu não me impor, ou se eu não arriscar, o que vai sobrar?

Se eu não tivesse discutido com cada chefe meu, se eu não tivesse pedido tantas demissões, se eu não tivesse coragem de dizer tantas verdades pras pessoas, onde será que eu estaria? Se eu não tivesse colocado minhas vontades e desejos em cada relação em que me machuquei e machuquei outras pessoas pensando no melhor para cada um, o que eu estaria vivendo?

Ainda sobre ser medíocre, quando eu disse que sou, afinal, é por que quando eu olho de longe, do panorama geral da sociedade, eu sou apenas um adulto que não tem economias, gastando quase todo seu dinheiro mensal com prazeres como comida, viagens e entretenimento. 

Eu não tenho uma casa própria, um carro, investimentos, nada, moro em um quarto do ateliê do meu melhor amigo e se eu pagasse por um apartamento mal poderia bancar meus "luxos" e não sou nem sequer inteligente ou cruel o suficiente para multiplicar o meu dinheiro e deixar, de fato de ser medíocre.

Mas também, quando digo que me recuso a ser medíocre, é por que olhando de perto, do panorama em que, independente de como seja o mundo, só eu sei como é ser eu, como é ter a minha vida, é aqui, nesse instante, em que eu posso dizer que não sou tão medíocre.

Eu sei que eu dou valor às coisas pequenas, e eu sei que mesmo com a cabeça no futuro, eu consigo aproveitar o agora. Pra mim, uma flor bonita tem tanto a ser admirada quanto uma cordilheira, e eu quero apreciar as duas sempre que eu quiser e puder.

Eu sei que eu dou tudo de mim para não perder a sensibilidade e amar o meu parceiro, minha família e meus amigos da mesma forma todo dia e não só em datas comemorativas.

E eu sei que eu preciso cuidar de mim sempre, da melhor forma que eu puder e conseguir para ter a saúde para ter condições físicas e mentais para me relacionar e trabalhar e ganhar dinheiro necessário para que eu consiga continuar lutando contra ser alguém medíocre.

E quando eu digo saúde em primeiro lugar, é a saúde em primeiro lugar, porque ela vai me dar quase tudo que preciso para viver da melhor forma se nenhuma tragédia acontecer. No mais, é torcer pra nenhuma tragédia acontecer.

Esse minuto para mim é valioso e, hoje, eu não sinto que sou medíocre.

domingo, 26 de outubro de 2025

Viver agora

Talvez seja um dos assuntos sobre o que eu mais escrevo, que é a questão do viver o presente. Talvez seja umas das coisas mais difíceis para eu fazer, ou talvez para todos e todas. Quando não estamos vivendo no passado, estamos com a cabeça no futuro... e pra isso, já dizia Buda:

"Não viva no passado, não sonhe com o futuro, concentre-se no momento presente".

...e ainda George Orwell:

“Quem controla o presente controla o passado. Quem controla o passado controla o futuro.”

Tentando não levar a fundo demais a questão do controle, podemos dizer, apenas que esta palavra remete justamente ao fato de que é preciso estar atento ao presente, e assim, consequentemente, o passado e futuro terão seus papéis, que são, respectivamente, "já foi" e "ainda vai ser".

É uma coisa a ser lembrada diariamente, a questão é que são tantas as coisas que precisam ser lembradas diariamente que fica difícil lembrar de tudo.

Neste momento tô aqui escrevendo sobre isso e ok, mas não deixo de estar preocupado, principalmente recentemente, com minha saúde. Eu sinto que meu corpo está um pouco diferente e, novamente, difícil saber se apenas psicológicamente, fisicamente ou ambos.

Eu quero viver o máximo que eu puder e vivendo o agora, eu não quero partir ainda e mais: eu não quero pensar na hipótese de morrer dando trabalho aos outros, e por algum motivo isso é o que mais tem me assombrado recentemente: morrer de forma totalmente imprevisível levando aos meus próximos a terem que abandonar suas rotinas pra lidar com um corpo que já não tem vida.

Tenho pensando nisso por que coloquei na minha cabeça ou minha cabeça colocou em alerta por algum outro motivo, que meu coração está parecendo mais fraco que normalmente já era.

Enfim, eu vou lutar contra esses pensamentos e fazer o possível pra descobrir se tem algo de errado, pra poder me manter em pé e saudável, aproveitando e vivendo o agora!

terça-feira, 30 de setembro de 2025

A tempo pra setembro

Acho que é o quinto mês em que não sinto tanta necessidade de escrever aqui. Isso aconteceu diversas vezes nos últimos anos, mas, mesmo não me cobrando para vir aqui despejar as palavras, tenho me obrigado a escrever, no mínimo, uma vez por mês.

Já que faltam menos de dez minutos para setembro acabar, vou só dizer do saldo desses últimos meses: positivo. Tenho vivido uma fase boa, tenho tido mais momentos felizes, tenho amado, tenho aceitado os dias mais difíceis - não sem a ajuda das pessoas que me cercam - e acredito que eu esteja sendo uma pessoa melhor no geral.

Como sempre lembro, quero ser cada vez melhor pra mim e pros outros conforme o tempo vai passando.

Não tem muito mais o que dizer hoje.

Eu sei que tenho conseguido viver um dia de cada vez e extraindo os momentos que realmente importam. Mas ainda preciso controlar a ansiedade pelo que vem, é tanta pressa, e não entendo por que. As vezes acho que é pra que eu consiga viver tudo que quero a tempo, antes de partir...

...Mas aí lembro que assim, ansiando pelo futuro, é quase como partir mais rápido.

Acho que uma pequena lição do que tô sentindo aqui e agora é: aceite melhor o tempo presente e tente viver o pouco com qualidade, do que o muito com incompletude.

Deu tempo!

23h59

Carpe Diem e que venha outubro!

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Saudades pontuais

Às vezes sinto algo esquisito de uns anos pra cá, que parece até errado. Sentir saudades pontuais de elementos da minha rotina dos lugares em que vivi. Parece errado por que é um sentimento forte o suficiente para me fazer refletir se eu deveria voltar.

É quase como sentir que eu não sei o que quero, só por que queria estar 100% bem vivendo onde estou e isso parece impossível. É impossível. Nunca nada será 100%, parece.

Por exemplo, sinto falta de poder fazer as trilhas com cachoeiras em Barra do Garças aos finais de semana. Me dá saudades pensar que, em Goiânia, eu já conhecia cada canto da cidade e sabia exatamente onde ir a cada ocasião.

É muito bom lembrar e me traz um conforto gigante das vezes em que tinha um dia livre e passeava por qualquer lugar de Porto, tantos lugares lindos, até mesmo em um dia chuvoso (era muitos). Quase toda semana descobria um lugar novo, uma quinta, um parque, um vilarejo, uma praia...

Em Lisboa, sinto saudades de despencar pra praia de nudismo longe de tudo e esquecer o mundo, ou pelo contrário, me enfiar na área turística da cidade e me estressar com a multidão e lembrar como o mundo é.

Em João Pessoa, nem se fala, sinto falta do meu cantinho gramado na praia de Manaíra e das minhas idas à praia de Tambaba, foram meses mágicos.

Também tenho minhas saudades de São Paulo, mas agora morando aqui novamente, posso realizar tudo que gosto de fazer por aqui. O que não é de todo ruim.

Ainda assim permanece a maior sensação de falta de todas: de que eu deveria continuar sem rumo por aí, mas dentre as diversas coisas que faltam, o dinheiro é a maior delas, e tá tudo bem, ainda mais por estar perto do meu amor.

quinta-feira, 31 de julho de 2025

Dias de viver

Nas últimas semanas foram vários os picos de inspiração, mas em nenhum momento eu parei, de fato, para escrever e às vezes isso acontece, mesmo. Acontece por que sou eu vivendo de uma forma diferente. Na maioria das vezes escrevo quando estou triste, mais solitário, a inspiração vem, as palavras servem como dreno.

