terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Adaptação

Como é possível que a adaptação seja algo tão difícil de se escapar? É, parece que ela não é previsível, afinal. Fico me imaginando como se dariam outras pessoas no meus lugar: amigos, familiares ou conhecidos. Penso que alguns tornariam o que tenho em mãos em uma vida de sucesso e fartura e, que outros, morreriam de fome, definhando no fracasso. Acontece que ninguém está ou estará no meu lugar, por mais que haja empatia.

Neste momento a minha vida se resume eu trabalhar para pagar o essencial da vida capitalista. 60% cravado com contas relacionadas ao meu estilo de vida (despesas de moradia, transporte, saúde e comunicação), uns 30% totalmente revertidos em comida e o resto que ultrapassa os 10% (sim eu gasto mais do que ganho) em lazer. Não sobra para guardar, não sobra para viajar, não sobra para investir e não sobra ostentar. Mas acredite se quiser, eu sou feliz.

Como todos, eu tenho prioridades, então não estou reclamando. Mas o fato que me intriga é como eu sou afetado pela condição social da adaptação de um forma tão estranha, uma vez que com que, de forma alguma, eu duvide que exista algo divino por trás. Destes três anos e meio tendo que pagar todas as minhas contas eu estivem um par de meses desempregado ou ganhando pouquíssimo e eu sequer passei um dia de necessidade.

Tive muito medo muitos desses dias e sinto que me tornei uma pessoa mais fraca devido a pressão da vida adulta. Eu era muito mais corajoso quando adolescente, mas percebi que é fácil ser corajoso quando você acha que não tem muito a perder. A crise dos 25 mexeu profundamente comigo e a forma como me adaptei a tudo nestes últimos anos me fez descobrir mais sobre mim, coisas boas e ruins.

A adaptação é algo extremamente assustador, eu sinto as vezes que as coisas se organizam por si só a meu favor a medida que vou me adaptando com as situações. E as coisas que acontecem contra mim são coisas vindas de situações terceiras, quando se trata de sobreviver. Porém, em ambas circunstâncias as consequências dos meus atos prevalecem, mas eu não posso prever o que vem. Só que depois que vêm, eu sei se vou me arrepender ou agradecer, e isso não importa muito.

Quer dizer, agradecer importa muito, eu me sinto bem agradecendo e não me sinto culpado me arrependendo, muitos não agradecem, muitos não se arrependem, ou mentem. Eu me arrependo de muita coisa, tanta coisa podia ter sido diferente, mas será que seriam? O que continuaria acontecendo? e o que mudaria? Eu nunca vou saber. Agora, eu só tento agir de forma que eu não me arrependa futuramente, mas algumas coisas não consigo controlar.

Será que são esses acontecimentos, esses impulsos que não controlamos que definem o nosso destino? Será que ele é realmente uma ponte que construímos, ou a ponte já está construída? Perguntas demais. Hoje é domingo, tenha dó. Eu sei de uma coisa, eu descobri uma coisa: eu quero viver, viver o máximo que eu puder, e não chore ao ler este texto se eu já tiver ido embora sem ter vivido muito, o meu desejo é diferente da realidade em que vivo, assim como meu sonho em encontrar a pessoa amada que me ama tão igual de volta.

É por isso que eu aproveito cada dia melhor forma que posso, e aproveitar, pra mim, são coisas simples como subir num pé de amora e comer quantas eu puder, ou cozinhar para alguém especial, ou fazer alguém rir, ou ir ao cinema me arrepiar e chorar, abraçar, abraçar e abraçar e tantas outras coisas das quais eu gosto tanto e me tornam uma pessoa feliz e realizada. Escrever neste blog também é uma delas, espero que ele fique aqui por muito tempo depois que eu me for, isso é uma coisa que eu penso. Tem muito de mim aqui.

Mas chega de falar disso. Eu quero viver. Não só sobreviver. Eu quero muito ainda. E já que a adaptação faz parte disso: enjoy.

Carpe diem

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