segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Natural de

Nunca tive um lugar onde eu poderia dizer: Sou de lá. Nunca pensei que isso seria um problema, e é até engraçado, por que, quando perguntam "de onde você é?", fico confuso, nunca sei exatamente como responder. Eu sei, eu sei, que o certo seria responder o nome da cidade onde eu nasci, mas eu não sinto isso, não sinto essa naturalidade.

Saí cedo da minha cidade natal, morei por muitos anos em um cidade próxima, mudei pela segunda vez pra um lugar longe, mudei pela terceira vez para outra cidade que eu já conhecia, e até gostava, e sempre no mesmo estado. E, pela quarta vez, quando saí do estado de Mato Grosso, foi a mudança sem meus pais, para viver a tal vida de "adulto", no Goiás. Por isso, não sinto que sei responder a pergunta de onde sou. Do Mato Grosso, pode ser, mas se fosse pra escolher, seria do mundo, naturalmente. 

E um lar, pior ainda, por que em cada uma das cidades que morei mudei para, pelo menos, três casas. Tem sempre a que eu mais gostei, e tal, mas nunca tive ou terei um lugar para onde eu possa voltar, uma casa onde possa ver um quarto que foi meu, objetos velhos que causam nostalgia, pais para me acolher, um lar, uma proteção. Sempre em frente, é a minha única escolha.

Mas, apesar de tudo isso, que é um pouco triste, pelo menos eu acho um pouco melancólico, aprendi muito. Eu sei que aprendi muito sobre a vida, também encontrei pessoas incríveis, e elas esbarram em mim a todo momento. Aprendi que a vida não é, nem de perto, estática, que sempre é preciso tentar coisas novas, aprendi a me virar sozinho (eu me viro até bem) e, ainda, que você descobre o valor de se perder em se perder.

"É incrível se perder, aliás"

Eu desenvolvi minha confiança, minha habilidade de ouvir e falar com as pessoas, saber que eu preciso delas, conhecer caminhos, e eu gosto disso. Eu acho que se isso me escolheu, pode ser que seja destino, e tem um lado não tão bom da inconstância, mas não tem nada como partir, atravessar, percorrer. 

Assim, onde quer que eu esteja, desenvolverei laços afetivos, cativarei novas pessoas e elas também irão me cativar. Conhecerei o que pra mim é uma das coisas mais incríveis que alguém pode conhecer: novas culturas, novos paladares, novos animais, plantas, novas formas, tudo de novo e o que for possível, que possa ser tocado, comido, cheirado e sentido.

E, no fim, na hora de voltar, se é que eu posso me dar ao luxo de dizer isso, terei diversos lugares para onde ir e pessoas para encontrar.

Carpe Diem

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