Janeiro, fevereiro e março foram meses difíceis, mesmo lá acontecendo muitas coisas boas, mas o que tenho vivido desde abril é indescritíviel. Pra mim, é viver da melhor forma. Quase não há preocupações ocupando a minha mente e os dias vão cada um de uma forma mais gostosa que a outra

Hoje acaba julho, mas eu tinha que deixar ao menos um registro de que está tudo bem e que igualmente tudo bem que isso não dura pra sempre, por que a vida é assim, mas eu vou aproveitar cada segundo desse fluxo de deleite por que a gente sabe e eu já escrevi mil vezes: a vida é curta.


domingo, 15 de junho de 2025

Eu vejo você

Pelo menos, no que eu puder enxergar nestes dois meses. Eu vejo você. Mesmo sem ter certeza, era para o que eu estava disposto desde o Carnaval do último ano, ou as outras oportunidades que perdemos. Mas tudo no seu tempo, né?

Mas o que eu vejo em você? Eu vejo um homem admirável, atraente, interessante e bondoso. Seja pela inteligência ou pela segurança que você transmite, pela forma como se comunica. Cada gesto, cada ato, cada palavra.

Óbvio que grande parte disso tudo também vem da forma como me trata, ou seja, aquele papo de "você não gosta da pessoa, gosta da forma como ela te trata", mas depois de 34 anos de vida eu tenho aprendido a desconstruir, um pouco que seja, o ideal que formamos na mente quando se trata de enxergar um potencial bom parceiro, e você parece ser um.

O que eu quero dizer, além de tudo que já escrevi, é que pensando sobre suas virtudes e defeitos, eu vejo alguém que vale a pena ter ao lado. E olha, eu não imaginava que ia sentir algo tão intenso tão cedo, então me dá um desconto. E outra, independente do que aconteça, eu não vou dizer o contrário: você vai continuar sendo uma pessoa que valha a pena e que vou admirar sempre.

É difícil explicar, só sei que estou feliz por estar compartilhando as coisas com você, alguns planos possíveis, as coisas simples, noites juntos e o interesse que você demonstra em mim e nas coisas que eu digo, que eu trago, que eu sugiro, e vice-versa, que é recíproco, faz com que eu me sinta mais vivo.

O mínimo que eu posso fazer, que eu tento todo dia, é retribuir para que você também se sinta assim. Se eu puder te fazer feliz enquanto estiver do seu lado, tô feliz também. 

O que mais eu posso dizer? Apenas uma coisa: eu quero ver muitos mais.

sábado, 10 de maio de 2025

Bancar o que sinto

Eu tenho recebido sinais de todos os tipos, os quais me fazem me questionar sobre o que sinto, como devo agir, se corro algum perigo, se estou acertando. Sobre este último, acertar, é uma boa maneira de dizer, porque de fato não há certo ou errado considerando a perspectiva do agir, mas acertar ou errar acredito que existe, sim, se alcançar o objetivo almejado. 

O fato é que, refletindo, independente dos acertos e erros, eu caí numa armadilha ao pensar que devo conter o que sinto para não cometer os mesmos "erros". Sabe, de tanto ouvir aquilo de "errar uma vez é humano, duas é burrice", e coisas do tipo, dá aquele medo de repetir padrões ano após ano e aí morrer sem ter vivido de uma forma mais plena e merecedora.

Mas a armadilha da qual eu me refiro é justamente achar que vamos cometer os mesmos erros quando, na verdade, as experiências são únicas. Não me interprete mal, eu estou falando, especificamente, de relacionamentos e decisões que envolvam emoções. É diferente de, por exemplo, de ações que te fizeram mal e comprovadamente irão continuar fazendo caso você repita.

Embora ambos indicadores possam se cruzar, vou tentar me ater ao que eu disse sobre relações e decisões emotivas. Eu tenho algumas várias experiências românticas, algumas mais parecidas que outras entre si, mas nunca iguais, o que me leva a pensar que, contendo meus sentimentos sobre uma nova pessoa, eu estarei me livrando de uma experiência ruim que já vivi?

Chega a ser um paradoxo. Primeiro, porque as experiências "ruins" que vivi em relacionamentos passados não existiram sozinhas. Com elas vieram inúmeras alegrias, prazeres e contentamentos. Afinal, quem precisa medir se valeu a pena ou não somos nós mesmos e, digo com propriedade: TODAS as relações que tive valeram à pena, por que a cada ano que passa eu me sinto mais feliz com quem sou.

E parte de quem sou é culpa de quem passou pela minha vida, principalmente os parceiros, com quem tive mais intensidade, apesar de pouco tempo de convivência (nunca estive mais de dois anos com ninguém).

Amigos também fazem parte disso, mas, novamente, estou me atendo aos parceiros românticos.

Tudo isso que escrevi é para dizer, escrever, afirmar, autoafirmar, me convencer, se possível de que eu vou bancar o que eu sinto enquanto eu sentir.

A diferença, espero estar seguindo essa nova "regra", é que tentarei ser cada vez mais responsável, gentil, compreensivo, paciente e justo com o outro e, principalmente, comigo.

Por fim, antes que eu esqueça, quero reforçar algo que li ontem sobre arrependimentos, que tem tudo a ver com bancar o que se sente. É um resumo do que entendi lendo a parte dos 'regrets' em 'Atlas do Coração' sobre não ter arrependimentos: quem não se arrepende é porque não aprendeu nada com as experiências que viveu. Basicamente isso.

Ou seja, bancar o que se sente não é não se arrepender do que viveu, é viver APESAR do que aconteceu. Espero que faça sentido pra você, por que pra mim fez.

CARPE DIEM!


segunda-feira, 28 de abril de 2025

Ensaio

Eu estou cheio de medo, mas posso dizer que estou neutro com tendência para positivo e otimista. Embora seja cedo, não acho que haja tempo certo.

Mas tem um porém, eu não tenho nada material para oferecer, e eu nem sei mais se sei quem sou. Além disso, por mais que eu até saiba um pouco o que quero, também não sei se estou preparado para isso.

Um pouco do que eu quero: ser amado, priorizado, ajudado, cuidado, amar, priorizar, ajudar, cuidar. Eu quero experiência, tempo de qualidade e parceria.

A intensidade, força e rapidez de como tudo veio me fez ficar um pouco desconfiado. Talvez na minha cabeça ressoe "o que vem rápido, vai rápido" e eu cansei por inteiro do que é demasiado efêmero.

Eu não quero mais líquido e frágil, que escorre pelas mãos, como quase tudo é hoje em dia, como diz Bauman.

Então, eu preciso me preservar mesmo querendo muito embarcar, por que eu sei que o risco e a aposta continuam sendo grandes e a frustração se espreita a qualquer momento. Também por que a vida acontece quer queira quer não.

E os meus planejamentos, mesmo sendo necessários, não fazem com que os planos sejam úteis.

Como eu disse, estou cheio de medo, mas como sempre, eu vou mesmo assim.

sábado, 12 de abril de 2025

Tempo foi/é/será minha religião

"É engraçado por que, para ser honesta, estive triste a semana toda, eu sinto que minhas expectativas estavam altas demais ou que quanto mais velha ficamos, mais temos que justificar a vida e suas escolhas. E quanto eu estou com vocês, são tão transparentes quais foram minhas escolhas, meus erros.

Eu não tenho um sistema de fé e, bem, digo, eu tive muito... O trabalho foi minha religião por toda vida, mas eu definitivamente perdi minh fé nele e, então, eu tentei o amor e foi apenas uma religião dolorosa que fez tudo ainda pior. E aí, mesmo para mim, ser uma mãe também não me salvou.

Mas eu tive essa epifania de que eu não preciso de religião ou deus para dar significado à mnha vida, por que o tempo faz isso.

Nós começamos essa vida juntas, digo, nós passamos por coisas separadas, mais ainda assim juntas. E eu olho para vocês, e sinto que isso é cheio de significado. E eu não posso explicar, mas mesmo quando estamos na piscina falando qualquer coisa e isso ainda parece profundo.

Eu sou grata que você tem um lindo rosto. Eu sou grata que você tem uma vida linda. E eu... eu apenas estou grata de estar nesta mesa."

The White Lotus S03 EP08 | Laurie’s Monologue at Dinner with Kate and Jacky

Assim como para muitas pessoas, o monólogo da Laurie no último episódio de The White Lotus se encaixou para mim também. Em mais um dos meus momentos de tristeza - que a cada ano tenho aprendido a aceitar como uma emoção visitante, assim como todas - por mais esta fase de mudanças, saudades, dúvidas, preocupações e angústias, sinto que posso aprender mais e mais a cada dia.

Isso tudo só serve, no entanto, para que eu não seja ignorante quanto às minhas ações em geral. Vou continuar falhando tanto quanto acertando, mas eu preciso dessa consciência para fazer isso sem machucar ninguém, nem a mim mesmo, de forma a causar dor e sofrimento constantes.

Considerando isso, esse monólogo digno de premiação e as lições com as quais eu tenho tido contado recentemente, só queria pontuar, hoje, o que acho que preciso fazer para que eu tenha uma qualidade de vida - psíquica - mais saudável possível. Isso inclui:

  • Conexão livre de possessividade
  • Entender o que é amar sem possuir
  • Aprender a soltar imediatamente
  • Não se culpar por erros cometidos
  • Não mudar para agradar a ninguém
  • Praticar o desapego em todas as formas
  • Deixar de controlar e seguir o fluxo
  • Viver o agora sendo grato e presente
  • Dar valor para as pequenas coisas
  • Ser otimista ao que esta ao meu alcance
  • Mudar em mim o que quero mudar no mundo
  • Planejar, mas saber abrir mão dos planos
  • Refletir sobre o que me incomoda no outro
Dentro disso, para que funcione, eu preciso abrir mão de achar que eu conseguirei ser isso e assim de forma constante. Acredito que seja impossível, até por que seguir este roteiro de forma irrestrita já seria uma forma de controle, o que se tornaria um paradoxo. Creio que se trata mais de uma prática diária que pode ajudar com que eu seja um pouquinho melhor a cada dia.

Por fim, indo um pouco contra essas filosofias bregas, cafonas, hypadas que todo mundo critica, mas que considero muito válidas, preciso contestar apenas o fato de que eu não posso agir de tal forma, por que isso me trará benefícios ou vantagens. É agir de tal forma por que SIM.

Por exemplo, eu definitivamente gosto de ter o controle das coisas, mas eu não posso abrir mão desse controle só por que isso vai fazer com que as coisas fluam, eu tenho que abrir sem pensar nos ganhos. Um exemplo mais palpável ainda é o de estar com alguém e, "soltar" apenas para que a pessoa fique. Eu preciso soltar simplesmente por que ela é um ser livre.

De novo: não posso agir seguindo essa filosofia pensando na minha conveniência, eu preciso ser melhor do que isso e fazer pensando em um bem como o todo e, assim, acredito que funcionará melhor. Ponto.

terça-feira, 1 de abril de 2025

A amendoeira-da-praia (postagem 600)

Era um dia qualquer de 2022 e eu estava rolando o feed do Instagram, como bilhões de pessoas fazem diariamente, quando um vídeo me chamou atenção: com uma música agradável, a filmagem mostrava uma árvore em uma noite qualquer em uma praia de João Pessoa, capital da Paraíba. Aquela árvore (uma amendoeira-da-praia) estava entre a areia e a calçada e se mexia enquanto era tocada pelo vento, em um ambiente praticamente deserto e a lua refletindo no mar. Aquilo não parecia perfeito, aquilo era PERFEITO.

Salvei aquele vídeo e imaginava como seria morar ali. Anos depois, não mais que três, cá estou morando em João Pessoa, desfrutando do que era apenas um sonho. Um sonho simples, pequeno, admito, mas que pode não ser de fácil acesso para muita gente. Não se trata, porém, de meritocracia, de presente de Deus, de "eu mereci", avalio apenas como: de alguma forma fui e fiz. 

Este texto, porém, é mais uma despedida do que o sonho realizado por si, já que eu estou indo embora daqui hoje. Sinto que meu tempo na cidade já deu. Foi o suficiente. Mas só recentemente, caminhando pela praia a noite, aqui perto de casa, sentindo o vento, vendo a lua refletida no oceano e, claro, vendo uma amendoeira-da-praia (também chamada de sete-copas e outras dezenas de nomes), é que me dei conta desse pequeno sonho foi realizado, e muito bem realizado.

Lembrei do vídeo que salvei por tanto tempo, que eu assistia frequentemente até que caiu no esquecimento. No fim, eu tive o privilégio de vir morar a apenas alguns metros de uma praia que poderia ser muito bem aquela praia do vídeo. E não só é uma praia, como é uma praia bonita, pouco frequentada, segura, agradável e foi minha por longos rápidos quatro meses.

Por vezes, eu vejo esses pequenos sonhos se realizarem e entendo o por que eu sinto que minha vida é digna de ser vivida. Talvez tudo isso seja uma mistura de sorte, com muito trabalho e disciplina, de estar satisfeito com pequenas coisas, de fazer o que quero, de arriscar, de apostar, de não me importar, também de ser egoísta, metódico, consistente e até meio estúpido. 

No entanto, minha vida está bem longe de como eu gostaria que fosse tendo 34 anos, como era na mente de um jovem que imaginava posses materiais inalcançáveis, mas que nunca imaginou quanta imaterialidade caberia na cabeça e no coração. Ainda assim, sigo no meio desse caos ordenado, dessa felicidade melancólica, no meio disso, sem ser pior ou melhor que nada nem ninguém, só grato por poder apreciar uma amendoeira-da-praia em uma noite qualquer em uma praia na Paraíba.


Acima, a foto que eu tirei no dia em que me dei conta de que eu estava em pessoa no cenário que tanto desejei. Era um dia de lua, mas ela já não estava refletida na água nesse momento. Vida que segue!

CARPE DIEM

sábado, 22 de março de 2025

A última sobre mortes

Ainda inspirado sobre como todos os tipos de morte agem em nós, decidi escrever sobre as mortes na minha vida, já que, surpreendentemente, quase todas, mesmo que poucas, foram traumáticas e repentinas. Não que a morte por si só já não seja traumática, mas sim da forma como aconteceu comigo, ao menos.

Considerando as mortes de pessoas próximas, que eu lembro sem precisar consultar ninguém sobre detalhes, a primeira que perdi foi meu avô materno. Ele morreu de câncer e eu nunca lembro o ano ou qual tipo de câncer, tendo sempre que perguntar a minha mãe. Das lembranças que tenho dele, são ele acusando a mim (seu neto, uma criança de, sei lá, 8 anos) de roubo por que eu achava moedas pela mansão em que ele e minha avó moravam.

Eles moravam em uma mansão porque eram caseiros da chácara onde a mansão ficava, na cidade de Goiânia. Hoje eu não sei mais sobre a real história das moedas. Se eu estou certo, eu realmente achei moedas e me sentia o máximo achando, então peguei algumas do cofrinho dele e fingia que achava. Acho que foi isso.

Também lembro dele puxando a minha orelha com muita força porque saí da casa sem autorização para ver uma pipa que caiu do outro lado da rua. Por fim, lembro EXATAMENTE o dia de sua morte: estavam todos apreensivos com a fraqueza extrema do meu avô, que nos últimos dias estava em casa acamado. Eu estava com minha irmã em uma goiabeira no quintal quando ouvi minha vó gritar "O Severino morreu!", eu e minha irmã ficamos assustados e eu disse pra ela "Talvez ele só desmaiou", quando fomos surpreendidos pela dona da mansão, muito amiga dos meus avós, dizendo "Ele realmente se foi!".

Poucos anos depois a notícia da próxima morte: um tio materno, o José. O irmão mais velho da minha mãe, o que aparentemente ela mais gostava e o que era muito parecido comigo. Se eu não me engano, ele, que era caminhoneiro, foi encontrado morto dentro do caminho após ter sofrido uma parada cardíaca aos 45 anos. Também não tenho certeza da idade.

Apesar de eu ter poucas memórias afetivas com ele, assim como com meu avô Severino, a morte dele repercute de uma forma muito maior na minha vida até hoje. Isso porque são muitas as variáveis envolvidas e que se cruzam no meu destino. Primeiro, ficou incerto se ele morreu por abuso de medicação, álcool ou outras drogas. Segundo, ele já tinha um histórico péssimo de saúde, tendo recebido um rim da minha mãe cinco anos antes por conta de falência renal.

Terceiro, e o mais importante, ele poderia ter a doença genética que eu tenho, mas que a família só descobriu recentemente, o que, por isso, me faz pensar muito mais sobre vida e morte, e o tempo que me resta. Atualmente, apesar de já tomar remédio para o coração, meus exames dizem que estou extremamente saudável, mas manter isso não é uma tarefa saudável, e a energia que gasto com meu cérebro me deixa exausto.

Eu lembro como se fosse ontem o dia em que minha mãe recebeu a notícia da morte do meu tio. Estávamos em alguma fazenda entre Ribeirão Cascalheira e Querência, no Mato Grosso, quando o telefone da casa da fazenda tocou e era pra ela a ligação. Não lembro quem era, mas lembro que ela dizia "Fala logo o que aconteceu!", e quando ela soube lembro dela deitada na cama de um dos quartos chorando inconsolavelmente.

O enterro foi em Goiânia, assim como o do meu avô Severino, pai de José. Eu não fui a nenhum dos enterros, aliás. Meus pais não me levaram e nem a minha irmã, por algum motivo.

Novamente, posso estar enganado, mas pessoas realmente próximas não morreram em um grande período de tempo, quando, infelizmente, meu avô paterno faleceu. Foi em 2010, após algo muito ruim acontecer com meu pai. O pai do meu pai, Antonio Carlos, conhecido como Carlão, com quem eu tive muitas memórias afetivas, sempre foi um modo de perceber como pessoas boas também podem ser más.

Passei a infância e adolescência sabendo histórias de como ele tratava mal a minha vó e outras pessoas, era violento, grosso, traía, mas era um amor com os netos e amigos. Ele já estava debilitado e, para mim, nunca ficou claro se ele se matou ou se também abusou demais de medicações e álcool na noite em que morreu. Mas foi encontrado de manhã, dado a entender que morreu dormindo. Ele foi enterrado na cidade em que morávamos, Barra do Garças.

Dois anos e um mês depois, eu perdi o Junior, como já contei aqui. Foi a primeira pessoa com quem me relacionei amorosamente e que morreu. Depois disso, nunca perdi alguém enquanto estava com a pessoa, mas lembro ao menos de outros quatro rapazes com quem já estive e que não estão mais vivos, um deles conto adiante.

Antes, porém, quatro anos depois do Junior, em 2016, também em um dezembro, minha mãe perdeu outra pessoa. Dessa vez, a mãe dela. Minha vó materna, a Vó Marina, se foi. Ela com certeza foi a pessoa mais próxima que perdi até hoje, afinal eu, com meus 25 anos, na época, havia passado 25 anos sabendo que ela era minha vó, a vendo todos os anos, sem exceção, e recebendo seu amor.

Ela era, e é, um dos maiores exemplos de ser humano que eu tenho até hoje, embora isso não seja exatamente uma coisa boa. Explica: ela era extremamente acomodada com o jeito como a vida era, era aquilo e PRONTO e eu invejo isso, por que eu, por exemplo, não aceito muita coisa que chega até mim.

Parando pra pensar agora, ela era muito peculiar, muito única. Não lembro de conhecer alguém igual a ela, que vai sempre ter um espaço no meu coração. Seus últimos dois anos foram bem difíceis, estava muito debilitada, mas os filhos cuidaram como puderam, até que, um dia, enquanto estava na casa de uma das filhas, não minha mãe, em uma fazenda no interior do Mato Grosso, ela piorou e morreu. O enterro também foi em Barra do Garças onde estão, agora, todos os túmulos da minha família materna, e do meu avô paterno.

Ainda sobre a morte de pessoas com quem me relacionei, lembro desses outros quatros, mas um me marcou. Acho que foi entre 2017 e 2018, um dos períodos mais longos em que estive solteiro e conheci esse meu vizinho. Ele morava dois andares acima de mim, parecia uma boa pessoa, apesar de triste. Não notei nada de estranho nele, nada incomum, como percebo em várias pessoas que conheço.

Mas semanas depois de ter conhecido e ficado com ele uma noite, soube que ele havia morrido. Sua mãe o encontrou já sem vida dias após ele não falar com mais ninguém. Eu soube pelo porteiro e pronto: o trauma estava instalado. Até hoje, vez ou outra, principalmente quando estou só, me vem este medo de morrer e ser encontrado dias depois, por que não tenho ninguém próximo o suficiente pra não me deixar apodrecer na cama caso eu morra subitamente. Não que importe para mim pós morte, mas enquanto estou vivo, infelizmente isso é algo que consome a minha mente, como eu disse, vez ou outra.

Chegamos a 2019 e, em agosto, perdi minha única bisavó viva. Apesar de não ser extremamente ligado a ela, tinha a visitado recentemente e ela era maravilhosa. Só ouço coisas boas sobre e as poucas vezes em que estive com ela pessoalmente comprovei como era um ser de luz, felicidade e serenidade. Eu lembro o ano, pois fiz uma tatuagem na mesma semana em que ela faleceu.

E então, quase seis anos depois sem absolutamente ninguém próximo de mim morrer, no último dia de fevereiro de 2025 recebo a notícia, dada pela minha mãe, em uma noite de sexta-feira de Carnaval que o meu primo havia morrido. Ele, que tinha pouco mais de dois ou três anos de vida do que eu, era forte, bonito, rico, esperto, gente boa, simplesmente não está mais entre nós.

Não o considero, porém, mais próximo do que minha vó materna, claro, por motivos óbvios, mas também por que diferente da minha vó Mariana que eu via todo ano, havia anos em que eu não via o Caio.

E são essas minhas ligações com mortes, que provavelmente definem parte de quem sou hoje. Isso tudo muda a gente e, eu falo com certeza, que foram poucas, e isso mexe muito comigo. Porque a cada ano que passa a possibilidade de haver mais mortes é real, e me preocupa, me faz ser ainda mais sedento pelo hoje, pelo agora, por amar todos que amo cada vez mais e não querer vê-los partir, assim como também não quero partir, claro.

Sinto que isso me torna fraco. Não me sinto preparado para nada. Ainda que tenho passado por outros tipos de luto, diversos, envolvendo trabalho, amores, amigos, e as mortes que ocorrem todos os dias a todos os momentos, dos anônimos aos famosos, nada disso me prepara. Acho que não prepara ninguém.

Ao menos eu posso escrever, o que ajuda a drenar essa tempestade que é minha mente. E assim, quem sabe, renascer de alguma forma. Fazer o que posso por quem já foi, e viver o meu dia.

quinta-feira, 20 de março de 2025

Ainda sobre morte e vida

Ele morreu há pouco mais de 13 anos. 13 anos e três meses para ser exato. Era uma quarta-feira, dia 21 de dezembro, e o próximo final de semana era Natal. Tínhamos a mesma idade: 20 anos. Nos conhecíamos há apenas 14 dias. Duas semanas. Metade de um mês.

A primeira lembrança que tenho foi dele passando por mim vestindo aquela roupa, um uniforme todo preto e elegante, na festa de inauguração do salão em que ele trabalhava. Ele me ignorou completamente, mas era compreensível, era muita gente, tudo precisava estar perfeito e ele estava trabalhando, afinal. Eu era convidado. Na verdade, minha mãe era e me levou, já que ela e a dona do salão eram grandes amigas.

Eu não desisti e, dias depois, com a ajuda da minha mãe, que era cliente dele, consegui chamar um pouco de atenção e conversamos pela primeira vez no Facebook. Daí em diante, os papos confirmaram o por quê de ele não ter me dado atenção na festa:

"Sou tímido", "achei que você era hétero", etc.

Mas bastou alguns dias conversando para que nos encontrássemos pessoalmente. Infelizmente não lembro do primeiro encontro, exatamente, mas sei que ele foi a primeira pessoa com piercing na língua que beijei. 

Lembro também dos passeios de moto, dos fins de tardes à beira do Porto do Baé e de um momento específico em que estávamos sozinhos na casa dele, nus pela primeira vez, em que perguntei o que era aquele furo na protuberância de pele logo acima do seu umbigo.

Que ingenuidade a minha, era a marca de outro piercing. Só fui me dar conta dias depois, já depois de sua partida. O mais triste, porém, foi ele ter mentido que era uma cicatriz. Triste não por que ele mentiu, mas o por quê ele o fez: tinha vergonha daquilo, do próprio passado.

Não quero entrar em méritos dos porquês ele estava neste processo de mudança que o fez sentir vergonha dos últimos anos, tudo isso envolve a patroa que era (é) evangélica e o "ajudou" a mudar de vida.

A questão é que ele era transformista, ou dragqueen, e premiada!

Mas, aparentemente, tinha abandonado aquela vida por uma mais discreta, mais "máscula" até, por conta dessa patroa, por conta própria também talvez e sabe-se lá mais o porquê. Mas isso foi o que descobri depois de sua morte, então realmente não importa.

Ainda durante os 14 dias de "namoro", a única coisa que restou foi o histórico de conversas no Facebook, e eu reli hoje, depois de passar por lutos metafóricos e literais e ler livros sobre lutos metafóricos e literais. Lembrei dele e reli tudo, com muita tristeza.

Naquela época, coincidentemente, ambos iríamos tirar férias no próximo fevereiro e o sonho dele era conhecer Salvador. Algo tão simples, tão "fácil" de realizar. Mal tivemos tempo de planejar a viagem. Outro sonho dele era fazer faculdade, queria fazer ciências contábeis e deixar o trabalho de cabeleireiro. Quantos sonhos mais ele devia ter e que foram enterrados com ele antes mesmo de qualquer chance de realizá-los.

Tanta coisa em tão pouco tempo. Tudo escorreu pelas minhas mãos, por nós, já que eu fiquei.

Era uma quarta-feira, como eu disse. Eu voltava do almoço para mais um dia qualquer de trabalho. Dirigia o carro da minha mãe, pois ela ficava com o veículo do trabalho dela, e morávamos longe do centro. 

Não lembro se já contei a história aqui, mas já contei várias vezes em outras ocasiões e novamente: parei na esquina do trabalho por conta do semáforo, que estava vermelho. Não estacionei antes, pois era um inferno encontrar vaga por ali, então eu precisava cruzar aquela que era a principal Avenida da cidade e, quando deu verde, eu só fui devagar, olhei à esquerda e a primeira coisa que vi foi uma ambulância socorrendo um homem loiro vestindo um uniforme preto e elegante.

Eu já sabia, de algum jeito eu já sabia, era óbvio e só não quis acreditar. Estacionei o mais rápido que eu pude, corri para a loja de móveis planejados onde eu trabalhava e que era quase em frente ao local do acidente - a ambulância já havia o levado - e liguei para o salão em que ele trabalhava. Perguntei se ele estava lá e a resposta foi de que ele havia acabado de sair para almoçar. Então eu precisei avisar que era ele quem poderia ter sofrido um acidente de moto na Avenida e que avisassem a mãe dele para todos terem certeza.

Nesse meio tempo eu precisei visitar um imóvel em construção, tirar medidas de paredes, um trabalho simples, que parecia simplesmente impossível. Naquela altura eu não sabia mais quantos centímetros formam um metro sequer. Tentei, mas voltei para a loja onde, então, eu soube que ele estava no pronto socorro, que o trauma no crânio havia sido gravíssimo e ele estava vivo apenas com a ajuda de aparelhos, já que o coração continuava batendo.

Fui liberado do trabalho, fui ao hospital esperar com a família e amigos, mas bastou algumas horas mais para sabermos o que já sabíamos, não havia solução. O caminhão que o acertou na cabeça fez um estrago muito grande, mesmo com o uso de capacete.

Eu nunca soube como aconteceu, acho que ninguém, ele apenas caiu da moto naquela maldita avenida principal da cidade, onde a descida era amena, e a moto foi para a calçada, enquanto ele foi parar debaixo de um veículo que pesa dezenas de toneladas.

Depois do anúncio oficial da morte, eu lembro apenas de flashes: fui ao velório, que aconteceu na casa dele, toquei no corpo já sem vida, enquanto minha mãe me abraçava e chorava, fiquei por alguns minutos no quarto dele, agora sozinho, sem carinho, sem conchinha, sem sustentação. Fui ao enterro no dia seguinte e, quanto o túmulo foi fechado, uma pequena ficha caiu, nunca mais o verei. Após isso, eu não conseguia comer, comi meia pera em dois dias, dormi muito e, depois, o processo do luto aconteceu como acontece com todo mundo, acredito eu.

Não há nada demais na história em si, e ao mesmo tempo há tudo. É um episódio triste da minha vida, como acontece com absolutamente todas as pessoas do planeta Terra. Eu também não sei que coisas este trauma desencadeou na minha vida. Eu sinceramente não sei se isso me marcou a ponto de eu me tornar alguém diferente do que eu era, mas provavelmente sim.

Acontece que eu acho que mudei muito e muito de tudo que acontece na minha vida me muda. Graças ao Universo acredito que a grande maioria dos acontecimentos me fez genuinamente bem, trazendo mudanças que me fazem ser uma pessoa melhor, mas outras me fizeram mal e me fazem ter atitudes de uma pessoa não tão boa. Espero que eu seja mediano, ao menos.

Acho que fico por aqui, já foi muito doloroso reviver tudo isso, mas senti necessidade de escrever isso, então aí está. Como acredito em vida após morte em terra, espero que Junior esteja bem, ele definitivamente merece paz, seja em espírito ou, quem sabe, em uma nova vida ganha em algum lugar por aí.

Enquanto a mim, enquanto eu viver acho que talvez algumas coisas não mudem: a vontade de fazer o que quero, o amor que tenho pela vida, a importância que dou pra quem está próximo de mim, o reconhecimento de que eu posso e devo errar para poder seguir e a certeza absoluta de que eu mereço muito tudo de melhor que possa vir e que eu mereci tudo de melhor que já veio.

Das pessoas da minha família que amo, dos amigos que amo, dos amores que amei e ainda amo, do conhecimento que adquiri, dos trabalhos que conquistei, das viagens que fiz, dos auto cuidados aos quais me proporcionei, da paz que recebi, tudo que eu mereci e hei de merecer um dia após o outro até que seja, então, a hora de partir, demore ou não, não tem problema quando. Tudo tem que valer a pena!

quinta-feira, 13 de março de 2025

Pulsão de morte e A morte

Era uma segunda-feira e eu com gripe, coluna travada, ciático dolorido e sem dinheiro, mal conseguindo fazer atividades comuns do dia a dia, então decidi caminhar vaga e lentamente pela praia perto de casa quando, já na areia, me veio aquele desejo incessante de entrar na água e apenas nadar. Nadar até que eu não tivesse mais forças, para que eu afundasse e tudo acabasse ali mesmo, pois eu já estava sem perspectivas.

Foi na sexta-feira da mesma semana, enquanto eu estava na mesma praia, desta vez a noite, sentindo a brisa suave no rosto, curado da gripe, com as costas e o ciático melhores, e tentando não me importar com a falta de dinheiro, que recebi uma ligação da minha mãe. A notícia: um primo acabara de morrer. Fora encontrado dentro do próprio veículo em uma estrada no interior do Mato Grosso, já sem vida. Ele morava por ali.

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Essa semana não foi fácil, mas passou. Após os pensamentos suicídas de segunda, que continuaram na terça, eu senti um sinal de alerta se acender dentro de mim. Percebi que não era algo saudável e procurei falar com meus melhores amigos para me certificar de que eu pudesse receber certo conforto. Recebi. De cada um ouvi palavras que me serviram de diversas formas e, então, foi a última vez em que chorei por aquilo, encerrando um ciclo que começou após eu perder um grande trabalho e terminar meu último relacionamento.

Nesses dias, me falaram da tal pulsão de morte que, na teoria psicanalítica freudiana clássica, é a pulsão em direção à autodestruição. Mas que, na verdade, serve como um mecanismo em que você quer matar o que está sentindo, aquela dor, aquela angústia sem fim, e só consegue fazer isso de forma rápida se tirar a própria vida.

Eu tinha consciência, porém, de que não queria morrer. Afinal, quanta alegria e prazer eu já senti nessa vida e que me fazem querer continuar? Com certeza muito mais do que o que me faz querer morrer. Esperei. Quarta e quinta já me sentida melhor. Fiz minha sessão de terapia quinzenal e reforcei o que eu já sabia: eu não precisava fazer absolutamente nada além de esperar. Quase um "viver para ver".

Infelizmente, na sexta, dia em que eu já me sentia pleno o suficiente pra me arrepender daqueles pensamentos horríveis de segunda, recebi a notícia da morte do meu primo, que não era nem três anos mais velho do que eu, tinha uma filha bebê e era uma pessoa muito agradável. Tranquilo, educado, bem humorado. Uma das minhas lembranças mais antigas com ele, com quem passei parte da minha infância, por exemplo, foi a de que, quando se reunia comigo, minhas irmãs e a irmã dele, minha prima, comprava doces e escondia pela casa para que a gente procurasse.

Depois, na adolescência, quando ele se mudou com a mãe e a irmã para uma cidade grande, só nos viamos nas férias. Ele era minha referência de jovem bem sucedido: roupas e acessórios legais, vídeo games e jogos de última geração, sabia as músicas 'tops' do momento, já dirigia e entendia de carros, sabia dos lugares legais e sacava de quase tudo de tecnologia naquela época.

Apesar de ele ser referência, por muito tempo também senti inveja. Eu nunca fui muito ligado à status e estética, mas eu sempre quis dirigir, sempre amei vídeo games, gostava da ideia de morar em uma cidade grande, então parte daquela vida eu queria que fosse minha também. Isso me fez ser injusto com ele nos meus pensamentos. Por que, como eu disse, ele era uma pessoa realmente bondosa.

Parte disso, nos dias seguintes à sua partida, e no impulso de pensamentos, cheguei a refletir se deveria ser eu a ir, afinal era eu quem estava querendo morrer naquela semana. Assim como eu, porém, tenho certeza de que ele não queria morrer de  verdade e nem deveria. Mas o que, neste mundo, é do jeito que deveria ser? O que neste mundo acontece de forma totalmente justa e agradável? Não preciso nem responder.

Bom, isso tudo já faz uns dias, mas só me senti bem para escrever sobre isso agora, que consigo enxergar o que se passou comigo de uma forma mais clara, e agora que a tristeza de perder um primo amenizou. Apesar de ser dificil cair a ficha.

Durante a minha vida eu perdi poucas pessoas realmente próximas e o pior (melhor, dependendo da perspectiva), nunca precisei lidar com nada sobre morte. Nunca fui responsável por nenhuma situação que envolvesse morte. E, hoje, aos meus 34 anos, isso se torna um medo frequente, por que eu não quero lidar com isso nunca, mas, principalmente, eu não quero perder ninguém que eu amo.

Carpe Diem


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Metade da minha vida

Ainda faltam alguns meses, mas neste ano eu completo metade da minha vida escrevendo aqui. E eu posso afirmar sem dúvidas que foi sobre o amor que eu mais escrevi. O amor, esse negócio que segue vias complicadas demais pra lidar.

Eu lembro como se fosse ontem que eu passei por tantos tipos diferentes de amor, com alguém ou sozinho. O primeiro de todos era acreditar fielmente em alma gêmea. Era tão claro quanto o sol que haveria UMA e apenas uma pessoa em todo planeta que seria a minha parceria eterna.

Depois vieram todos os outras formas de pensar sobre, até que chegou hoje, onde eu preciso afirmar que não sei mais de nada. Acho que nem sei quem sou, e eu juro que tava com isso na cabeça ontem quando fui caminhar e, em um poste, jazia uma folha A4 com a mensagem: "não saber que sou é o melhor de todos os mundos".

Fala sério.

Ainda estou procurando, Universo, onde é o melhor dos mundos, por que NESTE não parece.

De toda forma, ainda falando sobre amor, como e quando - depois de anos, décadas, "aprendendo" sobre amar - que aprendemos a deixar ir aquele a quem aprendemos a amar? Já que nos propomos a proteger, a cuidar, a fazer tudo para a pessoa. Dar de volta ao mundo, DE GRAÇA, o que nos veio com muito custo, muita luta e conquista é muito difícil.

Não podemos aceitar ter o controle. E eu não aguento mais isso. Eu não aguento mais esse sentimento de controlar o que não tem controle. Eu, você, a gente não tem controle de porra nenhuma, e eu não consigo lidar.

Deixar ir.

Quantos anos mais eu preciso? Quanto tempo mais eu necessito? 

Enfim, apesar de não saber mais quem sou, de não ter certeza de mais nada, pelo menos, dessa vez, eu não vou mais colocar em nada nem ninguém a possível solução dos meus problemas e bem estar.

A minha esperança será focada no agora.

Tudo que tem um começo tem um fim. Faça as pazes com isso e tudo ficará bem

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Uma virada após um mês

Sim, ainda estou falando sobre ele. E sobre corações partidos. Sobre términos. E, como um presente de aniversário, me dei ao direito de parar de me culpar, ao menos por um momento, e lembrar de que eu sou vulnerável e ainda mereço os cuidados que eu acredito que mereço.

Como disse uma grande amiga, falar é fácil. Dizer que faria isso, e aquilo, é muito fácil, ainda mais apaixonado, amando. Mas fazer, de fato, o que fez ele? Infelizmente fez o mínimo e por que eu precisava deixar claro. O que gerava muitas discussões.

Como deixei chegar nessas condições? Como eu pude ser tão cego? Novamente, é uma pessoa incrível, mas perdeu o brilho, quase que a identidade, ao dividir a vida comigo. E eu já me responsabilizei de todas formas possíveis, acontece que eu preciso parar de achar que tudo dependia só de mim, e isso começa, definitivamente, agora.

Eu preciso parar imediatamente de encontrar pessoas que dizem que sou perfeito, que dizem que me amam mais, que dizem que farão tudo por mim, que dizem... que dizem... Eu preciso de pessoas que façam, por que de uma coisa eu tenho certeza: eu faço!

Eu fiz.

Eu fiz tudo que eu podia pelos que amei. E eu não desisti do amor. Eu não quero e nem vou desistir.

Mas eu preciso calibrar MUITA coisa na minha vida. Preciso afinar coisas que dizem respeito a mim, mas, sem dúvidas, preciso alinhar melhor coisas que dizem respeito ao amado.

Acho que a partir de hoje, eu sou uma nova pessoa, de novo. Continuo vivendo um dia de cada vez, sou grato por tudo que vivi e pela paz que tenho encontrado em meus dias.

Agora eu preciso de mais proteção, mais aprendizado e mais completude. Eu estou pronto.

E por fim, eu não quero ter razão, eu só quero ser compreendido. Só isso.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Últimos 365 dias

Os últimos 365 dias, meu último ano de vida, foram um deus nos acuda. Passei o último aniversário tentando superar um ex, depois fui demitido de um emprego, fiz uma das melhores viagens da minha vida, me apaixonei de novo, fiz uma das piores viagens da minha vida, consegui um emprego melhor, fui demitido de novo, decidi morar com a pessoa pela qual me apaixonei, me encontrei em uma das situações financeiras mais difíceis da minha vida, a qual ainda estou, terminei um relacionamento novamente e, agora, em mais um aniversário, sigo lutando.

No entanto, parece que é esse quase o estado constante da minha vida, talvez do mundo também. Todo dia vejo gente dizendo que está tudo uma loucura, que são tempos difíceis, que está tudo piorando e isso e aquilo, fins dos tempos, apocalipse. Aí eu parei pra pensar:

Mas quando é que houve tempos fáceis? Quando nossos pais conseguiram construir um patrimônio sem um pingo de saúde mental dando vez a uma das gerações mais depressivas e ansiosas de toda história? Quando nossos avós sofreram na ditadura ou a ignoraram? Ou ainda quando o planeta passou por duas guerras mundiais, separadas por uma das piores crises econômicas já existentes? 

Houve tempo fácil quando as pessoas não tinham acesso à saúde e à informação? Houveram tempos fáceis na escravidão? Houve tempo fácil frente à colonização? Quando houve tempo fácil, ou paz, quando detinham o poder a monarquia e a igreja? Se alguém viveu tempos fáceis, me conte em que multiverso, por que a história é uma desgraça, não é justa e não perdoa. 

No momento, isso não me conforta, é só um fato, é só a realidade. Mas a gente segue. Eu, por exemplo, vou tentando mudar a perspectiva. Nada é 100% terrível, nada é, nem será 100% incrível. Tudo pode piorar, mas tudo pode melhorar também.

Queria eu dizer: quero que isso passe logo, mas esse logo é tempo de vida, e eu não quero morrer ainda. Foram 34 anos muito bem vividos, na minha opinião, já que a vida é minha. Não posso desistir agora. Mas não é fácil, de modo algum. Na verdade parece sim, que fica cada vez mais difícil, e não pelas questões do mundo, como eu disse, por que acho que o mundo já esteve pior.

Eu digo que a vida em si fica mais difícil. Provavelmente, suspeito, por que alguns de nós, talvez eu incluso nestes 'alguns', passa a saber lidar menos com os desafios. Preciso melhorar. Vou continuar vivendo. Dia após dia, escolho e faço o meu melhor, que é diferente a cada dia.

Há dias em que meu melhor é apenas respirar, comer e ver TV, há dias em que consigo mais que isso. Eu só não me cobro e não vou exigir mais de mim do que eu sei que posso. Que eu siga tendo forças. Feliz aniversário pra mim!

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Que emoções?

Depois de assistir Atlas do Coração da forma mais focada que eu pude, comecei a perceber que, por mais que eu seja uma pessoa minimamente educada, com certas consciências, que sabe se comunicar bem, eu definitivamente tive que aceitar que eu não conheço quase nada sobre emoções, principalmente as minhas.

Como uma criança na pré-escola precisei, didaticamente, escrever o que eu tenho sentido recentemente para tentar entender o que acontece comigo. E eu digo o que acontece comigo nos últimos 34 anos. Pra ser honesto, no últimos 17, quanto comecei tanto a trabalhar, quanto a namorar. Quase nenhum trabalho meu dura, quase nenhum relacionamento amoroso tampouco.

Tenho amizades reais de décadas e minha relação com minhas irmãs e meus pais é ótima, mas alguma coisa acontece quando o profissional e o romântico entram na parada. Pude entender, afinal, não de forma correta ainda, mas como suposições, que eu sou uma pessoa ansiosa. Posso não ter crises de ansiedade, mas eu sou sou uma pessoa completamente ansiosa.

Ansiedade que, quase sempre, aparece com minha aspiração por controle, e é aqui o pulo do gato: eu não tenho um pingo de vontade de controlar nada que se refere à minha família ou amigos, já nas relações amorosas e profissionais eu sou completamente controlador, eu preciso admitir.

Por vezes, esse controle funciona na vida profissional, até chegar aos meu susperiores, quando chega a eles, eu sempre sou demitido, por que desacato e sou extremamente irreverente, arrogante, duro, irritado, e não nego que eles mereçam, mas eles tem o poder e o usam me tirando o que eu preciso pra viver, que é o dinheiro.

Já nos relacionamentos amorosos, o controle não serve de quase nada, pra não dizer zero. O pior de tudo, é que eu não sei se um dia serei capaz de abrir mão desse controle, o que deverá custar muito caro pra mim no futuro se eu não conseguir domar esse impulso quase instintivo.

Além disso, tenho percebido, com a ajuda de um gráfico também didático, que a grande maioria das minhas emoções tem aparecido de forma negativa, embora sejam naturais. São elas: ansiedade, controle, medo, raiva, desespero, angústia, abandono, preocupação, nervosismo, tristeza, frustração, ressentimento, revolta, inveja, arrependimento, culpa, vergonha, confusão, abalado e insegurança.

São vinte, vinte emoções "negativas" contra as poucas "positivas" que me ajudam a me sentir melhor: esperança, nostalgia, otimismo, orgulho e entusiasmo. Todas essas aparecem também frequentemente.

Acho que todas me ajudam, de certa forma, a levantar da cama todos os dias e tentar viver da forma mais plena possível, afinal são sinais do meu próprio corpo pra mim. A questão é que eu tenho convivido com essa dor no peito constantemente quando estou sozinho, o que me faz odiar estar sozinho.

Mas é isso, por hora. Eu tenho exatos dois meses para trabalhar isso (na verdade tenho a vida toda). Mas estes dois meses são os meses que me dei na cidade onde vivo atualmente. Neste dois meses tenho casa, conforto, comida e, na teoria, paz, e posso usar ao meu favor pra, quando eu for embora, ter mais força para lutar pelo meu futuro, meus planos de curto e longo prazo.

Acredito que eu preciso muito trabalhar o emocional, pra lidar com os próximos obstáculos, os próximos desafios. Eu imagino que as coisas não ficarão mais fáceis, mas se eu puder conhecer melhor minhas emoções e lidar melhor com as adversidades da vida - sem fazer tantas apostas altas em um curto espaço de tempo - acredito que terei, finalmente uma vida plena.

Acho que viver bem é mais sobre lidar de forma madura com tudo, do que esperar que só coisas boas aconteçam. Eu acho por que eu falhei muito em algo que parece ser tão simples como isso, mas não é.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Sinto-me melhor 'agora'

Eu não sei se é saudável, mas estou fazendo o possível pra seguir construindo novas memórias e tentando "sair da ilha para ver a ilha" o mais rápido que eu posso. Talvez eu deva respeitar o tempo, como se tivesse outra saíde, né?

...

A questão é que está tudo confuso ainda. A vontade é de definir o indefinível como, por exemplo, taxando o último relacionamento, ou a pessoa com quem estive, como bom ou ruim, certo ou errado, e todos sabemos, ou devemos saber, que não é assim.

De toda forma, eu espero que, no tempo certo, em enxergue a ilha como realmente foi, pro meu bem. Até agora, e claro por que se passaram apenas quatro dias desde sua partida, só vejo fragmentos, como um quebra cabeça que acabou de começar a ser montado.

Algumas peças já me mostram, porém, traços do que foram realmente os últimos três meses: a tentativa de ele escapar da sua realidade, depositando em mim toneladas de expectativas e eu, claro, fazendo a mesmíssima coisa.

A diferença, porém, é que os nosso tempos e limites eram completamente díspares. Infelizmente a realidade do mundo em que vivemos e como vivemos não nos permitiu, ou pelo menos a mim, que eu pudesse esperar todo o tempo que ele precisava.

Enquanto isso, eu pedia por coisas que, para mim, poderiam não ser muito, mas para ele eram demais. Tudo isso fez com que eu me questionasse dia após dia se era eu quem precisava ser melhor. No fim, eram ambos, mas fizemos o que conseguimos fazer.

Agora, sigo em uma montanha-russa de emoções que parece ser infinita, uma hora vem o choro de desespero, seguido do medo de ficar só no mau sentido. Outra hora, um alívio imenso por sentir que a carga de um relacionamento, daquele específicamente, já não preciso transportar.

Há, ainda, dores e saudade referentes aos resquícios das fantasias que semeei: "como eu era bem cuidado por ele", "como era bom acordar e ter um café pronto", "como era bom não precisar fazer tudo sozinho", "como encaixava bem o nosso humor, nosso gostos, nossos assuntos"... Bem, é isso que meu cerébro quer acreditar no momento, mas se é verdade, eu discordo parcialmente.

Bom, é irrefutável que houve momentos únicos, houve prazer, alegria, felicidade E AMOR, e não importa o por quê de não ter "dado certo" por mais tempo. O que aconteceu, já aconteceu. Eu preciso aceitar e trabalhar com a realidade do que está em minhas mãos.

Tenho vivido dia após dia de uma forma que considero correta. Estudo, trabalho, me exercito, como regularmente bem, mas o emocional continua abalado. É compreensível, dizem pra mim e eu reforço, afinal, o término não completou duas semanas e ele partiu há quatro dias.

Só me resta focar no próximo passo, e no outro, e no outro, um de cada vez. Eu estou sozinho, por que todos nós estamos sozinho. E eu não estou solitário, por que eu escolhi não estar solitário. Sinto-me bem melhor agora.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Lágrimas

Hoje, após quase dois anos de terapia, chorei pela primeira vez na sessão. Afinal, não tem um dia, dos últimos sete, que eu não tenha chorado, e muito.

Não sei se é o acumulo por ter vivido tanta coisa nos últimos dois anos, mas, se for, a responsabilidade é minha do mesmo jeito.

Ainda, é o que é.

Só acho, novamente, que eu merecia mais, mas em meio a dúvidas, incertezas, tristeza e raiva, me surge uma frase na TV, na minha cara: "nunca estamos preparados para o que queremos".

Pronto.

E é isso. Eu tive o que queria com ambas as duas últmas pessoas que amei. Ambos incríveis, ambos boas pessoas, lindos, carinhosos, esforçados, dispostos, honestos... Enfim.

Além dos relacionamentos, eu também tive o que quis quando consegui grana para ir a Europa novamente o que acabou se tornando um pesadelo.

Então, não posso dizer que eu não tive o que eu quis, o que me leva a pensar que eu preciso querer de forma mais específica, talvez.

Enquanto isso, em relação ao trauma mais recente, é um dia de cada vez me agarrando ao que me faz sentir mais forte, ao mesmo tempo em que tento me permitir a sentir o que preciso, por que não é fácil.

As últimas 48 horas vivendo neste apartamento, onde ficavamos juntos dia e noite, é quase uma tortura. Seu lado da cama, seu lado do sofá, sua xícara de café, nossas idas quase diárias ao supermercado, a caminhada, também quase diária, na praia. 

A presença dele era tão forte que chega a me fazer sentir raiva e, então, culpa, por permitir que um relacionamento começasse tão intenso quanto este foi. Tenho certeza que teríamos chance se começassemos de uma forma diferente. Agora é tarde.

Sigo trilhando meu caminho sozinho de novo, com muitas lágrimas nos olhos e aspirando ter, sim, o que eu mereço, independente se é o que quero agora ou não, apenas desejando que sejam coisas boas.

Carpe Diem

domingo, 19 de janeiro de 2025

Literalmente um amor de verão

Acabou. Após 183 dias... de novo eu tenho que enfrentar o fim de uma relação. Mais uma relação que tinha como promessa durar a vida, deixou de existir. O que começou 19 de junho, há dois dias do verão espanhol, em uma praia banhada pelo Mediterrâneo, acabou, também, em um dia 19, no ápice do verão brasileiro, com um voo de adeus no aeroporto de uma cidade litorânea banhada pelo Atlântico. 

É como é.

Só eu, ele e Deus sabemos como foram esses últimos sete dias, já que a difícil decisão de chegar ao fim ocorreu após uma conversa há exata uma semana. Montanha russa de sentimentos. Ondas e ondas de tristeza, caos, raiva, alívio, esperança, pessimismo, tudo junto e as vezes... nada. Que situação.

Foi tudo muito bonito e, ao mesmo tempo, estranho demais. Eu fico me perguntando como eu deixei isso acontecer, de novo, em tão pouco tempo. Eu sou burro, ou o que? Não arrependo, mas também não entendo como agi de formas tão estranhas. Quase não me reconheço quando olho pra trás.

Só espero que, dessa vez, eu tenha aprendido de vez que eu preciso do que eu preciso, e leva tempo até conhecer uma pessoa antes de fazer compromissos tão sérios. Além disso, não posso acreditar que há algo errado comigo, mas seguirei tentando ser o melhor que posso, dia após dia.

Dito isto, preciso aceitar que estou cansado de me machucar, de me doar demais, de fazer demais. Eu preciso me acalmar, ter mais paciência e fazer as coisas por mim. Ignorar qualquer tentativa de apróximação de qualquer pessoa que venha prometendo demais e esperar que prove com ações, não só com palavras.

Me sinto tão ferido. Apesar disso, quando olho pro futuro, me vejo bem de novo, e é isso que importa: eu vou ficar bem.